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O que é bullying e como afeta o aprendizado dos estudantes

Bullying é um termo que deriva de “bully“, uma palavra inglesa que significa “valentão”. Trata-se de uma forma de agressão que intimida, humilha ou machuca outra pessoa. Nas escolas este é um assunto cada vez mais debatido, uma vez que há um aumento nos casos de bullying dentro dos colégios, sejam eles públicos ou privados, de acordo com uma pesquisa elaborada pelo Ministério da Saúde.

Para as psicólogas, Suelen Bezerra e Rebecca Brayner, este tipo de violência pode ser praticada como forma de causar abuso físico, verbal ou psicológico. “Não se trata de um fenômeno recente, porém hoje é dada a devida atenção, investigação e cuidado diante de suas terríveis consequências”, explica Rebecca.

E Suelen completa afirmando que “o bullying é um comportamento repetitivo e intencional de agressão, aquele que agride usa a violência para afirmar poder nas relações interpessoais, para impor autoridade e manter as vítimas sob seu domínio.”

O agressor e a vítima de bullying

O que é bullying e como isso pode afetar aprendizado de estudantes

Foto: depositphotos

Antes de mais nada é preciso estabelecer que todo bullying é uma forma de agressão, mas nem toda agressão é considerada bullying. Para perceber este tipo de situação, é necessário entender quem esta violência alcança. “Para ser caracterizado bullying é preciso que a violência aconteça em um grupo onde seus participantes não possuam papéis de hierarquia, ou seja, entre pares (alunos de uma escola)”, explica Suelen.

Segundo Rebecca Brayner, o bullying é um comportamento que recebe influência de uma sociedade que se percebe intolerante às diferenças. “Vivemos em uma sociedade que preza pela força, pelo vencer, pelo sucesso. E àqueles que são ‘inadequados’, resta a hostilidade, não o afeto ou o respeito. Sociedade e família reforçam esta resposta”, endossa a psicóloga.

Ainda na opinião da especialista, o comportamento do agressor na escola pode ser um reflexo de sua vida em casa. “Uma criança vítima de um poder abusivo em um ambiente familiar ou social torna-se, quando encontra sua oportunidade, o agente causador de dor ou humilhação, externando assim a sua própria vulnerabilidade. Comunicação violenta, falta de limites e ainda permissividade, gera na criança uma independência de seus desejos, muitas vezes sem regras e com a dificuldade de lidar com as frustrações”, diz Rebecca.

Além das características do agressor, é possível dizer que o bullying praticado nas escolas é diferente de acordo com o sexo do agressor, apesar de ser sempre uma prática cruel. “O bullying cometido por meninos torna-se mais visível, por utilizarem na maioria das vezes a força física. As meninas geralmente praticam bullying provocando intrigas, fofocas e mantendo a vítima isolada das demais colegas”, diferencia Suelen Bezerra.

Já para a vítima resta a intimidação e o constrangimento, conforme explica Suelen. “As vítimas podem apresentar tendência ao isolamento social, deixar de frequentar a escola ou diminuir a interação entre os colegas, em casa podem queixar-se de dores de cabeça, perda de apetite, insônia, geralmente esses sintomas ocorrem próximo ao horário de aula”.

Consequências do bullying na escola

Inicialmente as consequências podem surgir ainda no âmbito escolar, caso o estudante não receba apoio ou acompanhamento para enfrentar o problema. “Existem várias consequências, como a evasão escolar, dificuldades de aprendizagem, baixa autoestima, podem dar início ou agravar transtornos psíquicos como fobia social, ansiedades, transtorno de pânico, depressão, transtornos de estresse e em situações que não suportam o sofrimento, podem ocorrer homicídios e suicídios”, relata a psicóloga Suelen.

Mas, de acordo com Rebecca, as agressões na escola ainda podem influenciar a vida adulta da vítima. Neste sentido, o bullying pode interferir “nas relações pessoais, de trabalho e afetivas, sendo por vezes pessoas [as vítimas] mais sérias, com sentimentos negativos e até agressivas.”

Como combater o bullying?

“O ser humano é multifacetado e seus valores são construídos dentro de um contexto biopsicossocial. Devemos atentar para o tipo que educação que estamos provendo. Uma educação inclusiva e que transmite respeito ou uma educação intolerante, racista, homofóbica e cheia de preconceitos”, questiona Rebecca. E continua, “como educar uma criança que agride outro no seu ambiente de cotidiano, se a sociedade contribui para uma formação de cidadania que o mais forte sempre vence? Eis o motivo para o diálogo entre todos os envolvidos na educação existir de forma ampla, flexível e recorrente.”

Desta forma, é preciso que a escola, os estudantes e os pais se unam para combater este tipo de agressão. “É fundamental a participação de todos. Ampliar os canais de comunicação entre família/escola/aluno, incentivar a diversidade, estimular o diálogo, reconhecer as habilidades desses jovens são atitudes capazes de iniciar a mudança de comportamento”, destaca Suelen.

Cyberbullying: o que é e como combatê-lo?

De acordo com as especialistas, o cyberbullying é um tipo de agressão praticada e disseminada contra alguém, usando-se de meios digitais. “São as ofensas nas redes sociais, os vídeos em situações constrangedoras. São mais difíceis de combater pela velocidade que os conteúdos se propagam pela rede, pela dificuldade de identificar de onde partiram as ofensas”, exemplifica a psicóloga, Suelen Bezerra.

“É um meio utilizado tanto por adolescentes quanto por adultos, porém existem hoje leis mais vigorosas contra crimes virtuais. Por meio de leis anti-cyberbullying, os agressores anônimos podem ser descobertos e processados por calúnia e difamação, sendo obrigados a indenizar a vítima. Nenhuma violência deve ser tolerada ou normatizada e é dever de todos cuidar para que este mal não se propague”, finaliza Rebecca Brayner.

Sobre o autor

Jornalista (MTB-PE: 6750), formada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, pela UniFavip-DeVry, escreve artigos para os mais diversos veículos. Produz um conteúdo original, é atualizada com as noções de SEO e tem versatilidade na produção dos textos.