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Governo Médici – História e detalhes

Nascido no dia 4 de dezembro de 1905, em Bagé, cidade do Rio Grande do Sul, Emílio Garrastazu Médici foi o presidente do Brasil no período de 30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974. Além de político também era militar, e chegou a ter a patente de general. Tinha um pai descendente de fazendeiros, um homem muito rico por sinal, e uma mãe uruguaia de origem basca. Seu falecimento se deu na capital do estado do Rio de Janeiro em 9 de outubro de 1985.

Governo Médici - História e detalhes

Emílio Garrastazu Médici | Imagem: Reprodução

A posse ao governo

Quando chegou o final do ano de 1969, o estado de saúde do atual presidente Costa e Silva se encontrava em uma situação crítica, o que fez com que os membros do regime militar decidissem optar por uma nova escolha para continuar no comando da presidência e vice-presidência do Brasil. O nome mais cotado a ser escolhido para o cargo era o general Albuquerque Lima, uma figura proeminente entre os jovens oficiais do exército, mas, os grupos que tinham uma ligação maior à “linha dura” optaram por aprovar o nome de Emílio Médici.

Assim que Costa e Silva se afastou do governo, todos os generais indicaram o nome de Médici, que como primeira atitude exigiu que sua posse deveria ser feita com a reabertura do Congresso Nacional. Tendo seu pedido atendido, no dia 25 de outubro de 1969, ocorreu uma sessão conjunta do Congresso Nacional, no qual ele foi eleito presidente com 293 votos a favor e 75 abstenções.

Prometendo que a democracia seria restabelecida em seu mandato, ele assumiu o gabinete da presidência no dia 30 de outubro de 1969, porém, deixou de lado a teoria e agiu de forma inversa ao prometido, vindo a ter o governo mais repressor da fase ditatorial da história do Brasil.

Características do Governo Médici

Entre as maiores características do seu governo, que não se pode deixar de ser citada, estão as ações de repressão e tortura, que já haviam sido instaladas desde um ano antes de sua posse, mas que, porém, contou com seu apoio para dar aval aos conhecidos “porões da ditadura”, que promoviam tanto a tortura quanto o assassinato no interior das delegacias e presídios, espalhados por todos os cantos do Brasil. O estado desde então passava a apoiar essa prática, que agora se tornava um dos maiores terrores da ditadura. Os militares tinham a liberdade de levar qualquer suspeito para esses locais, e lá, utilizarem os métodos que achassem mais adequados para conseguirem obter a verdade, porém, é bom lembrar que muitas pessoas inocentes chegaram a ser torturadas nestes locais, e devido a forte agressão, tanto física quanto psicológica, chegavam a assumir atos que nunca haviam participado, simplesmente para que se parasse com as agressões.

A guerrilha, uma forma de lutar contra o regime com o uso de violência, teve no assassinato de Carlos Lamarca e Carlos Marighella um forte abalo, uma das poucas atividades de oposição clandestina que conseguiram resistir foi A Guerrilha do Araguaia, findada em 1975.

Os órgãos de imprensa eram vítimas de intensa fiscalização, pois a repressão impedia que ocorresse qualquer tipo de denúncia as arbitrariedades causadas pelo governo, simultaneamente a estes fatos,  Médici usava os meios de comunicação em massa para fazer uma boa propaganda de seu governo (a festa da conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira de futebol, em 1970, foi associada ao governo militar e utilizada para desviar a atenção do povo) passando uma visão positiva para toda a população. A campanha publicitária da época dava destaque o ufanismo, usando no discurso expressões como “Brasil, Ame ou deixe-o”.

No campo de vista econômico, o país foi marcado pelo chamado Milagre Econômico, que proporcionou um crescimento econômico que chegou a taxa dos 10% ao ano, porém no âmbito social quase não houve nenhuma distribuição de renda, o que fazia com que o crescimento da economia se concentrasse nas  mãos de uma pequena parcela da população, os ricos ficaram ainda mais ricos e os pobres ainda mais pobres, o que aumentaria ainda mais a miséria no Brasil.

No setor de infraestrutura, seu governo foi responsável por um dos mais importantes passos para a geração de energia elétrica no país, através de um acordo com o Paraguai para a construção da Hidrelétrica de Itaipu.

O final de seu governo já demonstrava uma fraqueza no crescimento econômico, entre os fatores responsáveis para este declínio estavam a crise do petróleo no mercado internacional,  o alto índice de juros na economia mundial e o agravamento das desigualdades socioeconômicas.

Mesmo com esses sinais de fraqueza economicamente falando, Médici ainda aproveitou de todo o prestígio que possuía como presidente para indicar Ernesto Geisel como seu sucessor. Vencendo as eleições, Geisel viria a ser uma figura importante para o processo de desarticulação da ditadura militar, que se daria de forma lenta, gradual e segura.

*Revisado por Allex Albuquerque, graduado em história.