Existem várias teorias que abordam a miscigenação brasileira, e uma das mais conhecidas é a do antropólogo Darcy Ribeiro, o qual analisa que a matriz formativa do povo brasileiro é a formada pelos indígenas, os africanos e os europeus.
No contexto da chegada dos europeus no território brasileiro, cujas terras já eram ocupadas por agrupamentos indígenas, houveram os primeiros relacionamentos entre os colonizadores europeus e as índias que habitavam as terras do Brasil. Então, formaram a primeira categoria abordada pelo autor, os chamados “Caboclos”, também chamados de “Mamelucos”.
Com a vinda dos negros africanos, novas misturas da população foram sendo possíveis, gerando uma segunda categoria no povo brasileiro. Os filhos dos negros africanos com brancos (bem como o inverso) gerou o que foi chamado de “Mulatos”.
Já a relação entre os negros africanos e os índios, gerou um sujeito que Darcy chama de “Cafuzos”. A partir dessas três categorias, outras tantas foram surgindo, com o entrecruzamento entre as etnias, dando origem ao povo miscigenado que é próprio do Brasil hoje.
Com o passar do tempo, vieram outros imigrantes, vindos das mais variadas regiões da Terra: italianos, alemães [2], espanhóis, japoneses, libaneses, chineses etc. Assim, há no Brasil um povo mestiço, não podendo se falar em um povo idêntico em características no Brasil.
Darcy Ribeiro fala ainda dos “Brasis”, dando-se ênfase para a diversidade da população no país, sendo que o autor assim denomina estes “Brasis”:
Estas são, segundo Darcy Ribeiro, as marcas do povo brasileiro, construídas historicamente sobre um território bastante diversificado. Assim, possui uma matriz étnica heterogênea, formando a população miscigenada que é característica do Brasil, enquanto um país de dimensões continentais e ampla variedade de feições.
O último censo brasileiro realizado no ano de 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o Brasil contava na época com uma população de 190.732.694 pessoas.
Já pesquisas mais recentes mostram que no ano de 2017 o Brasil já havia ultrapassado a marca dos 207,7 milhões de habitantes, contando com uma taxa de crescimento populacional [4] de 0,77% entre os anos de 2016 e 2017.
Deste montante populacional, na ocasião do censo, 47,51% dos entrevistados se declararam como brancos, enquanto 7,52% da população se autodeclarou como preta, 1,10% como amarela, 43,42% como parda, e ainda 0,43% dos entrevistados declaram-se como indígenas e 0,02% não se declararam.
Isso mostra que mais da metade de população brasileira não se autodeclara como pessoa branca, mostrando que há uma diversificação bastante grande em relação a composição populacional do país.
Para se ter uma ideia da complexidade de uma definição do povo brasileiro, o censo de 2010 investigou pela primeira vez as etnias e línguas indígenas existentes no Brasil.
Nesse estudo, foi comprovado que existem 247 línguas faladas por 350 etnias. Isso acaba demonstrando que ainda há um desconhecimento muito grande sobre a realidade da composição populacional brasileira.
Além das tantas etnias indígenas, somam-se a isso todos os demais povos que vieram ao país nos variados contextos históricos. Desde português e espanhóis, africanos, asiáticos, povos de outras partes da Europa, como Itália e Alemanha, dentre muitos outros.
Essa mescla de populações que é o povo brasileiro, não é diversificada em etnias, mas também em elementos culturais. Esses elementos, por sua vez, são ainda mais intensificados pelas marcas dos regionalismos brasileiros.
Além disso, há também um sincretismo religioso muito expressivo no Brasil, embora a predominância ainda seja de cristão (86,8%), dos quais 64,6% são católicos e 22,2% são evangélicos.
São expressivas também vertentes religiosas como Espiritismo, Judaísmo, Candomblé, Umbanda [5], Islamismo e Budismo, religiões de matriz indígena (xamanistas e ritualistas), bem como outras em menor proporção.
RIBEIRO, Darcy. “O povo brasileiro“. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.