Narrador-protagonista

Narrar é contar um ou mais fatos, sejam eles reais ou imaginários, por meio de escrita ou oralmente, que ocorreram com determinados personagens, em local e tempo definidos. As histórias que lemos ou ouvimos são contadas das mais variadas formas e por meio de diferentes elementos, estratégias e plataformas, mas a figura do narrador está sempre presente.

O narrador pode contar uma história que ocorreu com outras pessoas ou consigo mesmo. O narrador em primeira pessoa se divide em narrador-personagem, narrador-protagonista e narrador como testemunha; o narrador em terceira pessoa engloba o narrador onisciente e narrador observador.

Neste artigo, saiba mais sobre o narrador-protagonista.

Narrador-protagonista

Imagem: Reprodução/ internet

Características do narrador-protagonista

O narrador-protagonista é a figura principal da história, e todos os acontecimentos giram em torno de si mesmo. Ele não tem o poder de acessar os pensamentos que se passam na mente das outras personagens e a narrativa é a mais impregnada de subjetividade, pois o que ele conta está relacionado ao seu campo emocional e a sua impressão dos fatos.

Em uma narrativa com este tipo de narrador, o leitor é instigado a compartilhar dos sentimentos de satisfação ou insatisfação vividos pelo personagem, e isto dificulta a obtenção de uma visão mais geral da história. Com a visão privilegiada com a qual retrata tudo que lhe diz respeito, o narrador-protagonista aproxima ou afasta o leitor do enredo.

Narrador é o núcleo dos fatos

Nesta modalidade de narrador, há o relato do que acontece exatamente do ponto central da narrativa, já que ele mesmo é o núcleo principal dos fatos. O narrador-protagonista se utiliza tanto da cena quanto do sumário, que é o que determina o quanto a trama e o leitor chegam mais próximos um do outro ou se distanciam.

Um bom exemplo está em Riobaldo, o narrador da obra “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa. Como protagonista da história, nele não existe qualquer sinal de saber onisciente, ele não conhece as condições psíquicas das outras personagens, o seu relato é a partir de uma posição precisa e restristo ao que ele próprio percebe e sente.

Em “Grande Sertão: Veredas”, Riobaldo e Diadorim são as figuras essenciais da história, mas o enigma que envolve Diadorim só pode ser acessível ao leitor porque é narrado por Riobaldo.

Em muitos casos, este tipo de narrador desenvolve a sua história por meio de correspondências, vídeos, trocas de mensagens virtuais e outros meios de comunicação. O narrador-protagonista também deve possuir a habilidade de engajar o leitor desde o início da história, mostrando-se um ser carismático.

*Débora Silva é graduada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas)

Sobre o autor

Formada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas) pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), com certificado DELE (Diploma de Español como Lengua Extranjera), outorgado pelo Instituto Cervantes. Produz conteúdo web, abrangendo diversos temas, e realiza trabalhos de tradução e versão em Português-Espanhol.