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Modernismo – Geração de 1930

O Modernismo Brasileiro foi um movimento de amplo espectro cultural, caracterizando-se como uma fase de ruptura que destruiu antigas estéticas no mundo da arte, convergindo elementos das denominadas vanguardas europeias.

Além de romper com os códigos literários do primeiro vintênio, a literatura da época também representou uma crítica global ao modo de pensar das velhas gerações, prezando uma aproximação com a realidade.

O marco do movimento foi a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro Municipal da cidade de São Paulo. Na ocasião, um grupo de artistas se reuniu para discutir e apresentar os novos ideais estéticos.

A literatura no Brasil passou a ser voltada para as raízes nacionais, e a ideologia da época estava direcionada para a análise crítica da relação entre o homem e a sociedade.

Também chamada de neorrealista, a fase do modernismo retomou parcialmente as ideias do naturalismo, mas considerando o homem como um ser de conflitos interiores e traços emocionais. Na primeira geração, a de 1922, a literatura desvinculou-se do passado colonizador e inseriu uma linguagem de inovações formais e estéticas.

Contexto histórico da Segunda Geração Modernista (1930 – 1945)

A Segunda Geração Modernista, também chamada de Geração de 1930, consolidou-se em um período de tensões ideológicas e de guerras.

Rachel de Queiroz sorrindo

Rachel de Queiroz é um dos grandes nomes da Segunda Geração Modernista (Foto: Instituto Moreira Salles)

Considera-se que os fatos históricos de maior importância naquela época eram os seguintes: a quebra da bolsa de Nova York, em 1929, culminando no episódio conhecido por “A Grande Depressão”; a ditadura salazarista em Portugal, que teve início em 1932 e estendeu-se até 1968; e o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, e fim do conflito, no ano de 1945.

No Brasil, a Revolução de 1930 levou Getúlio Vargas [6] ao poder, instaurando-se o Estado Novo no país – período de ditadura de Getúlio Vargas, entre os anos 1937 e 1945. Nesta época, grandes transformações aconteceram na política brasileira.

Em 1934, foi promulgada a nova Constituição Brasileira; em 1936, vários membros do Partido Comunista foram presos, incluindo os escritores Graciliano Ramos e Jorge Amado; e, em 1941, o Brasil entra na guerra, apoiando os Estados Unidos.

Já em 1945, Getúlio Vargas foi deposto pelas Forças Armadas, finalizando o período do Estado Novo com a eleição de Eurico Gaspar Dutra para a presidência da República.

Vertentes da prosa modernista

O pessimismo estava presente em toda a sociedade, o que gerou uma inquietação que se refletiu nas expressões literárias. Na Geração de 1930, a literatura passou a se voltar mais à realidade social brasileira, e sua prosa [7] dividiu-se em três vertentes.

A prosa regionalista inspirou-se no regionalismo nordestino, mostrando problemas sociais decorrentes da crise. Além da atividade açucareira e das correntes migratórias, enfatizando o descaso dos políticos.

Os representantes românticos desta fase cultuavam a prosa urbana, que mostrava os conflitos sociais e a relação entre o homem e o meio, e o homem e a sociedade.

Já a prosa intimista representava uma inovação do período. Baseada em teorias freudianas, esta prosa mostrava mais os conflitos íntimos dos personagens, além de seu mundo interior.

Características do Modernismo

A característica unificadora do movimento modernista brasileiro era o desejo de liberdade de criação e expressão, aliados aos ideais nacionalistas.

Como citado anteriormente, a Geração de 1930 buscava refletir a realidade social e econômica brasileira, revelando uma fase muito rica na produção de poesia e prosa, refletindo os momentos históricos conturbados vividos no país e no mundo.

Os romances eram carregados de denúncias e mostravam as relações do “eu” com o restante do mundo. O regionalismo também teve grande importância nesta fase, destacando a seca, a migração, os problemas do trabalhador rural e a miséria.

Dentre as temáticas trabalhadas, entraram também os romances urbanos e psicológicos. Se comparado à era naturalista [8], o modernismo, em sua segunda fase, afastou-se do apego ao cientificismo.

Poesia, prosa e romances da Segunda Geração Modernista

Tanto a prosa quanto a poesia foram ricamente produzidas durante a segunda fase modernista, embora a primeira seja predominante. Familiarizada com a nova maneira de expressão , a poesia se apresenta de forma mais amadurecida e politizada, comprometida com as mudanças sociais ocorridas no país.

A poesia pós Semana de Arte Moderna [9] de 22 mantém o verso livre e a poesia sintética, apresentando influências de Mário e Oswald de Andrade.  Destacam-se os versos de Murilo Mendes, Cecília Meireles [10], Jorge de Lima e Vinicius de Moraes.

A prosa reflete o mesmo momento histórico. Portanto, apresenta um caráter mais maduro e construtivo, com uma linguagem que adota uma postura mais documental. Isso poque, ela expõe a realidade brasileira e busca focalizar o aspecto social.

Já os romances urbanos preocupavam-se em expor a vida nas grandes cidades, revelando as desigualdades sociais.

Os escritores da Geração de 30 também focalizam a realidade regional do país, abordando temas como a seca e os flagelos dela decorrentes. Há, ainda, a prosa intimista, elaborada a partir da teoria psicanalítica freudiana, que conta com representantes como Dionélio Machado, Lúcio Cardoso e Graciliano Ramos.

Principais autores e obras da época

Na Segunda Fase do Modernismo destacam-se os seguintes escritores e suas respectivas obras:

Referências

Centro Interinstitucional de Linguística Computacional. “Modernismo“. Disponível em: nilc.icmc.usp.br/nilc/literatura/modernismo1.htm. Acesso em 24 de junho de 2018.

BOSI, Alfredo. “História Concisa da Literatura Brasileira“. Cultrix, ed. 50, 2015.