Guerrilha e terrorismo

O conceito de guerrilha advém do espanhol guerrilla, que em tese significa uma pequena guerra. Enquanto terrorismo é uma forma pela qual grupos com pensamento específico buscam impor sua visão de mundo a partir de violências. Tanto as guerrilhas, como o terrorismo, surgem a partir de um descontentamento frente à realidade social. 

O que são guerrilhas?

As guerrilhas são consideradas como pequenas guerras não convencionais, onde aqueles que se envolvem com a causa são denominados de guerrilheiros. A organização das guerrilhas tem como base a ocultação e a mobilidade extrema dos combatentes destes grupos organizados.

As guerrilhas possuem estratégias bem definidas de ação, especialmente com a divisão do grande grupo em grupos menores, o que agiliza as ações e não desestabiliza tão facilmente o grupo como um todo. Os atos guerrilheiros têm como base a fragilização e submissão dos adversários, e são praticados geralmente por grupos de indivíduos revolucionários, que visam modificar uma situação social vigente. 

O que é terrorismo?

Guerrilha e terrorismo

Foto: depositphotos

O terrorismo surge a partir de uma inquietação, ou um descontentamento diante da condição social do momento. Diferentemente de outras formas de protesto, o terrorismo age por meio de violências, sejam elas físicas ou morais. Existem relatos de atitudes terroristas ao longo de toda história da humanidade, desde a antiguidade até os dias atuais.

Os atos terroristas podem ser ocasionados a partir de grupos com pensamento similar, ou mesmo partirem de um indivíduo isoladamente, que por alguma razão sente-se injustiçado e busca por meio da violência legitimar sua visão de mundo. As causas para o terrorismo são as mais diversas, desde políticas e sociais, contra regimes ou potências colonialistas ou imperialistas, e mesmo contra os elementos culturais de uma sociedade, especialmente quando se trata de conceitos e práticas religiosas.

Grupos paralelos ao Estado no mundo

Talibã

Ao longo da história, vários grupos com poderes paralelos aos do Estado têm surgido, sendo que a violência é uma prática comum entre estes. Um dos grupos mais famosos é o Talibã, o qual é um grupo político que atua no Paquistão e no Afeganistão, no continente asiático.

Essa organização é composta por indivíduos da região, em sua ampla maioria pertencentes às tribos originárias da fronteira entre os dois países, e que se uniram após a invasão soviética na região na década de 1990. A luta dos talibãs é pela retomada da ocupação e do poder na região, com a retirada das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e especialmente dos Estados Unidos.

Al-Qaeda

Um dos grupos mais referenciados quando o assunto é terrorismo é a Al-Qaeda, a qual foi criado por Osama bin Laden ainda no final de década de 1980. A organização ficou conhecida após os atentados terroristas nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, quando 2996 pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas a partir de uma série de ataques suicidas por parte de islâmico ligados à Al-Qaeda.

Quatro aviões foram enviados pelo grupo na missão de destruir elementos significativos do espaço estadunidenses, embora na viagem um dos aviões tenha caído na Pensilvânia. Dois aviões atingiram o World Trade Center, na Ilha de Manhattan, local que era o centro financeiro da cidade. Outro avião atingiu o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA. Os eventos naquele contexto causaram comoção no mundo todo. O líder dos atentados, Osama bin Laden, foi morto em 2011.

FARC

Outro grupo de expressividade em relação ao poder paralelo no mundo são as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), as quais foram criadas ainda no de 1955. As FARC são o grupo guerrilheiro mais antigo e mais famoso da América Latina, sendo mais atuantes na Colômbia, dominando parte do território colombiano desde os anos de 1990.

As disputas entre liberais e conservadores da Colômbia foram os elementos motivadores do surgimento e intensificação das FARC, os conservadores no país são representados por grupos paramilitares da extrema direita, enquanto os integrantes das FARC, pelo menos em tese, se autoproclamam defensores do comunismo.

Para o governo colombiano, as FARC são consideradas como grupo terrorista, uma vez que se utilizam do narcotráfico para financiamento de suas ações, influenciando atos de violência. É relevante frisar ainda que na Colômbia não existe apenas esse grupo que comanda, mas outros grupos intercalados ou isolados que promovem uma ação paralela ao governo oficial.

Guerrilha no Brasil

O movimento da Guerrilha do Araguaia foi um conjunto de ações promovidas por um grupo denominado guerrilheiro no contexto da Ditadura Militar no Brasil. Este grupo era formado por estudantes universitários, bem como operários, profissionais liberais e ainda por camponeses. O movimento teve origem e intensidade na região do Araguaia, entre os estados de Tocantins e Pará, de onde origina-se seu nome.

As motivações para o movimento advinham da inquietação diante do regime ditatorial que dominava o território brasileiro naquele contexto, sendo que os guerrilheiros tinham como intenção a destituição dos militares a partir de uma revolução de cunho socialista, bem como a implantação do socialismo como regime dominante no país.

Os guerrilheiros entendiam que para seu objetivo político ser atingido deveria ocorrer uma revolução no campo, sendo os homens do campo, juntamente com os demais trabalhadores, os responsáveis pelas transformações necessárias no Brasil naquele contexto. Para conseguir dinheiro, os guerrilheiros atuavam nos centros urbanos, cometendo assaltos em bancos e carros-fortes, sendo que o dinheiro obtido era utilizado para quitar os custos necessários à manutenção do grupo.

A falta de conhecimento dos brasileiros e os medos diante de uma investida socialista fizeram com que as ações do grupo não atingissem seus objetivos. Na luta direta contra os guerrilheiros estavam as forças formais do governo na figura do Destacamento de Operações e Informações e o Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). 

Terrorismo hoje no mundo

Os ataques terroristas no contexto atual possuem um viés diferente daquele de sua origem, quando estavam mais relacionados a questões políticas. Os ataques que têm sido registrados em anos mais recentes têm como base uma não aceitação dos elementos culturais do outro, ou seja, são ações que recriminam os aspectos culturais, principalmente religiosos, dos demais grupos humanos.

Na base destas violências estão grupos como o Estado Islâmico, que recruta e treina muçulmanos extremistas para ações suicidas em nome da religião, nas quais geralmente há o registro de mortes coletivas. As ações costumam ser em ambientes frequentados por jovens, como boates, bares, estádios e shows.

As atitudes do Estado Islâmico são extremamente violentas, com registro de decapitações transmitidas pela internet, ocasiões em que pessoas são queimadas vivas, abusos contra mulheres, recrutamento de crianças para serem suicidas e ataques das mais variadas formas. Os requintes de crueldade do grupo são, para eles, uma forma de intimidar e mostrar o poder que possuem.

 

Referências

» VAINFAS, Ronaldo. História: o mundo por um fio – do século XX ao XXI. São Paulo: Saraiva, 2010.

» VESENTINI, José William. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2011.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).