Então o cientista decidiu e ir mais além, e recolheu o líquido da ferida de um humano infectado com a varíola, para novamente expor o garoto ao material. Algumas semanas depois, o menino teve contato com o vírus da doença, e passou por ela imune. Foi então descoberto o processo de imunização – o termo vacina seria adotado posteriormente, derivado de vacca no latim.
Edward Jenner prosseguiu com o procedimento, retirando o pus dos acometidos pela doença e transferindo para indivíduos sãos, como forma de prevenção. De fato, mesmo após anos Jenner inoculou o garoto de seu primeiro experimento e outras pessoas, onde ambos continuaram imunes.
Com a descoberta feita por Jenner, um número assombroso de pessoas deixou de morrer pela varíola, e o sucesso foi imediato. Como toda novidade, muitos tinham receio de serem infectados pelo vírus e de fato adoecerem, mas boa parte da população decidiu aderir às campanhas de vacinação.
Até mesmo Napoleão Bonaparte, num período de guerra, obrigou todos os seus soldados a serem vacinados, o que gerou alguns conflitos.
Um episódio mais recente é a chamada “Revolta da Vacina”, que ocorreu no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro em 1904. O presidente da época, Rodrigues Alves, em junção com o médico Oswaldo Cruz e com o prefeito Pereira Passos, decidiu executar uma grande empreitada sanitária, com a finalidade de higienizar e modernizar a região. O projeto consistia em levantar uma verdadeira guerra a ratos, mosquitos e outros animais tidos como maléficos, retirar pessoas das ruas e obrigar toda a população a ser vacinada contra a varíola, criando a Lei da Vacina Obrigatória em 31 de outubro de 1904. A população reagiu com protestos, pedradas e incêndios, além de muitas outras formas de expressar sua revolta, fazendo o governo rever a obrigatoriedade da vacina.
Fato é que, atualmente, a varíola é considerada uma doença erradicada e, com o processo de vacinação, muitas outras doenças são atualmente prevenidas.