A pré-história é subdividida em 3 grandes períodos, são eles: Paleolítico, Mesolítico e o Neolítico. Cada período carrega uma forte característica da evolução humana.
Se no Paleolítico os primeiros hominídeos apareceram, as formas corporais começaram a se adaptar a existência humana como conhecemos, o que será então o Mesolítico?
Mesolítico significa Idade Média da Pedra, período de ligação entre os períodos da Pedra, o Paleolítico, com o da Nova Pedra, o Neolítico.
No entanto, o Mesolítico não aconteceu em todo o mundo. Vamos entender o porque disso e como os ancestrais humanos conseguiram continuar existindo, criando a arte no Mesolítico e as formas comunitárias de existência que dará as formas para a civilização antiga.
Índice
Quando aconteceu o Período Mesolítico?
O Mesolítico foi o período de transição do Paleolítico para o Neolítico (Foto: depositphotos)
A história da humanidade não é linear, ou seja, uma fase não deixa de existir a partir do momento que outra surge. Pelo contrário, as fases se encontram, evoluem e se mantêm com a fase seguinte durante um bom tempo. Em outros casos, as fases não acontecem com toda a humanidade, tornando alguns marcos históricos importantes apenas em algumas regiões. Foi o que aconteceu com o Mesolítico.
O Período Mesolítico vai de 13 a 9 mil a.C. e só aconteceu em regiões em que a transição do Paleolítico para o Neolítico não foi direta.
No Paleolítico Superior o mundo começou a sofrer com a quarta glaciação. Temperaturas muito baixas em determinados locais fizeram com que animais de grandes portes fossem extintos. Os hominídeos sobreviveram graças as baixas estaturas e as descobertas recém-feitas, como o fogo, que possibilitou o aquecimento nas cavernas, a iluminação e o cozimento da comida, tornando-a mais saudável. Animais menores também puderam passar pelo gelo e se mantiveram vivos.
Características do Mesolítico
Os hominídeos ainda eram caçadores e coletores, com o modo de vida nômade. Procuravam lugares com cavernas no inverno e onde conseguissem caçar com maior facilidade, e montavam acampamentos no verão. É nesse período que alguns grupos humanos vão começar a desenvolver o sedentarismo, principalmente nas regiões costeiras da Europa.
Esse período só vai deixar de existir quando todos os hominídeos aperfeiçoarem a forma de vida sedentária, se tornando produtores de seus próprios alimentos. Os grupos humanos do Oriente desenvolveram essa forma em 9000 a.C., no entanto, em lugares como a Escandinávia só se chegou a esse processo em 4000 a.C.
Com o final da Era Glacial, as temperaturas ficaram mais amenas, se consolidando na forma temperada, transformando o ambiente terreno propício para a formação de florestas e rios. É nessa perspectiva que os humanos vão conseguir evoluir para o Neolítico.
Hábitos da sociedade
Foi durante a transição da Era Glacial para o clima temperado que os humanos desenvolveram a cultura da domesticação de animais, como os cachorros (que nessa época ainda eram lobos selvagens) que eram usados para a caça e proteção.
No final do Paleolítico, a base da dieta dos hominídeos eram os animais de grande porte. Durante a quarta glaciação, esses animais foram extintos ou emigraram em busca de possibilidade de vida. Animais como o rinoceronte lanudo e o mamute sumiram do planeta, enquanto que rena e bisão emigraram.
Animais de pequeno porte, que conseguiram se proteger do frio ou que tinham alta velocidade, como o javali, tiveram grande evolução. Os homens tiveram então que aprender a caçar pequenos mamíferos e aves, e conseguiram desenvolver a técnica com o auxilio de cães.
A coleta de frutos e frutas continuou e atividades como a pesca também foram amplamente desenvolvidas. O consumo de peixes, mariscos, caracóis e conchas nas regiões costeiras foi difundido, acarretando no início da pesca em alto mar .
Nômades sazonais
Os humanos ainda eram nômades sazonais, ou seja, montavam acampamentos que duravam algum tempo em regiões onde obtivessem maior possibilidade de conseguir alimentos. Também começaram a estocar a comida como forma de manutenção da vida em maior período nas regiões que acampavam.
Esses acampamentos já não eram mais feitos em cavernas, as formas de habitação eram com troncos e pedações de árvores e folhagens para a cobertura. Os lugares escolhidos para essas construções eram as margens dos rios.
Armazenamento de alimentos
Coletores e caçadores especializados na caça de animais de pequenos portes criaram uma forma de armazenamento, os silos, que eram encontrados em acampamentos que passavam o ano todo sendo habitados. Essa cultura ficou conhecida como natufiana.
Ferramentas e objetos
Vários objetos começaram a ser fabricados, como as canoas usadas para a pesca e que eram feitas com a casca de árvore e peles. Da extração dessas cascas, obtiveram um líquido que se parecia com a cola e que auxiliavam na montagem dessas canoas.
Nesse período aconteceu também o desenvolvimento dos micrólitos, ferramentas bem pequenas utilizadas na caça. Essas pedras talhadas tinham pontas finas e serviam para abrir moluscos, por exemplo. Os homens também criaram os arcos e flechas utilizando gravetos, ossos e os micrólitos nas pontas. Também nessa época foram desenvolvidas foices, facas, moinhos e almofarizes.
Religião
No Mesolítico havia a cultura de enterrar os mortos em túmulos feitos em cavernas e depositar objetos pessoais do morto junto ao corpo.
Revolução Mesolítica
O desenvolvimento aumentou a densidade populacional, principalmente na região do Oriente, um dos principais marcos da transição do Paleolítico para o Neolítico.
O Período Mesolítico então é esse processo de transição para uma forma de vida totalmente diferente do Paleolítico. Formações mais complexas de sociedade vão começar a aparecer e culturas a se desenvolver.
O aperfeiçoamento da caça foi importante e a estocagem de alimentos foi fundamental para tornar essa sociedade sedentária, mesmo que sazonalmente.
O maior bem que se podia ter durante a Pré-História era o alimento. Ele dava a possibilidade das comunidades se manterem em um determinado local, tornando a estocagem de alimentos uma forma de riqueza.
A acumulação de um bem fundamental à vida humana faz com que uma cultura parecida com a desigualdade social apareça, similar porque ainda não é possível verificar totalmente a origem de classes sociais.
Os mais fortes lideravam os grupos humanos em busca da sobrevivência e os responsáveis pela estocagem de alimentos teriam a função de chefia. As bases para a sociedade hierarquizada que aparecerá no Neolítico serão dadas a partir desse momento.
Arte no Mesolítico
A pintura rupestre do Mesolítico passou a representar rituais, danças e cerimônias (Foto: depositphotos)
A arte desse período está muito ligada a religiosidade, e mantém os mesmos aspecto do Paleolítico: o natural e o divino não se separam, forças da natureza serão cultuadas e a força feminina e a origem da vida continuam sendo objeto de forte adoração.
As esculturas, principalmente da cultura Aziliana, vão nos mostrar que agora damos formas ao abstrato e a geometria de maneira muito mais explícita e trabalhada.
A arte rupestre também vai caminhar de acordo com a consciência dos grupos humanos e vai criando aspectos mais esquemáticos, com feições mais claras. E não só animais e humanos vão aparecer, mas o que estão fazendo também: caça, pesca, danças, batalhas, lutas e rituais serão retratados, dando forma as coisas mais abstratas.
As figuras representam uma sociedade hierarquizada a partir da retratação de xamãs e feiticeiros nas paredes.
- O Mesolítico faz parte da Pré-História.
- Ele é o período de transição do Paleolítico para o Neolítico.
- No Mesolítico os homens começam a se sedentarizar.
- A estocagem de alimentos e a confecção de ferramentas são características desse momento.
- A arte rupestre passa a ter também aspectos abstratos, com danças e rituais retratados.
- A comunidade começa a ganhar traços de hierarquização.
Exercícios resolvidos
» GOSDEN, Chris. Pré-história: 1057. São Paulo: L&PM Edição: Edição de bolso 2012. » PROUS, André; PIMENTEL, Lucia Gouvêa. Artes pré-históricas do Brasil. São Paulo: C/Arte 2007. » LEROI-GOURHAN, André. As religiões da pré-história. São Paulo: Edições 70/2017.
