O que é economia solidária

Economia solidária é o termo que se aplica às iniciativas que tratam de temas relacionados à coletividade de produção, distribuição, gestão e comercialização. Ela está diretamente relacionada ao cooperativismo.

No Brasil, temos grandes exemplos de empreendimentos de economia solidária e projetos que deram certo. Para você ter uma ideia, um levantamento feito pelo Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (Sies), identificou 19.708 empreendimentos nacionais ancorados na economia solidária.

Essas iniciativas estão espalhadas em mais de 2.700 cidades. Sendo 8.040 no Nordeste, 3.292 no Sul, 3.228 no Sudeste, 3.127 no Norte e 2.021 no Centro-Oeste, segundo relatório divulgado pela Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Saiba mais sobre o que é economia solidária e seus benefícios agora.

Definição de economia solidária

A economia solidária é aquela baseada no princípio de autogestão. Na prática, isso significa que os negócios são administrados pelas próprias pessoas que fazem parte da iniciativa.

Embora se pareça bastante com o cooperatismo, existem diferenças. A principal delas é que a gestão é realmente coletiva, assim como a produção e renda.

A economia solidária se baseia na administração dos negócios pelos próprios participantes

Embora se pareça bastante com o cooperatismo, existem diferenças (Foto: depositphotos)

Economia solidária e cooperativismo

A economia solidária e cooperativismo são termos relacionados. Embora o cooperativismo tenha surgido no Brasil antes. Segundo o artigo Propriedades coletivas, cooperativismo e economia solidária no Brasil publicado pelo Scielo, a The Scientific Electronic Library Online, o cooperativismo nasceu no Brasil no início do século 20 trazido por imigrantes europeus.

Porém, foi somente no final do século 20 que as cooperativas adotaram a autogestão, que traz no seu DNA a marca mais autêntica da economia solidária. O artigo da Scielo usa Singer (2000, p. 25) para atestar o que diz:

“A economia solidária começou a ressurgir, de forma esparsa na década de 1980 e tomou impulso crescente a partir da segunda metade dos anos 1990. Ela resulta de movimentos sociais que reagem à crise de desemprego em massa, que tem seu início em 1981 e se agrava com a abertura do mercado interno às importações, a partir de 1990”.

Porém, há de ressalvar que nem todo cooperativismo é de economia solidária. Há aqueles que a auto governança não é praticada, por isso, pode ser entendido como uma cooperativa, mas não como economia solidária.

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Essa auto governança que diferencia o que é pura cooperativismo do que é o cooperativismo movido pela economia solidária é aquela que durante a gestão há a participação democrática direta dos cooperados e cria-se uma nova forma de sociabilidade entre os integrantes.

Economia solidária: princípios e características

O princípio da economia solidária é regido por um termo chamado “governança econômica“. Essa ação é tão importante que rendeu ao seu criador o prêmio Nobel de economia em 2009. Foi Elinor Ostrom que provou com seu estudo que propriedades comuns eram melhor administradas quando gerenciadas por associações, ao invés de regulada ou privatizada.

O que Ostrom fez foi simplesmente provar que os resultados desses tipos de negócios são mais positivos para todos os envolvidos, principalmente no sucesso das tomadas de decisão que adotaram a auto governança. A partir disso, temos as seguintes características da economia solidária:

Melhor condição de vida

A economia solidária precisa proporcionar melhores condições de moradia, renda, educação e alimentação para as pessoas envolvidas.

Adoção de uma nova cultura

As pessoas que estão inseridas em uma proposta de economia solidária devem adotar uma nova cultura de vida coletiva, abandonando toda a crença de individualismo.

Inclusão dos mais excluídos

A economia solidária tem como característica buscar a inclusão das pessoas que não têm lucro, nem fazem parte das classes mais beneficiadas da sociedade.

Fuga da busca incessante lucro

Outra característica da economia solidária é não buscar a todo custo o lucro. Antes é preciso respeitar as demandas sociais e ambientais.

Exemplos de economia solidária no Brasil

De acordo com a Organização Não-governamental Ecodesenvolvimento, a economia solidária no Brasil gera renda para “2,3 milhões de pessoas no país e movimenta, em média, R$ 12,5 bilhões por ano”. Os dados são do levantamento feito pela Secretaria Nacional de Economia Solidária, Senaes.

Na economia solidária a gestão tem a participação democrática direta dos cooperados

Os integrantes dessa iniciativa devem adotar uma nova cultura de vida coletiva (Foto: depositphotos)

Veja alguns exemplos de iniciativas baseadas na economia solidária no Brasil:

Avemare

A Cooperativa de Catadores Autônomos de Materiais Recicláveis da Vila Esperança, a Avemare, é um exemplo de economia solidária no Brasil. A exposição foi feita pela Ecodesenvolvimento, ela foi “criada há seis anos por 40 pessoas, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, após a prefeitura fechar o lixão da cidade. Hoje, a Avemare tem 90 cooperados, que conseguem uma renda média mensal de R$ 1,5 mil”.

Banco Palmas

Outro grande exemplo de economia solidária é o Banco Palmas. Nascido em uma comunidade pobre de Fortaleza, no Ceará, ele nasceu com a ajuda de todos os moradores. Tudo isso partiu da ideia de que a comunidade precisava consumir tudo o que produzia.

Hoje, existe até uma moeda local, comercializada entre os moradores. Os primeiros a acreditar no projeto foram: “um peixeiro, uma fabricante de sandálias, uma artesã, um comerciante de um mercadinho e uma costureira, que utilizaram os créditos para seus negócios”.

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Feira de Artesanato da Economia Solidária

Essa é uma iniciativa que acontece no Mercado Municipal de São Paulo. A Feira de Artesanato da Economia Solidária ocorre às sextas, sábados e domingos e comercializa frutas, hortaliças, produtos lácteos, roupas, objetos de decoração entre outros produtos.

Todos os expositores fazem parte da Rede Artesanato Solidário SP que é parceira do Projeto Economia Solidária SP Como Estratégia de Desenvolvimento. A ideia é gerar renda para os participantes por meio dos princípios da economia solidária.

Vale a pena investir na economia solidária?

Sim. As características da economia solidária trazem grandes oportunidades para as pessoas e comunidades excluídas economicamente. Isso porque, as iniciativas trabalham justamente a geração de renda por meio da cooperação mútua entre os atores sociais envolvidos.

Vale lembrar que embora o cooperativismo possa ser baseado nos princípios da economia solidária, nem toda cooperativa faz uso dessa iniciativa.

Isso significa que uma comunidade pobre pode se juntar e criar um negócio de auto governança e obter renda a partir das necessidades reais de todos os moradores. O objetivo desse tipo de negócio não é o lucro em si, mas sim o sucesso econômico de todos os agentes envolvidos, sempre respeitando o meio ambiente, a cultura local e as necessidades reais de cada integrante.

Sobre o autor

Jornalista formada pela Universidade Federal da Paraíba com especialização em Comunicação Empresarial. Passagens pelas redações da BandNews e BandSports, TV Jornal e assessoria de imprensa de órgãos públicos.