Do mesmo modo, a divisão em Alta Idade Média compreendida entre os séculos V e X, e Baixa Idade Média, situada entre os séculos XI e XV, não é consenso entre historiadores, mas segue sendo utilizada por convenção e para fins didáticos.
Índice
O termo Idade Média foi criado por humanistas italianos entre os séculos XV e XVIII que presumiram viver em uma época nova, que nada tinha a ver com a sua antecessora. O período recebeu este nome por indicar a “idade do meio”, o tempo intermediário entre a Antiguidade e o Renascimento [6].
A conotação negativa que associa a Idade Média a uma Idade das Trevas também foi definida por pensadores da Idade Moderna, que pressupunham ter sido uma época de ascensão do sobrenatural, do misticismo e domínio da Igreja em oposição à racionalidade.
Os acontecimentos desses dez longos séculos parecem ter sido ilustrados com figuras mitológicas [7], fantasias, castelos, invasões bárbaras e perseguição religiosa. Ou seja, de acordo com esses pensadores, houve retrocessos científicos, culturais, artísticos, políticos e econômicos em relação à Antiguidade.
Historiadores e intelectuais do século XIX contestaram a imagem negativa do período, enfatizando o surgimento das primeiras universidades, renascimento comercial e urbano, a ascensão da arte gótica [8], a difusão do conhecimento por meio de monges copistas, a construção de meios para as navegações, entre muitos outros acontecimentos.
Neste período, evidenciam-se os seguintes processos históricos: Reinos Bárbaros (destaque para os Germanos, Anglo-Saxões e Francos) , Expansão do Mundo Árabe, Mundo Bizantino [9] e Feudalismo.
Neste período, destacam-se como principais processos históricos: Renascimento comercial e urbano, surgimento das primeiras universidades, Cruzadas, Inquisição, Peste Negra, Guerra dos Cem Anos, Crise do sistema feudal e Tomada de Constantinopla [10].
A passagem do mundo antigo para o mundo medieval é marcada pela fragmentação do poder político, bem como pelo feudalismo, servidão e cristianização na esfera social e cultural.
A crise do escravismo do Império Romano estabeleceu transformações gradativas na sociedade, que traçam as principais características da Alta Idade Média: ruralização, que originou o feudalismo medieval [11], a rigidez social e a fragmentação do poder político, que intensificam as relações de dependência sociais, exercidas posteriormente pelas relações feudo-vassálicas.
Por fim, a cristianização e a consequente exacerbação religiosa que determinam toda a história da Idade Média. A Alta Idade Média se sintetiza nesta relação romano-bárbaro-cristianismo por quase toda sua extensão.
Com a ascensão do feudalismo, surgiu uma forma de trabalho distinta durante a Idade Média, que alterou completamente a forma de organização social e cultural: a servidão. A sociedade feudal foi a resposta à uma necessidade de manter a estabilidade após uma forte fragmentação de reinos, no qual se concediam benefícios em forma de feudos.
O resultado foram inúmeros reinos, com seus suseranos, como forma de pacto de fidelidade, para se manter uma força guerreira estável no período. Os vassalos se apresentavam como camponeses que mantinham uma condição servil, trabalhando nas terras do feudo. Obviamente, esta não foi a única forma de trabalho da Idade Média, mas sim a que se distinguia à escravidão antiga.
Inúmeras transformações na Europa [12] durante toda a Baixa Idade Média contribuíram para que o sistema feudal entrasse em crise. O crescimento demográfico, o surgimento de cidades, o florescimento de comércio e rotas comerciais, inclusive a circulação de moedas, que foi impulsionado pelas Cruzadas [13], entre outros fatores, tornaram o modelo de feudos insuficiente para as demandas populacionais.
Nesse texto você aprendeu que:
01 – (FEI SP/2000) Sobre os conceitos de escravidão e de servidão, podemos afirmar:
I) São sinônimos e significam a submissão total de um indivíduo a outro.
II) A escravidão implica na transformação da pessoa em bem, o que significa que ela pode ser vendida, comprada, alugada etc. Isso já não ocorre com o servo.
III) A servidão existiu em toda a Europa durante o período medieval e, na Europa Oriental e na Rússia, sobreviveu até meados do século XIX.
02 – (ESPM/2014) O próprio Deus quis que entre os homens alguns fossem senhores e outros servos, de modo que os senhores veneram e amam a Deus, e que os servos amam e veneram o seu senhor, seguindo a palavra do apóstolo; servos, obedecei vossos senhores temporais com temor e apreensão; senhores, tratai vossos servos de acordo com a justiça e a equidade. (Marvin Perry. Civilização Ocidental: Uma História Concisa)
A partir da leitura do texto é possível assinalar que a respeito da ordem social feudal, o clero:
03 – (FUVEST SP/2001) A economia da Europa ocidental, durante o longo intervalo entre a crise do escravismo, no século III, e a cristalização do feudalismo, no século IX, foi marcada pela:
04 – (UEPA/2001) “A desagregação do Império no Ocidente e o caos trazido pelas invasões permitiram à Igreja não só definir com maior clareza a sua doutrina, como especialmente ampliar e fortalecer as instituições já criadas”. ESPINOSA, Fernanda. Antologia de Textos Históricos Medievais. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1972. De acordo com o trecho acima, os fatores que contribuíram para o fortalecimento da Igreja foram o caos trazido pelas invasões e a desagregação do Império do Ocidente, isto porque:
05 – (UNESP SP/2015) Observemos apenas que o sistema dos feudos, a feudalidade, não é, como se tem dito frequentemente, um fermento de destruição do poder. A feudalidade surge, ao contrário, para responder aos poderes vacantes. Forma a unidade de base de uma profunda reorganização dos sistemas de autoridade […]. (Jacques Le Goff. Em busca da Idade Média, 2008.)
Segundo o texto, o sistema de feudos:
Gabarito: 1C, 2D, 3A, 4D, 5E.
BLOCH, Marc. Introdução a História. Tradução de Maria Manuel Miguel e Rui Grácio. 2a. ed. Lisboa: Europa-América, 1974.
LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Tradução José Rivair de Macedo. Bauru: Edusc, 2005.
LE GOFF, Jacques. Reflexões sobre a história. Lisboa: 70, 1986.
GOFF, Jacques le. Os intelectuais na Idade Média. Tradução Marcos de Castro. 2ª Edição. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2006.
LE GOFF, Jaques et all. A história nova. Trad. São Paulo; Martins Fontes, 1993.
OLIVEIRA, Terezinha. Considerações sobre o caráter histórico da Escolástica. In: Luzes sobre a Idade Média. Org. Terezinha Oliveira. Maringá: Eduem, 2002.
HUIZINGA, Johan. O outono da Idade Média: estudo sobre as formas de vida e de pensamento dos séculos XIV e XV na França e nos Países Baixos. Tradução de Francis Petra Janssen. São Paulo: CosacNaify 2010.