A Arábia é uma ilha, o deserto ao norte justifica seu isolamento da Mesopotâmia e das nações costeiras do Mediterrâneo oriental. Início do século VII a população arábica passava por uma divisão territorial:
Arábia Desértica: Habitada por povos nômades, os beduínos (tribos do deserto):
Arábia Feliz: Habitada por povos sedentários (clãs fixos numa região):
A comunidade nômade e o clã (conjunto de famílias com ancestrais comuns) exerciam as funções do Estado, não havia um governo centralizado, mas havia um politeísmo fanático. Por volta do século VI, o desenho da sociedade sofreu mutações, formou-se uma aristocracia (classe privilegiada da sociedade) proprietária de rebanhos, circulante dos meios sociais em destaque, sem limites de gastos, denominada aristocracia urbana.
A crença dos povos árabes era de forma “politeísta”. Alá era o principal Deus, embora adorassem inúmeros símbolos representativos da força divinizada. O centro espiritual dessa religião pertencia a um santuário na cidade de Meca, em forma cúbica, lá estava, a Caaba, dentre os signos sagrados, encontrava-se também a Pedra Negra (presente celestial). Os responsáveis pela segurança e integridade do templo e seus visitantes era a tribo coraixita.
Em meio a uma Arábia fragmentada politicamente, ao mesmo tempo contemplativa de vários ícones religiosos, surgia uma figura única, um árabe de Meca, Maomé, membro de um clã da tribo coraixita.
Por volta de 570 nascia o futuro profeta, fundador da nova crença, Muhammad (louvado) traduzido para o português – Maomé. Sua infância é tida no deserto, aos cuidados de uma ama, viveu como um pobre, quando jovem assumiu a posição de pastor de carneiros. Iniciou sua pregação com duras críticas à aristocracia, conviveu com judeus e cristãos, bases de influências religiosas, tornou-se popular por:
Em 622, a população resistiu à uma religião monoteísta, gerando conflitos na cidade, levando o profeta a sofrer uma tentativa de assassinato, provocando sua fuga e de seus adeptos para Yathrib. Em novo território estabeleceu-se, sendo homenageado como governador da cidade Medina (cidade do profeta) com apoio dos beduínos e rejeitados pelos judeus da cidade desencadeou uma guerra contra os inimigos executando mais de 600 judeus. Meca transformou-se no centro religioso da crença monoteísta.
Em 632, Maomé morreu deixando como legado a unificação política e religiosa da cidade. A religião de Maomé contribuiu e ampliou o desenvolvimento histórico do seu povo para o mundo, abrindo a comunicação entre o monoteísmo islâmico e a necessidade de expansão árabe das fronteiras da Índia até a Península Ibérica em 100 anos, finalizando-a no século VIII.
Na sequência, seus seguidores, nomearam o califa (sucessor) Abu Bekr como sucessor, com sua morte, dois novos califas foram escolhidos. Sem pausas, a Síria, a Palestina, a Ásia Menor, a Mesopotâmia, a Pérsia e o Egito foram dominados pelos muçulmanos. No século VIII, o império desintegrou-se em califados independentes em decorrência das diferenças políticos-religiosas.
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Até o século XII, os sarraceno lideraram as produções científicas, os muçulmanos destacaram-se:
Astronomia; tradução da obra de Ptolomeu (Almagesto); fundação dos observatórios em Damasco, Córdova, Cairo; criação de um calendário modelo; afinidade de inúmeras estrelas, dentre as principais (Aldebarã e Aljenibe).
Invenção da álgebra e da trigonometria; propagação do sistema numérico “arábico” (original dos hindus).
Reconhecimento da química em seus vários processos de destilação, filtração e sublimação.
Avanço em descobertas como o contágio advindo do solo e da água, doenças como varíola e sarampo.
Sob interferência persa, a confecção da mais famosa obra As mil e uma noites.
Arabescos, recursos decorativos artisticamente distribuídos.
Combinações de estilos persas e bizantinos, produziram palácios, mesquitas, bibliotecas, arcos em ferraduras, janelas rendilhadas, mosaicos.
Tapeçaria, sedas, louças, desenhos de plantas e animais.
Por fim, influenciaram também na criação da língua portuguesa, acrescido o advento da conquista da Península Ibérica (séculos VIII ao XV). A Europa também participou dos benefícios do mundo árabe, cultivando plantas, aprendendo técnicas agrícolas e de irrigação, também os instrumentos como a bússola, o astrolábio, o conhecimento sobre o papel, a pólvora.
Assim, na península arábica, a diversidade é a característica principal dos grupos que a povoam. A língua árabe, difundida pelo mundo, arabizou inúmeras nações, gerando mais arabizados do que árabes natos, povos que passaram a se identificar pela língua, religião e hábitos sociais. Bem como os povos, o léxico sofreu transformações e apresenta hoje variações acentuadas de acordo com o país e o grau para baixo ou para cima de aceitação da coletividade e culturas preexistentes.
(…) Após o desaparecimento da URSS, o islamismo militante foi frequentemente apresentado como uma nova ameaça estratégica contra o Ocidente, no sentido de que as redes transnacionais tentavam radicalizar as massas muçulmanas, pregando uma revolução islamita universal para reconstituir a grande comunidade muçulmana. Essa ameaça seria tanto mais séria, porquanto existiria uma “quinta coluna” assimilada aos imigrantes muçulmanos e implantada na maioria dos países ocidentais. O regente seria ou um país (Irã, Sudão) ou uma internacional oculta (assim dominava o tema de um Komintern islamita). (…)
»Mota, Myriam Becho. História: das cavernas ao Terceiro Milênio. Vol.único – 1.ed. –
São Paulo: Moderna, 1997.