Com Satíricon, Petrônio inova a literatura latina, dirigindo seu olhar aos mais diversos estratos sociais, reproduzindo o ambiente do principado romano. Trata-se de uma sátira que mescla passagens cômicas e trágicas, descrevendo as aventuras e desventuras do narrador Encólpio, seu ex-amante Ascilto e do jovem servo Gitão. No decorrer da narrativa, Giton é constantemente seduzido por outros personagens, o que provoca ciúmes e discussões. Junto com o poeta Eumolpo, embarcam em uma série de aventuras, até que acabam nas mãos de Circe, uma sacerdotisa do deus Príapo.
O enredo da mais celebrada obra literária em prosa da Antiguidade tem início em Nápoles, em uma escola de retórica. A totalidade da obra não chegou aos nossos dias, tendo sobrevivido apenas fragmentos, incluindo o “Banquete de Trimalquião”, onde são feitas descrições de um jantar luxuoso e decadente, oferecido a um novo-rico romano. Alguns fragmentos dessa sátira notável são encontrados em obras de autores contemporâneos como Mauro Sérvio Honorato e Sidônio Apolinário.
Mesclando situações absurdas e trágicas sem perder o humor, Petrônio cria uma obra que expõe a completa amoralidade dos cidadãos. O personagem Encólpio narra uma história com práticas orgíacas e um total desprendimento moral nos indivíduos, pois o cristianismo ainda não tinha influenciado a todos.
Todos os personagens da obra são parodiados, satirizados e ironizados. Além disso, em Satíricon é possível encontrar temas que seriam explorados na literatura do fim do século XX, durante o movimento do Realismo.