Considerando que em determinado momento, um desses homens moradores da caverna fosse retirado de suas correntes e obrigado a explorar todo o interior da caverna, ele descobriria a fogueira por ali posta e concluiria que os verdadeiros seres eram as estátuas e não as sombras até então visualizadas. Logo entenderia que passou todo aquele tempo julgando coisas que não existiam e acreditando em ilusões.
Considerando ainda que após isso o mesmo homem fosse levado à força para fora da caverna, ele imediatamente teria sua visão ofuscada e imediatamente depois do abalo se depararia com uma realidade completamente diferente da qual estava acostumado. Passaria então a contemplar o extraordinário mundo lá fora e mais uma vez faria uma nova conclusão: aqueles seres externos à caverna eram muito mais dotados de atributos que os anteriores observados.
Essa experiência significaria para o homem a contemplação da verdadeira realidade, de como todos os seres realmente eram e também o faria entender que o Sol é a fonte de luz que o permite de ver o que é real e que também é a responsável por toda existência na Terra. Assim, fascinado com essa grande descoberta, o homem sentirá pena de seus companheiros e logo planejará compartilhar de seu conhecimento com eles.
Contudo, não poderia fazê-lo, pois, os prisioneiros por não vislumbrarem uma realidade que não aquela a qual presenciavam de dentro da caverna debochariam do amigo recém-voltado, acusando-o de louco e provavelmente o ameaçando caso não parasse de dizer coisas por eles acreditadas insanas.
A alegoria retrata os prisioneiros (que somos nós) com tradições, hábitos e crenças diferentes e por isso com uma noção deturpada das coisas, provocada pelo uso apenas do que lhes é transmitido. A caverna é o mundo ao redor, físico e sensível, onde nele imagens prevalecem sobre conceitos, de forma a induzir a formação de juízos equivocados. O ofuscamento está relacionado à dificuldade de assimilar novas descobertas e a necessidade de estar aberto ao conhecimento.
O mundo do lado de fora é o real e inteligível, que é dotado de formas e com uma identidade inalterável. O planejamento da volta é a obrigação que o homem sente de levar o esclarecimento obtido para os semelhantes que ainda vivem na ignorância, aspirando um mundo melhor com mais sabedoria. A reação dos prisioneiros por fim reflete que na maioria das vezes o sábio não é ouvido pelos ignorantes.