Estas sociedades não apresentam desigualdades sociais baseadas em acúmulo de bens materiais, mas dividem-se segundo o gênero principalmente, sendo que mulheres e homens possuem funções bem definidas para manutenção deste modelo social.
Os homens quase sempre desenvolvem atividades de caça, se deslocando para encontrar os animais que servirão de alimentação. As mulheres possuem a responsabilidade da coleta das plantas, além disso, preparam os alimentos e cuidam dos filhos.
Esse tipo de sociedade começa a se dissipar quando os homens percebem que podem criar os animais em seus domínios espaciais, sem necessariamente sair para caçá-los. Assim, começam a domesticar os animais, cercando-os em suas proximidades e abatendo-os quando necessário. O mesmo ocorre com as plantas, as quais são plantadas nas proximidades dos abrigos, tornando a vida destes povos mais sedentária.
Começam a se estabelecer as sociedades pastoris, com a criação de gado doméstico e as sociedades agrárias, que cultivam plantações.
O nomadismo é uma contraposição ao modo de vida sedentário. Hoje a ampla maioria das sociedades possui características de sedentarismo, ou seja, não necessitam praticar atividades como caça, pesca e coleta para sua sobrevivência.
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Com o advento da internet, considera-se que as sociedades têm se tornado ainda mais sedentárias, pois não necessitam mais, obrigatoriamente, sair de suas residências para comprar nem mesmo sua alimentação. Os deslocamentos ocorrem por questões específicas, mas em geral as pessoas possuem residências fixas, bem como compram seus alimentos e utensílios em lojas especializadas e sem grandes esforços.
Ou seja, o sedentarismo é um estilo de vida que não necessita de intensos esforços físicos para que os elementos necessários à vida sejam obtidos, pois tudo está relativamente próximo e acessível ao indivíduo.
O nomadismo foi uma prática muito comum no âmbito da sociedade dos caçadores e coletores, os quais precisavam se deslocar para conseguir os elementos necessários à sua sobrevivência. Os povos nômades não criavam animais e nem plantavam aquilo que consumiam. Estes povos precisavam se deslocar para obter aquilo de que necessitavam, e quando os recursos escasseavam em um dado local, mudavam para outros ambientes nos quais havia maior abundância.
Essa prática foi bastante comum na história da evolução da humanidade, especialmente antes do estabelecimento das atividades agropastoris. No entanto, ainda são comuns práticas de nomadismo, principalmente em regiões do globo nas quais o ambiente apresenta condições extremas para o desenvolvimento de plantas e criação de animais.
Assim, regiões desérticas, sejam elas de desertos gelados ou quentes, costumam ser ambientes nos quais o nomadismo ainda é necessário. O nomadismo é uma necessidade de sobrevivência e, justamente por isso continua sendo uma prática comum no âmbito de alguns agrupamentos humanos.
Os povos Fulani são o maior agrupamento nômade da atualidade, os quais possuem como base uma visão animista do mundo, ou seja, acreditam que tudo o que existe tem uma alma ou espírito. Os Fulani estendem seu deslocamento pelos territórios de Mali, Nigéria, Mauritânia, Sudão e Gâmbia, na África Ocidental.
São falados cerca de cinco idiomas no âmbito do agrupamento, com uma profunda miscigenação cultural e religiosa, embora boa parte siga os preceitos do islamismo. Os Fulani praticam atividades de comerciantes e pastores nômades, tendo estabelecido historicamente rotas comerciais pela África.
O nomadismo é uma prática que também produz danos ambientais, pelo excessivo uso das terras nos locais nos quais os agrupamentos estão temporariamente estabelecidos.
O que ocorre é um estabelecimento em um dado local para usufruir dos elementos da natureza para sobrevivência, como a existência de peixes e animais para caça. Quando estes elementos se tornam escassos, os agrupamentos se deslocam para novos locais, visando sua subsistência.
A vantagem ambiental das práticas nômades é que com o deslocamento, os agrupamentos humanos nômades fornecem ao meio ambiente um tempo de regeneração, no qual a natureza se reequilibra. Isso não ocorre nas sociedades sedentárias, pois não há um deslocamento, mas sim uma exploração intensificada e constante dos recursos do meio ambiente.
» GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed. Porto Alegre: Penso, 2012.