O que é hermafrodita? Descubra!

Você sabe o que é hemafrodita? Nesse artigo você vai aprender tudo sobre esse tema, como acontece nos seres vivos e nos humanos, e se existe tratamento para a condição. Confira isso e muito mais a seguir!

O hermafroditismo é caracterizado pela presença de órgãos e caracteres sexuais masculinos e femininos em um mesmo indivíduo. No entanto, podemos distinguir hermafroditismo verdadeiro (HV) de pseudo hermafroditismo.

O hermafroditismo verdadeiro é um fenômeno bem raro, onde o bebê nasce com ambos órgãos sexuais (feminino e masculino) formados, ou seja, apresenta o desenvolvimento de órgãos sexuais internos e externos.

Normalmente, no hermafroditismo verdadeiro há o atrofiamento de um órgão sexual e melhor desenvolvimento do outro, sendo rara as situações de desenvolvimento concomitante de ambos os órgãos.

Perna de homem e outra de mulher

Existem dois tipos de hemafroditismo: o pseudo e o verdadeiro (Foto: depositphotos)

O pseudo hermafroditismo pode ser caracterizado em duas situações, através do pseudo hermafrodita masculino e do pseudo hermafrodita feminino.

O pseudo hermafrodita masculino ocorre quando o indivíduo apresenta seus testículos armazenados na cavidade pélvica (abdome), presença de um pênis muito pequeno ou ate mesmo sua ausência, presença de genitália feminina, porém, sem ovários e útero. Pode ainda apresentar características femininas como crescimento dos seios, ausência de pelos ou menstruação.

O pseudo hermafrodita feminino ocorre quando o indivíduo apresenta genitália masculina externa bem definida, porém, com a presença de ovários. Além disso, também pode possuir características masculinas, como excesso de pelos, crescimento de barba e falta de menstruação durante a adolescência.

Hermafroditismo nos seres vivos

O hermafroditismo está presente tanto nas espécies animais quanto nas vegetais. Quando o ser vivo apresenta ambos órgãos reprodutores, são consideradores hermafroditas, monóicos ou intersexuais.

Já os indivíduos que possuem os sexos separados são considerados dióicos. O hermafroditismo é muito comum nas plantas com flores, pois estas apresentam os dois órgãos de reprodução, o androceu e o gineceu. O androceu é o órgão reprodutor masculino e o gineceu, o feminino. O hermafroditismo é considerado uma estratégia de reprodução para garantir a reprodução através da auto fecundação.

As plantas que se auto fecundam recebem o nome de autógamas e as que optam pela fecundação ou polinização cruzada são denominadas alógamas. As espécies hermafroditas produzem tanto gametas masculinos quanto femininos.

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Existem animais que também são hermafroditas e por serem hermafroditas, o sexo não é definido pelo cromossomo X e Y e sim, pela maturidade e funcionalidade do órgão sexual. Os principais animais hermafroditas são: caracol, estrela-do-mar, camarão, tênia e minhoca.

Caracol

O caracol é um exemplo de animal hemafrodita, pois realiza fecundação cruzada (Foto: depositphotos)

1- Caracol: molusco hermafrodita, porém, realizam a fecundação cruzada através da cópula. A cópula normalmente ocorre a noite e dura em média 7 horas;

2- Estrela-do-mar: equinodermo, algumas são hermafroditas, que podem se reproduzir de forma sexuada ou assexuada. As espécies hermafroditas apresentam um par de gônadas (órgãos reprodutores) no interior de cada braço.

3- Camarão: crustáceo hermafrodita, em alguns casos o indivíduo nasce como macho e após algumas mudas torna-se um hermafrodita capaz de desempenhar as funções de macho e fêmea durante a época de reprodução.

4- Tênia: platelminto hermafrodita, parasita, também conhecida como lombriga solitária. As tênias possuem ovários e testículos, podendo realizar a auto fecundação ou a fecundação cruzada. Podem se reproduzir de forma sexuada ou assexuada.

5- Minhoca: anelídeo hermafrodita, porém, realizam somente a fecundação cruzada. A cópula destes animais tem duração de aproximadamente 3 horas.

Hermafroditismo em humanos

Segundo a mitologia grega o termo “hermafrodita” deriva do nome atribuído ao filho de Hermes e Afrodite: Hermafrodito. Este rejeitou a ninfa aquática Salmacis e então, a mesma decidiu unir-se forçosamente a ele.

O resultado desta união foi a formação de um único indivíduo contendo dois sexos. Nos seres humanos o hermafroditismo é raro, mas pode acontecer. Também conhecido como intersexualidade, é caracterizado como uma anomalia de ordem genética devido a alguma mutação. A consequência desta anomalia é um indivíduo que apresenta genitais ambíguos, ou seja, com estruturas femininas e masculinas bem desenvolvidas ou não.

Durante o desenvolvimento de um bebê “normal”, até os dois meses de gestação os homens e as mulheres apresentam a genitália completamente idêntica.

Após este período ocorre uma diferenciação que na presença do cromossomo Y (embrião do sexo masculino), um gene chamado SRY sintetiza proteínas para a formação dos órgãos sexuais masculinos e estimula a ação da testosterona (hormônio sexual masculino). No caso do sexo feminino, não há o gene SRY. A ausência deste gene provoca a formação dos órgãos sexuais femininos.

Geneticamente, a maioria dos hermafroditas verdadeiros tem em cada célula dois cromossomos X – os homens normais têm um cromossomo X e um Y e as mulheres, apresentam o X em dose dupla (XY).

Portanto, eles deveriam ser mulheres. O desenvolvimento dos testículos se deve as alterações em genes ainda desconhecidos que atuam como o gene SRY do cromossomo Y, responsável pela formação dos testículos. Além de ser uma mutação genética, alguns estudos demonstram que a utilização de hormônios por mãe gestante também pode provocar hermafroditismo.

Mais recentemente ainda descobriu-se que a ocorrência de duas fecundações simultâneas (uma normal e outra anormal, com óvulo inativo) também pode propiciar o hermafroditismo. Tais fatores podem fazer com que durante o período de formação das gônadas se forme um pouco de tecido ovariano e um pouco de tecido testicular.

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Existe tratamento?

Existem basicamente duas opções para o tratamento do hermafroditismo na espécie humana. Através da reposição hormonal ou da cirurgia plástica, porém, sempre acompanhados de terapia, visto que é um assunto delicado que pode afetar os aspectos emocionais do indivíduo.

Reposição hormonal: através da aplicação de hormônios no indivíduo, de acordo com o caso, serão aplicados hormônios femininos ou hormônios masculinos. O objetivo é fazer com que a criança, durante as etapas de seu desenvolvimento, tenha as características específicas de acordo com o sexo selecionado.

Cirurgia plástica: são realizadas diversas intervenções cirúrgicas ao longo do tempo, com o intuito de corrigir os órgãos sexuais externos para determinado tipo de sexo escolhido pelo paciente.

Polêmica sobre intervenções

Em alguns casos, ambos os tratamentos podem ser realizados, principalmente quando ocorrem diversas características alteradas, além dos órgãos sexuais. Tais procedimentos ainda são alvo de muitos debates e não são consensuais, pois o assunto envolve questões éticas que podem afetar o pleno desenvolvimento da criança.

Muitos defendem o fato de que as intervenções não devem ser realizadas em crianças, pois as mesmas ainda não têm maturidade suficiente para escolher seu sexo. Outros afirmam que, se os procedimentos forem realizados tardiamente, a pessoa terá dificuldade em aceitar o próprio corpo e o processo pode ser mais demorado.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.