Narrador-testemunha

Cada história que lemos, ouvimos ou escrevemos pode ser contada das mais variadas formas e por meio de diferentes elementos, estratégias e plataformas, sendo que a figura do narrador está sempre presente. O narrador conta um ou mais fatos, sejam eles reais ou imaginários, de forma escrita ou oral, que ocorreram com ele mesmo ou com outras pessoas, em local e tempo definidos.

O narrador pode ser em primeira ou terceira pessoa: o narrador em primeira pessoa engloba o narrador-personagem, narrador-protagonista e narrador-testemunha; já o narrador em terceira pessoa se divide em narrador onisciente e narrador-observador.

Neste artigo, saiba mais sobre o narrador-testemunha.

Características do narrador-testemunha

O narrador-testemunha é um dos personagens que vive a história que está sendo contada, mas não é o personagem principal. Este tipo de narrador observa do interior da história o que nela acontece, contando a história em primeira pessoa, vivenciando os fatos que relata a partir do ângulo de uma personagem secundária. A partir de sua posição, ele consegue passar ao leitor uma visão clara dos eventos que se desenrolar na história que conta.

Este narrador é considerado como testemunha porque ele dá o testemunho daquilo que vê, dos fatos que considera verídico ou daqueles que deseja transmitir como se fosse algo verdadeiro. O narrador-testemunha registra os acontecimentos sob um prisma individual, no entanto, por tratar-se de um personagem secundário da trama, não existe a sobrecarga de emoções na narração. Da mesma maneira que o narrador-protagonista, ele também possui uma percepção restrita do que se passa.

Narrador-testemunha

Imagem: Reprodução/ Pixabay

A testemunha

O narrador-testemunha não tem o poder de saber o que ocorre na mente das personagens, podendo, no máximo, deduzir, levantar probabilidades, além de também ter acesso à correspondências ou outros documentos íntimos.

Embora não seja a figura central da narrativa, a testemunha também faz parte da história, vivenciando todos os eventos que se desenrolam em cada cena. Por estar presente, ela pode passar os fatos ao leitor de uma forma mais verdadeira, com o limite de transmitir apenas o que os seus viram e os ouvidos puderam alcançar, além de leituras e juízos.

Outra característica do narrador-testemunha é poder exprimir seu parecer a respeito de como o leitor deve ser posicionado: perto, distante ou se revezando entre os dois pontos em relação à trama.

O narrador-testemunha é imparcial e impessoal, mas não tanto quanto o narrador-onisciente, que narra em terceira pessoa. Um bom exemplo deste tipo de narrador está presente na obra “Memorial de Aires”, de Machado de Assis.

*Débora Silva é graduada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas)

Sobre o autor

Formada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas) pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), com certificado DELE (Diploma de Español como Lengua Extranjera), outorgado pelo Instituto Cervantes. Produz conteúdo web, abrangendo diversos temas, e realiza trabalhos de tradução e versão em Português-Espanhol.