História da vacina

Produzidas a partir de agentes patogênicos – como bactérias ou vírus, e até mesmo toxinas enfraquecidas – as vacinas são substâncias que, ao serem introduzidas no organismo, estimulam uma reação do sistema imunológico desencadeando anticorpos que tornam o organismo imune ou ao menos mais resiste, ao agente e às doenças que ele provoca. Assim, existem hoje vacinas capazes de prevenirem doenças diversas, como febre amarela, hepatite, sarampo, gripe e muitas outras. Porém, como o processo de vacinação se iniciou?

A primeira vacina

No século XVIII a varíola era uma doença que matava muitas pessoas, uma verdadeira praga, impedindo muitas crianças que eram acometidas por ela de chegarem à fase adulta da vida. Edward Jenner observou que as vacas possuíam nas tetas feridas semelhantes às que a varíola provocava em humanos, sendo uma versão mais leve da doença, que ele chamou de varíola bovina.

As moças que eram responsáveis por ordenhar as vacas, não raro se infectavam pela varíola bovina, mas de forma mais leve, e se tornavam imunes ao vírus humano. Assim, Jenner recolheu um líquido que saía das feridas das vacas, provocou arranhões no braço de um garoto, filho de seu jardineiro, e aplicou nesses arranhões o líquido. O menino teve algumas lesões leves e um pouco de febre, mas se recuperou rapidamente.

História da vacina

Foto: Reprodução

Então o cientista decidiu e ir mais além, e recolheu o líquido da ferida de um humano infectado com a varíola, para novamente expor o garoto ao material. Algumas semanas depois, o menino teve contato com o vírus da doença, e passou por ela imune. Foi então descoberto o processo de imunização – o termo vacina seria adotado posteriormente, derivado de vacca no latim.

Edward Jenner prosseguiu com o procedimento, retirando o pus dos acometidos pela doença e transferindo para indivíduos sãos, como forma de prevenção. De fato, mesmo após anos Jenner inoculou o garoto de seu primeiro experimento e outras pessoas, onde ambos continuaram imunes.

A disseminação da vacina

Com a descoberta feita por Jenner, um número assombroso de pessoas deixou de morrer pela varíola, e o sucesso foi imediato. Como toda novidade, muitos tinham receio de serem infectados pelo vírus e de fato adoecerem, mas boa parte da população decidiu aderir às campanhas de vacinação.

Até mesmo Napoleão Bonaparte, num período de guerra, obrigou todos os seus soldados a serem vacinados, o que gerou alguns conflitos.

Revolta da Vacina

Um episódio mais recente é a chamada “Revolta da Vacina”, que ocorreu no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro em 1904. O presidente da época, Rodrigues Alves, em junção com o médico Oswaldo Cruz e com o prefeito Pereira Passos, decidiu executar uma grande empreitada sanitária, com a finalidade de higienizar e modernizar a região. O projeto consistia em levantar uma verdadeira guerra a ratos, mosquitos e outros animais tidos como maléficos, retirar pessoas das ruas e obrigar toda a população a ser vacinada contra a varíola, criando a Lei da Vacina Obrigatória em 31 de outubro de 1904. A população reagiu com protestos, pedradas e incêndios, além de muitas outras formas de expressar sua revolta, fazendo o governo rever a obrigatoriedade da vacina.

Fato é que, atualmente, a varíola é considerada uma doença erradicada e, com o processo de vacinação, muitas outras doenças são atualmente prevenidas.