Ainda não se sabe como este jogo começou e nem quem está por trás das regras estabelecidas. Entretanto, os primeiros relatos surgiram na Rússia, onde jovens estariam se suicidando após participarem de algumas comunidades virtuais. No entanto, não há dados oficiais do país sobre quantas mortes foram confirmadas, existem apenas estimativas. Da mesma forma como não se tem informações precisas na Rússia, no Brasil os casos que ocorreram em diversos estados estão sendo investigados.
O que se sabe sobre o jogo é, conforme já foi mencionando anteriormente, que se trata de um game formado por 50 testes que desafiam os participantes. Não é possível pular as fases, pois só se recebe as novas instruções quando o desafio anterior já foi concluído. Entre as provas estão desenhar uma baleia no corpo usando lâminas ou estiletes, andar nas margens de telhados, acordar de madrugada para ouvir músicas psicodélicas, cortar os lábios e uma série de outros comandos.
Todos os desafios precisam ser registrados e enviados a uma pessoa que comanda o jogo. A última etapa é o suicídio e é esse mesmo comandante que escolhe como o participante tem que tirar a própria vida. De acordo com as investigações, os participantes que aceitam o desafio precisam dar continuidade e quando querem desistir são ameaçados pelos produtores do jogo.
Para a pedagoga Maria Augusta Rossini, os adolescentes que entram em jogos como estes podem ter dificuldades em suprir as suas necessidades emocionais. “Vivemos num mundo de alto desenvolvimento tecnológico mas não podemos nos esquecer que estamos tratando com seres humanos em formação”, ressalta a profissional.
Atualmente, as pessoas passam o tempo muito ocupadas e isso interfere na forma como elas se relacionam. De acordo com a especialista, os pais, por exemplo, precisam encontrar tempo durante o dia para estimular os filhos a exteriorizem seus sentimentos e emoções. É preciso fazer com que os jovens se sintam cuidados, amados e acolhidos.
De acordo com a psiquiatra da infância e da adolescência, Sheila Cavalcante Caetano, em entrevista ao site El País, o jogo escolhe os adolescentes mais vulneráveis e que não possuem supervisão dos adultos. “São pessoas que não têm muitos amigos, estão muitas vezes isoladas, e, de repente, alguém aparece prestando atenção nelas. Pelo que sabemos até agora, é um jogo que começa com desafios fáceis, em que se recebe gratificação instantânea, como acontece com um videogame, por exemplo. Isso prende a pessoa, até que começam os pedidos mais difíceis”, explica a especialista, que também é professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A melhor maneira de lidar com este problema é evitando que ele entre na vida de algum adolescente. Por isso que a pedagoga recomenda que os pais ou responsáveis fiquem atentos aos jovens, pois ao se sentirem rodeados de afetividade dificilmente haverá espaço para pensamentos negativos. Também é importante, segundo Maria Augusta, impor limites, conversar sobre princípios e resgatar vínculos afetivos.
Outra prática defendida pela especialista é a volta de brincadeiras do passado. “Parece mentira, mas houve um tempo em que as crianças brincavam na rua: pique, pé-na-lata, lenço-atrás, rodas cantadas, coelho-sai-da-toca, amarelinha, passa anel, etc.”. Atuando desta maneira, as crianças e os jovens têm a oportunidade de satisfazer as necessidades físicas, psíquicas e sociais.