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Persas: império, religião, cultura e economia

O império persa foi um grande império conquistador, dominando regiões como a Ásia menor e a Babilônia.

Ainda hoje temos grandes representações do seu poder, como os grandes monumentos que ficaram, e os objetos como os tapetes persas, conhecidos como os mais trabalhados e bonitos do mundo.

A Pérsia estava localizada na região do Crescente Fértil, onde hoje fica o atual Irã. A sua história é cercada de conquistas com um forte intercâmbio cultural e de uma dominação islâmica que determinou a sua existência até os dias de hoje.

Com uma religião baseada em duas divindades representantes do bem e do mal, os persas inspiraram grandes pensadores e foram uma das mais importantes civilizações do mundo, que só não conseguiu resistir ao avanço de Alexandre O Grande.

Império Persa – Como se formou

Os persas eram extremamente ligados a demonstrações de poder que envolviam arte e arquitetura, deixando para os dias de hoje incríveis monumentos arquitetônicos no Irã e uma cultura decorativa sem igual.

Mesquita do Imã Khomeini

Mesquita do Imã Khomeini, considerada uma obra-prima da arquitetura persa (Foto: Freepik)

A Pérsia foi formada por tribos que estavam divididas e localizadas onde está o planalto iraniano, a parte superior do Irã. Essas tribos eram formadas por pequenos grupos de pessoas que saíram dos reinos árabes e dos Estados formados no Golfo Pérsico.

Os persas são descendentes diretos dessa população, que também podem ser identificados como arianos indo-europeus. Essa primeira tribo aconteceu por volta dos anos 2000 a. C., muito antes da sua unificação.

Uma província de nome Fars, que fazia parte dessas tribos, começou um processo intenso de assimilação de todos da região, fazendo com que surgisse uma língua e cultura única, traçando os primeiros passos do que foi o império.

Durante muito tempo a dominação dessa região foi feita pelos Medos, principalmente pelo rei Astíages.

Com as invasões e a necessidade de uma identificação que os protegessem, essas tribos foram unificadas pelo primeiro imperador persa, Ciro O Grande, que derrotou o rei dos Medos e assumiu o poder na região, que durou até a invasão de Alexandre O Grande, em 331 a. C.

Ciro foi conhecido não só pela unificação da Pérsia, mas pela elaboração de um Estado forte e militar, que conseguiu manter o povo com uma identidade soberana nacional e conquistar os territórios próximos.

A força de uma nação que era recém construída, mas que já era suficientemente unificada fez com que por alguns séculos eles conseguissem entrar nos principais reinos da antiguidade.

Na sua formação o império persa também ficou conhecido como império Aquemênida, e estava numa região de planalto iraniano.

O termo Pérsia é um termo de origem grega que nomeia uma das tribos iranianas que estavam localizadas no planalto onde ocorreu a centralização, o nome da tribo era parsua, ou em alguns casos, chamados de parsas.

A origem do nome Aquemênida remete a linhagem do imperador Ciro, que era descendente do rei Aquemênus.
Quando Ciro derrotou o império dos Medos, ele aprisionou o rei Astíages como forma de dominação e para mostrar a hegemonia do seu poder.

A expansão territorial dos persas

Liderados por Ciro O Grande, os persas começaram um processo intenso de conquista e expansão territorial pelo Oriente Médio. Ciro conquistou as regiões da Lídia, Pártia, Cítia, a Ásia Menor, e a sua grande conquista foi a Babilônia.

Império persa sob o comando de Dário

Como era o Império persa por volta da época de Dario e Xerxes (Foto: Wikimedia Commons)

A Babilônia já havia passado por um processo de conquista depois da morte do grande rei Nabucodonosor. O império Caldeu tomou conta da região e derrotou os babilônios até que Ciro invadiu a região e estabeleceu o seu império por ali.

A Conquista da Babilônia

A Babilônia era a região mais importante da antiguidade e a conquista persa desse território demonstra como eram fortes.

Além de ser um grande centro comercial e uma cidade monumental que demonstrava todo o poder exercido pelos reis construtores da Babilônia, ela era extremamente fortificada e protegida contra ataques.

Esse evento da dominação da Babilônia pelo império persa é narrado na Bíblia, pois um dos primeiros feitos de Ciro foi a libertação dos judeus que foram exilados para a Babilônia quando Nabucodonosor invadiu Jerusalém.

Como conquistador, Ciro mantinha tratos com as civilizações dominadas. Se mantivessem um fluxo de impostos pagos para o império persa e jurassem fidelidade a ele, esses povos poderiam ficam no seu próprio território, não sendo escravizados como prisioneiros de guerra, e poderiam professar a sua fé e manter a sua cultura, sem nenhum impasse vindo dos persas.

E foi isso que aconteceu com os judeus. Ciro os libertou para retornar a sua terra, reconstruir o templo de Salomão e toda a Jerusalém.

Como herança dos acordos promovidos pelo imperador Ciro, percebemos ao longo da história persa o multiculturalismo promovido pelo intenso intercâmbio de povos.

Algum tempo depois, Ciro O Grande foi derrotado no ano de 530 a. C., em uma tentativa de dominação de uma tribo nômade que ficava na região dos atuais Uzbequistão e Cazaquistão, Ciro foi assassinado na zona de confronto.

A Conquista do Egito

Com a morte de Ciro, o sucessor do trono foi Cambises II, seu filho. Cambises deu continuidade na política expansionista do seu pai e ficou muito conhecido por ter conquistado o Egito em 525 a.C.

Cambises foi um grande imperador conquistador e seu sucessor também deu continuidade para o seu expansionismo.

A religião dos persas

Uma das características mais importantes de um povo é a sua religião. Na antiguidade definiu não só a cultura, mas a política também.

No império persa, o imperador não era considerado um deus, como no Egito, mas um representante direto do divino.

Diferentemente da maior parte das civilizações da Antiguidade, a Pérsia não era politeísta, mas sim dualista. Acreditavam em dois deuses, o deus do mal, Arimã, e o deus do bem, Aura-Mazda.

Seu profeta se chamava Zoroastro, conhecido também como Zaratustra, que viveu entre 628 e 551 a. C., uma figura importante que deixou escritos e ainda inspirou grandes pensadores como Nietzsche no seu livro Assim Falou Zaratustra.

As divindades representavam uma luta constante entre o bem e o mal, sendo que ao final da grande batalha, quem venceria era o bem e os que o seguiram, enquanto os que seguiram o mal pagariam por tudo. O livro sagrado se chamava Zend-Avesta.

Segundo a mitologia da criação do mundo persa, Aura-Mazda seria o grande criador da terra, que inventou todas as coisas boas, enquanto Arimã criava doenças e todas as coisas ruins. No final da grande batalha, Arimã seria arremessado por um precipício e não faria mais mal a humanidade.

É interessante saber que não existem templos na Pérsia, pois Zoroastro acabou com essa cultura das civilizações mostrarem seu poder através de grandes monumentos. Segundo ele, o culto seria a única coisa valida para os deuses.

Nessa grande convivência de culturas, o zoroastrismo influenciou muitas outras religiões com os seus preceitos de trabalho honrado e obediência aos imperadores, numa perspectiva de que existia sempre uma hierarquia social que deveria ser respeitada. Essa foi uma grande ajuda para a dominação persa.

Cultura e economia

Culturalmente os persas foram muito influenciados. As suas obras arquitetônicas eram baseadas nas edificações babilônias e nas egípcias, principalmente.

A sua moeda única oficial, o dárico, foi uma das primeiras da Antiguidade e tinha grande valor econômico.

Os persas desenvolveram por muito tempo a escrita cuneiforme, e depois de algum tempo optaram por oficializar a escrita alfabética.

Como assimilação da cultura egípcia, os persas tinham uma agricultura extremamente instrumentalizada, com projetos de irrigação que traziam água das montanhas e mantinham a sua produção durante todo o ano. A criação de gado também era valorizada.

Os persas se aperfeiçoaram na mineração, e um dos motivos para isso era sua moeda ser feita de ouro. O que desenvolveu também a produção de artefatos de luxo, característica até hoje reconhecida. Grandes objetos de decoração ostentavam o poder do povo.

Tapetes persas

Os tapetes persas são mundialmente conhecidos pela qualidade e exclusividade de cada peça (Foto: Freepik)

Sua estratificação social era muito rígida, sem a possibilidade de mobilidade. Como em uma pirâmide simples, a população persa era dividida entre a monarquia absoluta, rica, os sacerdotes, com nobres enriquecidos e por último, quase sem direitos, os camponeses livres e escravos.

Embora mantivessem acordos com os povos conquistados, muitos desses povos não se rendiam e eram levados como escravos. Essa parcela da população era numerosa e sustentava a economia persa.

O apogeu do Império Persa

O império persa atingiu o seu ápice no governo de Dario I, que conquistou muitos territórios e implementou uma política fortificada para a Pérsia.

Quando Dario I ascendeu ao trono do império persa, o sistema administrativo do reino já era reconhecido por todo o oriente. Sendo considerado um dos mais eficientes da Antiguidade.

A monarquia do império persa era então absoluta e teocrática, ou seja, não havia separação entre política e religião. Uma caraterística bem comum no mundo antigo.

Com um império muito extenso, foi necessário descentralizar a capital do império, isso também trouxe maior segurança, então as capitais escolhidas foram: Persépolis, Babilônia, Susa e a cidade de Ecbátana.

Embora Dario I estivesse no centro do poder durante o apogeu do reino, os povos que foram dominados procuraram a sua independência, o que causou uma série de revoltas que culminaram em uma decisão que foi uma das grandes marcas do império persa.

Dario dividiu o império em 20 províncias, ou seja, cidades autônomas, mas que respondiam a um governo centralizado.
O nome dado a essas cidades foi Satrápias.

Para o governo desses lugares, Dario colocou funcionários reais no comando. No entanto, Dario não confiava completamente nesses governos e criou um sistema de fiscalização, que além do alto comandante, tinha um secretário que passava todas as informações da cidade para o império.

Uma das funções do sátrapa era a arrecadação de impostos e a manutenção da ordem. Esses tributos eram divididos entre as necessidades do lugar, do exército e para o rei. Tudo isso sendo extremamente fiscalizado para que não fugisse dos olhos do imperador.

O imperador também investiu nas estradas que ligavam as cidades conquistadas, e esse foi um dos maiores orgulhos dos persas.

A facilidade com que mandava o exército de um lugar para o outro, ou que conseguia comercializar entre as cidades, ajudava não só no controle fiscal das Satrápias, como também proporcionou uma riqueza sem tamanhos.

Existia uma antiga anedota que contava que era possível comer o peixe pescado cedo no litoral do império persa, na parte da tarde nas cidades mais afastadas, tamanha a eficiência das estradas na Antiguidade.

A estrada real mais famosa era a que ligava Susa a Sardes na Ásia Menor. Sua extensão era de mais de 2500 km.

Dario organizou então o sistema de correspondência de forma mais dinâmica e também definiu uma única moeda como a oficial, já que existiam várias em circulação. A moeda se chamava dárico, uma homenagem ao imperador.

Com o passar do tempo, as capitais viraram parasitárias das satrápias, ou seja, sugavam toda a sua riqueza e não produzia nada. Os tributos eram a única fonte de renda delas. Então foi instituída uma só capital, Persépolis.

Ruínas da capital Persépolis

Ruínas da capital Persépolis (Foto: Freepik)

Essa instituição de única capital trouxe alguns problemas, como um apego à burocracia persa e uma crise econômica nas províncias conquistadas.

Com essas implementações de políticas, Dario conseguiu manter o seu reinado mesmo sob algumas revoltas populares. Com o tempo e com as novas conquistas, essas revoltas começaram a se intensificar, já que os impostos para a manutenção do poder militar persa aumentavam.

O declínio dos persas

Ciro havia deixado um legado de conquistas e o seu objetivo principal era o domínio da Grécia. Quando morreu, esse objetivo foi deixado para o seu filho Dario, que começou as investidas contra ela.

Com as forças voltadas para o expansionismo, Dario começou a perder força internamente e foi enfraquecido pelas revoltas dos povos conquistados, fazendo do seu exército e império um alvo fácil para os gregos.

Em 490 a.C., Dario foi derrotado pelos gregos sob o comando de Atenas. Com a sua morte, Xerxes, filho de Dario, ascendeu ao trono, mantendo também o objetivo da conquista da Grécia.

Nesse momento a Grécia estava em uma ampla expansão sob o comando de Alexandre O Grande. Em 330 a. C., Alexandre venceu Xerxes e dominou a Pérsia.

Quando os romanos conquistaram a Grécia, levaram junto todo o território anexado a ela. Entre eles, o território persa, que passou então do domínio grego para o romano, o qual permaneceu até o século III, quando finalmente conquistaram a independência.

A independência durou até o século VII d.C., quando os árabes dominaram o território, o implantaram à sua cultura e principalmente à sua religião islâmica.

Resumo do conteúdo

Nesse texto você aprendeu que:
  • O império persa foi um grande império conquistador, dominando regiões como a Babilônia
  • Os persas inspiraram grandes pensadores e foram uma das mais importantes civilizações do mundo
  • A Pérsia foi formada por tribos que estavam divididas e localizadas onde está o planalto iraniano, a parte superior do Irã
  • Liderados por Ciro O Grande, os persas conquistaram as regiões da Lídia, Pártia, Cítia, a Ásia Menor, e a sua grande conquista foi a Babilônia
  • O império persa atingiu o seu ápice no governo de Dario I, que conquistou muitos territórios e implementou uma política fortificada para a Pérsia
  • Dario foi derrotado pelos gregos sob o comando de Atenas. Com a sua morte, Xerxes, filho de Dario, ascendeu ao trono, mantendo também o objetivo da conquista da Grécia
  • Em 330 a. C., Alexandre o Grande venceu Xerxes e dominou a Pérsia.

Exercícios resolvidos

1- O que foram os persas?
R: Os persas foram uma civilização antiga que se tornou um um grande império conquistador, dominando regiões como a Lídia, Pártia, Cítia e a Babilônia.
2- Qual era é a organização social dos persas?
R: A população persa era dividida entre a monarquia absoluta, rica, os sacerdotes, com nobres enriquecidos e por último, quase sem direitos, os camponeses livres e os escravos.
3- Onde se localiza a Pérsia hoje?
R: A Pérsia estava localizada na região do Crescente Fértil, onde hoje fica o atual Irã.
4- Qual era o deus dos persas?
R: Eles acreditavam em dois deuses, o deus do mal, Arimã, e o deus do bem, Aura-Mazda.
5- Quem derrotou o império persa?
R: Alexandre O Grande, em 330 a. C.
Referências

ÉSQUILO. Os Persas. Tradução São Paulo: Mameluco, 2013.

ADGHIRNI, Samy. Os Iranianos. Rio De janeiro: Editora Contexto, 2018.

Sobre o autor

Historiadora e professora, com formação pela UNESA do Rio de Janeiro. Pós-graduada em edição editorial. Trabalha no ensino básico, cursinhos, ministra oficinas, é revisora e editora de livros. Sua pesquisa central é sobre livros, cinema e ditadura militar na América Latina.