Geografia

Pangeia: O mega continente

Antes de existirem os continentes da forma como são conhecidos atualmente, todas as terras do globo estavam unidas formando um grande continente. A fragmentação da Pangeia ocorreu de modo gradual no decorrer da evolução do planeta, e os movimentos das placas tectônicas continuam dinamizando e modificando as formas da Terra. 

Primeiras teorias sobre a existência de um continente único

Os continentes terrestres nem sempre estiveram nos locais em que se encontram atualmente, nem tampouco possuíam o formato que apresentam nos dias atuais. Abraham Ortelius (nascido em 1527, falecido em 1598), um importante cartógrafo e geógrafo criou o primeiro Atlas moderno, denominado de Theatrum Orbis Terrarum.

A relevância dos estudos de Ortelius não se esgotou nesta produção, mas foi ele um dos primeiros pensadores que trouxe a ideia da existência de um continente único originário. Para ele, era claro ao analisar um mapa-múndi, que os continentes um dia estiveram ligados e que em algum momento havia ocorrido a separação dos mesmos. Pesquisas com fósseis comprovaram ainda similaridades entre os resquícios encontrados nos continentes, assim, fósseis de um dado animal foram encontrados em mais continentes, o que não seria possível cruzando-se oceanos.

Pangeia: O mega continente

Foto: Reprodução/Google Imagens

No entanto, foi apenas após a elaboração da Teoria da Deriva Continental, promovida por Alfred Lothar Wegener (nascido em 1880, falecido em 1930), um importante geógrafo e meteorologista de origem alemã, que a ideia da divisão dos continentes foi mais aceita pelo mundo científico.

Para Wegener, a maior evidência da união dos continentes era a proximidade morfológica entre as bordas dos continentes, ideia esta já defendida anteriormente por Ortelius. Essa evidência ficava ainda mais notável quando comparadas as costas da África e da América, o que impulsionava as pesquisas e teorias para compreender como ocorreu essa separação.

A Teoria da Deriva Continental

Para a Teoria da Deriva Continental, há mais de 200 milhões de anos todas as massas continentais existentes no planeta estavam conectadas entre si, formando um supercontinente denominado de Pangeia. A dificuldade de aceitação desta teoria decorria da falta de condições para compreender como efetivamente ocorreu essa separação das massas continentais, sendo que a Teoria da Deriva Continental trouxe respostas neste sentido.

Segundo as concepções defendidas pela teoria, a crosta terrestre (parte mais externa da Terra) seria atualmente dividida e vários pedaços que flutuam sobre o manto terrestre, composto basicamente por rochas fundidas. São reconhecidas, no contexto atual, doze placas tectônicas formando o planeta Terra. Assim, inicialmente, as massas continentais sobre as placas eram unidas, mas com a evolução da Terra, elas foram sendo separadas através do processo denominado de deriva continental, chegando ao atual modelo conhecido.

Apesar da importância da teoria de Wegener, ela foi por bastante tempo questionada e refutada. Sendo que apenas com os avanços tecnológicos, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento de equipamentos sofisticados, é que se teve conhecimento de que a crosta terrestre é formada por placas rochosas que flutuam sobre o manto. Assim, as ideias de Wegener tiveram, finalmente, aceitação na ciência.

A evolução da divisão da Pangeia

Pangeia: O mega continente

Foto: depositphotos

Havia um continente único denominado de Pangeia, o qual calcula-se que existiu há cerca de 225 milhões de anos (Permiano). Existem discrepâncias e dúvidas quanto aos períodos concretos de separação das massas continentais, mas estima-se que a Pangeia tenha sido dividida em dois grandes blocos denominados Laurásia e o Gondwana em um período de 200 milhões de anos (Triássico). Laurásia era o bloco continental que estava localizado no hemisfério Norte, enquanto Gondwana era o bloco continental localizado no Hemisfério Sul. Neste contexto surge também o Oceano de Tétis, atualmente denominado de Mediterrâneo.

Posteriormente, a divisão dos continentes continuou a partir dos dois grandes continentes existentes no contexto. Gondwana deu origem ao que hoje é conhecido como Antártida, América do Sul, África, Madagáscar, Seicheles, Índia, Austrália, Nova Guiné, Nova Zelândia, e Nova Caledónia, compondo a maior parte das massas continentais do globo. Já Laurásia deu origem às massas continentais do Hemisfério Norte, incluindo a América do Norte, a Europa e ainda Ásia do Norte. A evolução dos continentes se estabeleceu de forma gradual durante milhões de anos, e os movimentos promovidos pelas placas tectônicas continuam ocorrendo, uma vez que o planeta Terra é dinâmico.

O oceano originário existente e que circundava a Pangeia ficou conhecido como Pantalassa, sendo que após a divisão dos continentes, novos oceanos foram sendo originados. Apesar de estarem interligados, a localização que ocupam, confere a cada um dos oceanos características próprias. Os oceanos que circundam os continentes atualmente são: Oceano Ártico, Oceano Antártico, Oceano Atlântico, Oceano Pacífico e Oceano Índico. Dentre os oceanos, o Atlântico é que apresenta maior extensão, enquanto o Pacífico é considerado o mais profundo. 

Pangeia: O mega continente - Antes e Depois

Foto: depositphotos

Placas Tectônicas

As doze placas tectônicas existentes foram denominadas de: Placa Eurasiática, Placa Indo-Australiana, Placa Filipina, Placa dos Cocos, Placa do Pacífico, Placa Norte-Americana, Placa Arábica, Placa de Nazca, Placa Sul-Americana, Placa Africana, Placa Antártica e Placa do Caribe. A Teoria da Tectônica de Placas teve expansão após a década de 1960, somando-se às teorias já formuladas e discutidas anteriormente. Essas placas compõem a camada da Terra denominada de Litosfera, ou Crosta Terrestre, que é a parte mais superficial do planeta.

As placas tectônicas, a partir dos movimentos que realizam, são umas das responsáveis pelas configurações da morfologia do relevo terrestre. Os processos tectônicos continuam acontecendo constantemente, onde calcula-se que o movimento global das placas ocorra em cerca de um centímetro por ano, o que parece pouco em um primeiro momento, mas quando somados durante milhões de anos, tem o poder de transformar totalmente a configuração terrestre. Existem dois fatores primordiais que promovem o movimento das placas tectônicas, configurando o que se convencionou chamar de Tectônica Global, sendo eles o fluxo do calor interno da Terra e ainda a própria gravidade.

As regiões de limite entre placas tectônicas são as que mais sofrem com os movimentos, os quais ocasionam fenômenos naturais de grandes proporções, como os terremotos. É nas bordas das placas tectônicas também que se constituem os movimentos orogênicos, com a formação de grandes cadeias montanhosas. São, portanto, áreas de grande instabilidade geológica. Os limites das placas tectônicas podem ser de três tipos, sendo eles divergentes (afastamentos), convergentes (colisões) e conservativos (deslizamentos laterais horizontais). Cada um destes movimentos é o responsável pela configuração de um fenômeno no relevo terrestre. 

 

Referências

» DINÂMICA interna da Terra. Disponível em: < https://www.ensinobasico.com/attachments/article/138/Dinamica%20interna%20da%20Terra%20-%20conteudos.pdf>. Acesso em: 14 de junho de 2017.

» MOLINA, Eder C. IAGUSP. Deriva Continental e Tectônica de Placas. Disponível em: < http://www.astro.iag.usp.br/~picazzio/aga292/Notasdeaula/deriv.pdf>. Acesso em: 14 de junho de 2017.

» TEIXEIRA, Wilson. USP/UNIVESP. Tectônica Global. Disponível em: < https://midia.atp.usp.br/impressos/lic/modulo02/geologia_PLC0011/geologia_top04.pdf>. Acesso em: 14 de junho de 2017.