Narrador onisciente

Narrar é contar um fato, seja real ou imaginário, por meio de escrita ou oralmente, ocorrido com determinadas personagens, em local e tempo definidos. A história é contada pelo narrador, que pode ser em primeira ou terceira pessoa.

O narrador em primeira pessoa se divide em narrador personagem, narrador protagonista e narrador como testemunha; o narrador em terceira pessoa se divide em narrador onisciente e narrador observador. Neste artigo, saiba mais sobre o narrador onisciente.

O narrador onisciente

O narrador onisciente é assim denominado porque conhece todos os aspectos do enredo e de seus personagens, podendo descrever seus sentimentos e pensamentos, assim como descrever acontecimentos ocorridos em dois locais ao mesmo tempo. Conta a história em 3ª pessoa, mas às vezes permite algumas intromissões narrando em 1ª pessoa, revelando suas vozes interiores, seu fluxo de consciência, com o uso do discurso indireto livre, tornando o enredo plenamente conhecido.

Narrador onisciente

Imagem: Reprodução/ internet

Tipos de narrador onisciente

  • Narrador onisciente intruso – Este tipo de narrador é livre para contar o que está acontecendo da maneira que deseja, agindo, às vezes, como se fosse Deus, modificando e assumindo várias vias de transmissão de dados. O narrador conhece todos os pontos do enredo, faz comentários, critica e se esquiva do leitor. Este narrador insere observações acerca da existência, hábitos, caráter e todos os pontos que estejam ligados à narrativa. Um exemplo de narrador onisciente intruso pode encontrado no livro “Quincas Borba”, de Machado de Assis.
  • Narrador onisciente neutro – O narrador onisciente neutro conta os fatos em 3ª pessoa, prezando pela descrição dos personagens e sem apresentar as suas observações sobre os pontos do enredo. Por apresentar a visão dominante dos eventos, trata-se de um relato imparcial. O livro “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, ilustra este tipo de narrador.
  • Narrador onisciente múltiplo – Este tipo de narrador utiliza-se de meios mais diversificados, movendo entre pontos de vista contíguos ou afastados, que estão submetidos ao número de dados que ele pretende contar. Na obra “Vidas Secas”, do escritor Graciliano Ramos, podemos encontrar um exemplo deste tipo de narrador. Está vinculado ao narrador onisciente seletivo, que narra os fatos preocupando-se em relatar opiniões, pensamentos e impressões de uma ou mais personagens, influenciando o leitor a tomar uma posição com relação a elas. O narrador relata detalhadamente o que se passa, descrevendo as particularidades do universo da história. Esta categoria é bastante utilizada pelas autoras, com destaque para Clarice Lispector e Virgínia Woolf.

 

*Débora Silva é graduada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas)

Sobre o autor

Formada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas) pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), com certificado DELE (Diploma de Español como Lengua Extranjera), outorgado pelo Instituto Cervantes. Produz conteúdo web, abrangendo diversos temas, e realiza trabalhos de tradução e versão em Português-Espanhol.