Denominam-se sílabas métricas ou sílabas poéticas cada uma das sílabas que constituem os versos de um poema. Em sua “Nova Gramática da Língua Portuguesa”, o gramático Domingos Paschoal Cegalla esclarece que as sílabas dos versos nem sempre coincidem com as sílabas gramaticais.
Dentro da poética tradicional em língua portuguesa, os poetas têm usado doze espécies de versos: de uma até doze sílabas.
A contagem das sílabas poéticas é um processo que auxilia na criação do ritmo e melodia desejados pelo poeta e faz-se auditivamente, subordinando-se a alguns preceitos.
Contagem das sílabas poéticas
De acordo com o gramático Cegalla, a contagem das sílabas poéticas subordina-se aos seguintes princípios:
a) Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outro, e podem ser pronunciadas numa só emissão de voz, formam uma só sílaba poética.
Confira os exemplos a seguir, retirados da “Novíssima Gramática da Língua Portuguesa”:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“A i|da|de aus|te|ra e | no|bre a | que | che|ga|mos.” (Alberto de Oliveira)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“A|cha em |lu|gar | da | gló|ria o | lo | do im|pu|ro.” (Olavo Bilac)
Cegalla observa que, para que tais uniões vocálicas não sejam duras, as vogais (pelo menos a primeira delas) devem ser átonas e não passar de três.
b) Geralmente, ditongos crescentes valem uma só sílaba métrica:
Exemplo:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“O|pe|rá|rio | mo|des|to, a|be|lha | po|bre.” (Olavo Bilac)
c) As sílabas que se seguem ao último acento tônico do verso não devem ser contadas.
Exemplo:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“Quan|do | no | poen|te o | sol | des|do|bra as | clâ|mides
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
de | san|gue e | de oi|ro | que | nos | om|bros | le|va,” (Cabral do Nascimento)