A letra do hino nacional é de autoria de Joaquim Osório Duque-Estrada (Foto: depositphotos)
Foi durante esse período que o músico e compositor fundou, com a ajuda real, o Conservatório do Rio de Janeiro e participou da fundação da Ópera Nacional do Brasil. Após anos prestados de serviços para a família real, Francisco Manuel da Silva deu a sua maior contribuição para a nossa pátria: a melodia do atual Hino Nacional Brasileiro.
Mas a composição não nasceu como hino nacional. Era uma melodia somente para celebrar a renúncia de D. Pedro I em 1822, deixando o trono do Brasil com o príncipe regente, que ficou no comando até 7 de abril de 1831, quando Dom Pedro II abdicou do trono.
Essa música foi oficialmente apresentada no Rio de Janeiro. A partir das apresentações oficiais, o hino mudou de nome e passou a ser chamado de ‘A queda do tirano’ e ‘O dia de júbilo para os amantes da liberdade’. Teve uma época também que a melodia recebeu o nome de ‘Hino ao Sete de Abril’.
A página oficial do Senado confirma a origem da composição: “a melodia vem do Império. A marcha do Hino Nacional que o Brasil ouve hoje é a mesma que dom Pedro II ouvia nas cerimônias oficiais. Ela foi concebida por volta de 1830, pelo maestro Francisco Manoel da Silva”.
Essa melodia foi orquestrada durante anos a fio como um símbolo do império e uma marca dos eventos oficiais do Brasil. A letra, conforme conhecemos só foi adicionada muitos anos mais tarde. Francisco Manuel da Silva compositor da melodia do Hino Nacional morreu no Rio de Janeiro em 18 de dezembro de 1865.
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Autor da letra do hino nacional do Brasil
Joaquim Osório Duque-Estrada nasceu no interior do Rio de Janeiro em uma cidade chamada Vassourinhas, em 29 de abril de 1870. O homem que escreveu a letra do hino nacional brasileiro era professor, crítico e poeta. Ficou conhecido na história brasileira por ter deixado de herança a letra do hino, mas também foi autor de outras obras literárias menos famosas, como Alvéolos, de 1886. Durante sua carreira, ele ocupou uma das cadeiras da Academia Brasileira de Letras.
A letra como conhecemos hoje foi escrita por Joaquim Osório Duque-Estrada em 1909, que era uma espécie de poema que exaltava a pátria e não o império. Porém, antes dela ser adotada oficialmente, em 1922, houve outras versões de letras.
Há relatos também que a melodia nunca mudou, porém a letra nas suas primeiras versões escritas por outras pessoas, enalteciam demais Dom Pedro e os feitos do império.
Por isso, quando a coroa portuguesa saiu do Brasil, em 1889, o governo nacional resolveu abandonar a herança da monarquia e promover um concurso para um novo hino nacional, uma vez que as versões anteriores exaltavam muito mais a coroa portuguesa do que o país em si.
A iniciativa do concurso para o Hino Nacional não foi bem aceita, mesmo diante de várias tentativas de encontrar novos hinos, por meio de seleções abertas a intelectuais e musicistas. Isso porque alguns já tomavam conhecimento da letra escrita por Joaquim Osório Duque-Estrada e achavam que ela representava bem o espírito patriota.
Diante disso, de nada adiantou o concurso, pois prevaleceram a letra e melodia de Joaquim Osório Duque-Estrada e Francisco Manuel da Silva. Foi em 6 de setembro 1922, que o presidente Epitácio Pessoa por meio do decreto nº 15.671 estabeleceu o hino nacional do Brasil, composto pela dupla.
Versões do Hino Nacional Brasileiro
Agora, você verá algumas versões catalogadas do Hino Nacional Brasileiro. Note como as primeiras versões, muitas vezes de autor nem conhecido, exaltavam o império.
O hino nacional é um dos grandes símbolos da nação brasileira (Foto: depositphotos)
Versão 1
Essa versão é registrada como de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva tendo sido executada no cais do Largo do Paço em 13 de abril de 1831.
“Os bronzes da tirania
Já no Brasil não rouquejam;
Os monstros que o escravizavam
Já entre nós não vicejam.
Da Pátria o grito
Eis que se desata
Desde o Amazonas
Até o Prata
Ferrões e grilhões e forcas
D’antemão se preparavam;
Mil planos de proscrição
As mãos dos monstros gizavam”
Versão 2
Essa versão não se tem a autoria, mas sabe-se que foi composta realmente em homenagem a D.Pedro II e chamou-se de Hino ao Sete de Abril, quando abdicou Dom Pedro I.
Negar de Pedro as virtudes
Seu talento escurecer
É negar como é sublime
Da bela aurora, o romper
Da Pátria o grito
Eis que se desata
Desde o Amazonas
Até o Prata
Versão 3
Em 1889, como já mencionado, após a saída do império, houve a realização de um concurso público para escolha do Hino Nacional. Foi escolhida a letra escrita por marechal Deodoro da Fonseca.
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Embora não tenha sido aceita pela população, ela é mais uma das versões do Hino Nacional do Brasil, vindo anos mais tarde a ser adotada como o Hino da Proclamação da República do Brasil. Conheça:
“Seja um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!
[refrão]Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País…
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, avante, da Pátria no altar!
[refrão]Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Hás de ver-nos lutar e vencer!
[refrão]Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!”
Versão 4
Essa versão é a introdução oficial do Hino Nacional que atualmente não se canta. São apenas 3 estrofes que são desconhecidas do grande público, mas que também fizeram parte da versão oficial desse símbolo nacional.
“Espera o Brasil que todos cumprais com o vosso dever
Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante
Gravai com Buril nos pátrios anais o vosso poder
Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante
Servi o Brasil sem esmorecer, com ânimo audaz
Cumpri o dever na guerra e na paz
À sombra da lei, à brisa gentil
O lábaro erguei do belo Brasil,
Eia! sus, oh, sus!”
Hino Nacional Brasileiro
Letra: Joaquim Osório Duque-Estrada
Melodia: Francisco Manuel da Silva
I
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instanteSe o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandeceGigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandezaTerra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!
II
Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo
Fulguras, ó Brasil, florão da América
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra, mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida no teu seio mais amores
Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
E diga o verde-louro dessa flâmula
Paz no futuro e glória no passado
Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte
Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!
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