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Cristianismo: o que é, história, origem e símbolos

O cristianismo continua sendo o movimento com o maior número de fiéis em todo o mundo até os dias de hoje. A história do cristianismo perpassa todo Oriente Médio, entra nas Américas através dos descobrimentos, e se firma como crença oficial de países como o Brasil até o século retrasado.

O cristianismo carrega uma história de grandes batalhas contra o Império Romano no Oriente, e posteriormente, com As Cruzadas, em nome da propagação da Igreja Católica. Tempos depois, uma das maiores vertentes do cristianismo é formada pelos protestantes, também chamados de evangélicos.

A história do cristianismo ainda está em curso, e uma das maiores demonstrações da sua força é a divisão dos séculos em a.C., que significa antes de Cristo, e d.C., que significa depois de Cristo. Vamos conhecer a origem do cristianismo, o símbolo do cristianismo, o que ele é e como surgiu.

A origem do cristianismo

Igreja cristã em campo aberto

O cristianismo tinha como objetivo igualdade de direitos entre ricos e pobres (Foto: Freepik)

Antes de se aprofundar na história do cristianismo, é importante entender o significado dessa palavra.

No começo, lá na sua origem, o cristianismo não era fundamentalmente uma religião, e sim um grupo de pessoas que acreditavam na Torá, livro sagrado Judeu, que profetizava a história da vinda de um messias que morreria para salvar os pecados dos homens, e indicar o caminho de liberdade, e que acreditavam que esse messias já teria vindo na figura de Jesus Cristo.

Por sua vez, Cristo não é um sobrenome, nem um nome que Jesus teria adotado. Cristo é a tradução livre da palavra messias em hebraico, que tem como significado “o ungido”. Portanto, cristão significa “povo ungido”, ou em outras traduções, “parecidos com Cristo”.

Com Jesus, um grupo de pessoas teria começado a se rebelar contra o sistema do Império Romano, que dominava a região do Oriente Médio, entendida como Judeia. Por isso em muitas passagens nos livros do evangelho, Jesus encara o poder retirando o comércio dos templos, e encarando o imperador.

Durante a vida de Jesus, o Império Romano subjugava os mais pobres, e colocava o poder monopolizado, ou seja, exclusivo nas mãos da aristocracia e dos sacerdotes judeus.

Antes mesmo de ter um fim religioso, o cristianismo tinha um objetivo social, o da igualdade de direitos entre ricos e pobres. As passagens em que Jesus divide e multiplica pães, peixes e vinho são um exemplo disso.

Embora a maior parte dos fiéis acreditem que o cristianismo tenha surgido com a existência e liderança de Jesus Cristo, a verdade é que ele começou como movimento, e depois como religião, muito tempo depois de sua morte, intensificando o acirramento político entre as elites e os pobres.

O cristianismo tem o seu fundamento criado e expandido com a escrita da Bíblia, que como se sabe, foi redigida por várias mãos, com vários profetas que guiavam o povo contra o Império Romano, ensinando o que Jesus pregava.

Segundo os historiadores, não existe uma fonte oficial que comprove ou não a existência de Jesus Cristo. Alguns afirmam até que as histórias atribuídas a esse messias teriam origem em várias pessoas, em outros séculos, sendo deslocadas e juntadas em uma só pessoa.

Uma das crenças do cristianismo é a de que Jesus Cristo teria nascido na cidade de Belém, sob o comando do imperador Otávio. Esse, por sua vez, teria ouvido dos fariseus (povo judaico que viviam para os estudos da Torá), que o messias estava nascendo, e como forma de deter este que tiraria o seu poder, mandou assassinar todos os recém nascidos da Judeia.

Não existem menções a esse período em fontes não religiosas, a fonte oficial da história do cristianismo é a própria Igreja Católica, que compilou e elegeu os livros que existem no evangelho e a partir de então, começam a longa propagação do cristianismo.

Segundo a Igreja, a primeira fase da história do cristianismo se chama Cristianismo Primitivo e dura de 33, até 325 d.C. Nesse primeiro momento, ele é caracterizado como uma seita judaica que estava presente, sobretudo, na Judeia.

A história do cristianismo primitivo é cercada por simbologias que nos demonstram a intensa insatisfação com o tipo de governo que o mundo tinha, com a extrema desigualdade, pobreza e rigidez na mobilidade de classe social. Esse é um dos motivos pelos quais o cristianismo se expandiu para o mundo todo com o profeta Paulo, que dá origem à Igreja Católica.

Jesus Cristo teria sido rejeitado pelos romanos, e também pelos grandes sacerdotes judeus, que tinham muito poder e riqueza e que não aceitavam a origem humilde do grande messias. Sua morte data do seu aniversário de 33 anos, segundo os evangelhos, e o começo da caminhada do profeta Paulo é logo em seguida.

Quando e como surgiu o cristianismo?

Bíblia e mãos juntas ao lado

Era condenado a morte qualquer um que se negasse a adorar o imperador. (Foto: Freepik)

A origem do cristianismo é com a vida e ativismo de Jesus Cristo, porém, o movimento religioso é expandido pelo profeta Paulo, que entende que a mensagem de Jesus Cristo deve ser ecoada por todo o mundo e começa a organizar e prospectar novos fiéis.

Existem subdivisões do cristianismo, uma delas se chama Cristianismo Ortodoxo, que tem como base as ideias do apóstolo Paulo durante a expansão do movimento. A propagação dessas ideias também é chamada de paulinismo, uma referência aos ensinamentos e escritos do apóstolo.

Durante todo período do Cristianismo Primitivo, até depois de Paulo, o cristianismo vivia sob a ilegalidade, e os cristãos eram massacrados com perseguição, prisão e condenação pelo Império Romano e pelos sacerdotes judeus.

O Império Romano obrigava aos seus súditos o culto divino ao imperador, ou seja, todas as honrarias que eram dadas aos deuses deveriam ser dadas ao imperador, incluindo a devoção e adoração dos fiéis.

Na história do cristianismo pós morte de Jesus, tem como justificativa para o maior número de condenações de seus membros, a falta de adoração desses para com o imperador, pois adoravam apenas Deus. Isso significava também um ato de rebeldia social, onde os cristãos, cansados da precariedade da vida, negavam a se curvar ao domínio romano.

Uma das formas mais conhecidas de condenação aos cristãos era jogá-los para as feras. Em estádios como o Coliseu, era comum que os divertimentos fossem gladiadores que lutavam até a morte, e condenados que lutavam por suas vidas tentando escapar de leões.

A formação da igreja apostólica

Coroa papal na igreja

O cristianismo se tornou uma força que não podia mais ser ignorada (Foto: Freepik)

O processo de aceitação do cristianismo é longo e se dá quando, mesmo violentamente perseguidos, o número de adeptos aumenta, inclusive nas classes mais abastadas.

Um grande símbolo do cristianismo é a sua crença de que após a morte, os fiéis que seguiram a Jesus Cristo entrarão no Paraíso. Essa foi a bandeira que os adeptos ergueram para que o Império Romano começasse a enxergá-los sem ser uma ameaça social e sim como um grupo religioso forte e coerente.

Com o avanço e o crescimento do cristianismo, ele se tornou uma força que não só não poderia mais ser ignorada, como também perdia a possibilidade de ser perseguida, fazendo com que os poderosos romanos se convertessem à nova religião.

Um dos motivos que levaram a conversão do Império foi a desmistificação de que os cristãos seriam pessoas agressivas. O imperador percebeu que os que seguiam a doutrina de Cristo acreditavam no poder hierarquizado e que seria muito mais fácil controlá-los se tivessem sob seu domínio e não contra eles.

Nesse momento a Igreja Católica [9] começa a se formar, institucionalizando-se de forma organizada como base do novo Império Romano. Os sacerdotes são nomeados como clero, e seus postos são colocados como bispos, presbíteros, entre outros. Nesse momento, essa é a única organização cristã.

A partir do ano 300, a Igreja se potencializa e começa a fazer parte do poder imperial. Os romanos dividem seu território em províncias eclesiásticas, e os divide entre os mais importantes clérigos. As principais províncias nesse período, com maior força oriunda do cristianismo são Constantinopla, Roma, Alexandria e Antioquia.

A província de Roma toma a frente das outras, pela sua magnitude e por seu bispado forte que controla o poder imperial, alegando ser o herdeiro direto do apóstolo Pedro, designado por Jesus a criar a sua igreja, segundo o evangelho. Roma se torna sede do cristianismo, sendo ele completamente legalizado e institucionalizado.

O imperador Constantino vai ter uma importância fundamental na história do cristianismo. Em 313, Constantino mandar publicar a ordem de tolerância religiosa, pedida pelo clero em ascensão, chamada Édito de Milão.

Em troca dessa ordem, que beneficiou a fundação da Igreja Católica, o imperador tinha o apoio na mudança de governo, em que ele extinguiu a tetrarquia, uma forma de governo em que o poder era dividido entre quatro governantes, pela monarquia, em que somente Constantino era o imperador.

Um dos feitos mais famosos de Constantino, intimamente ligado com a origem oficial do cristianismo, foi a promulgação do primeiro Concílio de Niceia [10], em 325, o primeiro de vários que vão estabelecer parâmetros e regras para a igreja.

A história do cristianismo ainda tem como impasse a morte de Constantino e a subida ao trono do imperador Juliano, em 361, que tentou reerguer o paganismo, antiga religião romana, e tornar o cristianismo ilegal novamente. Mas a sua morte precoce, três anos depois de subir ao trono, o impede disso.

O grande imperador Todósio vai oficializar a Igreja Católica como a única religião que deve existir em todo o Império Romano entre os anos de 379 e 396.

Com a morte de Teodósio, seus filhos Arcádio e Honório começam a governar separadamente o império.

Arcádio torna-se imperador do Império Romano do Oriente, que vai ter a Igreja Bizantina como foco, e a sua capital será nomeada Constantinopla [11], em homenagem a Constantino. E Honório torna-se imperador do Império Romano do Ocidente, tendo Roma como sua capital.

O cristianismo na idade média

Pregação na idade média

As batalhas mais sangrentas desse período foram As Cruzadas (Foto: Freepik)

A Igreja Católica foi, por muitos séculos, a principal referência do cristianismo. Sendo refutada muito tempo depois pelos protestantes, comandados por Martin Lutero.

Na Idade Média [12] a igreja já está estabelecida como um dos principais poderes do império. A estrutura social da época pode ser entendida como um triângulo, onde o topo é constituído pela nobreza, em seguida vem o clero e por último os aldeões e plebeus.

O fim do cristianismo primitivo acontece na idade média, depois de um longo processo de expansão pela Europa, em que as zonas rurais estavam em crescimento e as urbanas sofriam com a precariedade.

O Oriente continha o maior número de Cristãos, mas o Ocidente estava começando a sua expansão marítima, e a igreja era parte fundamental na negociação com os povos descritos como “bárbaros”.

Nesse momento começam a aparecer as companhias jesuíticas, que apoiavam a colonização de outros povos. O cristianismo no Oriente mantém uma base ortodoxa e não se expande como o europeu.

Na história do cristianismo são muitos os momentos em que a igreja vai dar o tom da ajuda social. Na Itália, durante o governo do imperador Justiniano I, a população vai sofrer com a fome, a peste e com as guerras contra os povos bárbaros [13]. O clero vai ajudar o imperador, alimentando a multidão de famintos em suas missas.

Como retorno, Gregório I vai nomear o primeiro prefeito cristão do mundo, o papa Gregório I. O cristianismo se torna a única religião oficial e qualquer outra é tida como herética e contra a lei.

A fim de controlar a população, na idade média vão se intensificar a tortura de mulheres por meio da Santa Inquisição [14] (um grupo de pessoas que averiguavam a heresia e condenavam à fogueira quem era considerado pagão ou bruxa).

Entre a Idade Média e a Idade Moderna, o cristianismo vai ter outra interpretação promovida por um grupo chamado de protestantes, que dão origem aos evangélicos. Liderados por Martin Lutero, esse grupo acreditava que a Igreja Católica mantinha um mecanismo de exploração que comercializava as indulgências (cobrava das pessoas dinheiro em troca do perdão de seus pecados).

A religião protestante foi crescendo com a justificativa de ser um cristianismo puro e simples, em que qualquer um teria livre acesso a Deus, sem precisar pagar por um intermédio. Do ponto de vista social e econômico, os protestantes estavam ligados à nova burguesia que queria liberdade econômica e uma monarquia aberta.

As batalhas mais sangrentas desse período foram As Cruzadas [15], em que cavaleiros, em nome de Deus e da igreja Católica, lutavam contra os hereges, pessoas que não professavam a fé católica.

O cristianismo no Brasil

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nele já haviam outros povos originários da América, também conhecidos como índios, e esses possuíam diversas crenças.

Uma das táticas de colonização do Brasil se mistura com a história do cristianismo. Foram enviados jesuítas, padres que são responsáveis pela negociação do império com os povos descobertos, para que catequizassem e formassem mão de obra para o Império Português.

Essa é a origem do cristianismo no Brasil. Com essas companhias, milhares de indígenas foram catequizados, e as religiões e culturas por eles praticadas foram exterminadas.

A religião católica era a oficial, e a conversão desses povos foi parte importante para a dominação dos mesmos. Uma das principais imagens que temos pintada sobre a colonização do Brasil [16] se chama Primeira Missa, e retrata a primeira reunião religiosa que aconteceu na Bahia, com vários indígenas em volta do bispo.

Por muitos séculos, o catolicismo foi a religião oficial, sendo retirada após a implementação do artigo 5 escrito por Ruy Barbosa em 1890, que afirma que o Brasil é um Estado Laico.

Qual é o símbolo do cristianismo?

Cruz e Bíblia, símbolos do cristianismo

O símbolo do cristianismo mais importante é a Bíblia sagrada (Foto: Freepik)

O cristianismo possui muitos símbolos de religiões diferentes, mas o principal entre todos é a cruz, que lembra a crucificação de Jesus Cristo.

Esse símbolo atravessou os séculos e, durante As Cruzadas, era a principal forma de identificar quem era cristão e quem era herege.

Para o catolicismo, o papa tem uma simbologia importante, rememorando os antigos apóstolos de Jesus. Os santos relembram pessoas que foram importantes para a expansão do cristianismo, e hoje têm um lugar no paraíso.

O símbolo do cristianismo mais importante, em qualquer religião, no entanto, são os textos do evangelho compilados na Bíblia.

Resumo do conteúdo

Nesse texto você aprendeu que:
  • No começo, o cristianismo era um grupo de pessoas que acreditavam na Torá, livro sagrado Judeu
  • Cristo é a tradução livre da palavra messias em hebraico, que tem como significado “o ungido”
  • A fonte oficial da história do cristianismo é a própria Igreja Católica
  • A origem do cristianismo é com a vida e ativismo de Jesus Cristo, porém, o movimento religioso é expandido pelo profeta Paulo
  • Durante todo período do Cristianismo Primitivo, até depois de Paulo, o cristianismo vivia sob a ilegalidade
  • O processo de aceitação do cristianismo se dá quando o número de adeptos aumenta
  • A partir do ano 300, a Igreja se potencializa, começa a fazer parte do poder imperial e passa a cobrar por indulgências
  • Entre a Idade Média e a Idade Moderna, o cristianismo vai ter outra interpretação promovida por um grupo chamado de protestantes, que dão origem aos evangélicos
  • A religião protestante cresceu com a justificativa de que qualquer um poderia ter acesso a Deus
  • O cristianismo no Brasil começou com padres portugueses enviados para catequizarem os índios
  • O símbolo do cristianismo mais importante é a Bíblia.

Exercícios resolvidos

1- Quando e como surgiu o cristianismo?
R: O cristianismo começou como movimento, e depois como religião, muito tempo depois da morte de Cristo, intensificando o acirramento político entre as elites e os pobres.
2- O que quer dizer a palavra cristão?
R: Em tradução livre, Cristão significa “povo ungido”, ou em outras traduções, “parecidos com Cristo”.
3- O que prega o cristianismo?
R: A maior crença pregada pelo cristianismo é a de que após a morte de qualquer pessoa, se ela seguir a Jesus Cristo, entrará no Paraíso.
4- Por que surgiram os protestantes?
R: Um dos motivos do surgimento deles é que perceberam a Igreja Católica cobrando das pessoas dinheiro em troca do perdão de seus pecados, e viram que isso estava errado.
5- Quais são os símbolos do cristianismo?
R: Os principais símbolos do cristianismo são: a cruz e as escrituras da bíblia.
Referências

» CORBIN, Alain (org.). História do Cristianismo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

» GIBBON, Edward. Declínio e queda do Império Romano. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

» PRANDI, R. Religião paga, conversão e serviço. São Paulo: Novos Estudos, 1996.