O discurso é uma prática social, pois se refere ao meio pelo qual o homem constrói textos, sejam eles escritos ou orais, transmitindo uma ideia ou expondo uma opinião. Ao analisarmos um discurso, devemos considerar o contexto em que está inserido, as personagens e as condições de produção do texto.
Nos textos narrativos, nós conhecemos o desenrolar da história e as ações das personagens por meio da voz do narrador, que se dá de formas distintas.
Índice
Os três tipos de discurso
Em um texto narrativo, o desenrolar dos fatos e as ações das personagens pode ser registrada de formas distintas, como a forma direta, indireta ou, em alguns casos, a fusão de ambas.
Ao inserir a fala das personagens na narrativa, o autor pode escolher entre três variedades de discurso: o direto, o indireto e o indireto livre.
Discurso direto
É o mais natural e comum dos tipos de discurso, sendo caracterizado por ser uma transcrição fiel das falas das personagens, sem a interferência do narrador.
O discurso direto ocorre normalmente em diálogos, permitindo que os traços da personalidade das personagens ganhem destaque nos textos.
Para introduzir a fala das personagens, o narrador utiliza-se de alguns sinais de pontuação e emprega alguns verbos de elocução que anunciam o discurso, tais como: dizer, perguntar, responder, falar, comentar, observar, retrucar, exclamar, gritar, murmurar, ordenar, indagar, entre outros. Os travessões, dois pontos, aspas e exclamações costumam aparecer com frequência durante a reprodução das falas.
Exemplos:
” — Que crepúsculo fez hoje! – disse-lhes eu, ansioso de comunicação.
— Não, não reparamos em nada – respondeu uma delas. – Nós estávamos aqui esperando Cezimbra.” – Coisas Incríveis no céu e na terra, Mário Quintana.
“Não gosto disso.” – disse Daniel em tom zangado.
Discurso indireto
Neste tipo de discurso, o narrador reproduz as falas das personagens utilizando as suas próprias palavras. Assim sendo, o discurso indireto é sempre feito na 3ª pessoa, nunca na 1ª pessoa.
Exemplos:
Em tom calmo, o garoto disse que não gosta de brigar com as pessoas que ama.
“Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse que havia sonhado que iria faltar feijão. Não era a primeira vez que esta cena ocorria. Dona Abigail consciente de seus afazeres de dona-de-casa vivia constantemente atormentada por pesadelos desse gênero. E de outros gêneros, quase todos alimentícios.” O sonho do feijão, Carlos Eduardo Novaes.
Discurso indireto livre
Neste tipo de discurso de terceira pessoa, as formas direta e indireta fundem-se, uma vez que o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria, conforme a necessidade do escritor.
Exemplos:
“Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entretanto, qualquer urubu… que raiva…” (Ana Maria Machado)
“Seu Tomé da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia. Esquisitice de um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?” Vidas Secas, Graciliano Ramos.