Conheça mais sobre esse período, quando aconteceu, quanto tempo durou e suas principais características. Acompanhe!
Índice
Da nossa origem [10] até as formações sociais antigas e modernas, tivemos um longo e gradual processo e a Pré-História é o maior deles. Ela é dividida em dois momentos:
O Neolítico aconteceu no último momento da Idade da Pedra.
Após esses dois momentos, a Pré-História termina e dá início a Idade Antiga.
O Paleolítico [11] é marcado pela evolução humana a partir do desenvolvimento do polegar opositor e do equilíbrio sobre duas pernas, o que possibilitou o uso das mãos exclusivamente para a caça e a coleta de alimentos. Como ainda não existia a agricultura, o modo de vida era nômade. Ou seja, conforme os alimentos iam acabando na região, os hominídeos se mudavam para outras.
É também nesse momento que acontece a descoberta do fogo, o que permite ao homem a sobrevivência durante a quarta glaciação do mundo, pois podiam se aquecer nas cavernas, iluminar os locais, se proteger dos animais famintos e cozinhar seus alimentos. Isso possibilitou o processo de evolução da espécie, enquanto que outros mamíferos de grande porte, como o mamute, não tiveram a mesma sorte.
No Mesolítico [12] aconteceu o aperfeiçoamento das ferramentas, a especialização em caça e pesca, além das primeiras formas de plantio de alimento e construção de cabanas. Vale lembrar que esse período não aconteceu em todo o planeta, ficando restrito apenas aos locais em que a glaciação foi maior. No restante do mundo, a mudança do Paleolítico para o Neolítico foi direta.
Após a quarta glaciação, os climas começaram a ficar mais amenos. O derretimento das geleiras deu origem a lagos, rios e trouxe cheias que inundaram as suas margens, depositando resíduos com grande valor nutritivo para a terra. Os homens perceberam isso e passaram a habitar esses espaços.
Com a temperatura mais quente, a vida nas cavernas não era tão necessária, e os homens passaram a construir espécies de choupanas com galhos e folhas. Com o tempo, as construções foram se aperfeiçoando. Pesquisadores encontraram artefatos de cerâmica, bancos de pedras e estruturas parecidas com móveis. As cabanas deram origem a edificações mais resistentes, feitas com argila, pedra e madeira.
Na glaciação apenas os animais de pequeno porte puderam sobreviver e evoluir e o homem se especializou na domesticação e caça. O cachorro foi o primeiro animal a ser domesticado. Ele tinha a função de ajudar os humanos na caça e na sua própria proteção.
As formas de alimentação também se modificaram no Neolítico.
A pesca foi uma importante fonte de alimento. Ela acontecia não apenas na zona costeira, mas também em alto mar, com a criação de canoas a partir de lascas de madeira e de uma cola que era obtida do corte de árvores, chamada sílex. Também havia a coleta de mariscos e de caracóis.
Animais como dromedários, cabras, bois e javalis eram criados para abate, arado e transporte.
Também graças ao clima ameno que foi possível observar o crescimento de sementes e acompanhar seu desenvolvimento, tornando viável o avanço com plantios e colheitas. Entenderam como funcionava o cultivo de certos vegetais, em especial o milho e o trigo, que podiam ser armazenados por longos períodos.
A agricultura se deu pela junção da forma de vida sedentária, com o entendimento do valor do solo e da água, e do conhecimento das sementes de alimentos vegetais que os homens podiam ingerir.
O hábito de estocar alimento foi especialmente importante durante os períodos de mais escassez e também para a manutenção da vida, uma vez que, toda vez que saia para a caça, o homem do Neolítico ficava exposto a ataques de animais.
A estocagem de alimentos proporcionou uma melhora na qualidade de vida, tendo aumentado a expectativa de vida, que antes não passava dos 15 anos. E também deu origem à acumulação de bens e a formação de hierarquia social.
A vida reclusa à cavernas inviabilizava o desenvolvimento de comunidades, mas a possibilidade de vida fora delas acarretou no aparecimento de pequenas aldeias. Os grupos se ajudavam quanto à alimentação e defesa.
A acumulação de bens não se dava por família, ela era coletiva. O que tornava o grupo um lugar de diferenciação social.
Um dos indivíduos do grupo tinha a função de cuidar e proteger esses alimentos. Esse indivíduo era o mais importante para o grupo humano, que o tinha como um chefe.
Com o processo de acumulação de bens (alimentos), outros grupos ofereciam riscos à estocagem. Isso levava a proteção, feita por guerreiros, das áreas habitadas e dos alimentos, muitas vezes levando à lutas entre grupos.
Para proteger o corpo, a pele de animais, muito usada nos períodos mais rigorosos do Paleolítico e Mesolítico, já não era tão necessária, sobretudo devido ao seu peso que impossibilitava uma melhor locomoção durante as atividades.
Conhecendo os cereais e as fibras, os homens começaram a tecer e a criarem tecidos finos e leves. O vestuário foi modificado e, aos poucos, foi dando passos para a caracterização dos indivíduos sociais, ou seja, cada grupo usava um tipo apenas de roupa.
As sementes vão ser a principal moeda de troca e cada uma tinha um valor diferente. A troca não era só baseada em produtos de mesmo valor, algumas aldeias criavam excedente de certa semente para trocar com aldeias que tivessem alta produção de cerâmica, por exemplo.
Foi na sociedade neolítica que aconteceu a primeira formação da divisão sexual do trabalho, destinando cada sexo para atividades específicas.
Às mulheres cabiam a manutenção da vida, portanto, não eram colocadas em risco. Elas ficavam responsáveis pelo cuidado com a prole, com a plantação, com o reconhecimento de sementes e com a colheita.
Cabiam aos homens a caça, a pesca, atividades externas e a segurança da comunidade.
O Período Neolítico é conhecido como a Idade da Pedra Polida porque é nele que os humanos começam a lapidar esse material para obtenção de utensílios e ferramentas [13] mais precisas.
Esse período ficou conhecido pela dominação de técnicas mais complexas como a moagem, a cestaria e o uso da tração animal, tanto para agricultura quanto para a locomoção humana. Tudo isso graças ao descobrimento da roda, que também possibilitou a tecelagem.
Objetos com pontas muito finas (micrólitos) eram colocados nas pontas das lanças dos guerreiros e usados nas atividades dos marisqueiros, que os utilizava para abrir as conchas.
Arcos e flechas foram elaborados, bem como ferramentas de arado e colheita, facas para a abertura de frutos e frutas e para defesa e uma grande variedade de potes para o armazenamento de alimentos.
A cerâmica, também inventada no Neolítico, era usada principalmente para a alimentação, no entanto, gradualmente ganhou papel decorativo, com desenhos que demonstrava o poder de cada grupo.
Durante o Paleolítico, os humanos começaram a ter funções religiosas, com rituais para funerais e enterros realizados por feiticeiros. No Neolítico essa prática ganhou maior complexidade.
Os enterros eram realizados depois de rituais feitos por sacerdotes locais. Como acreditavam na vida após a morte, parte do ritual era colocar objetos dos mortos junto ao corpo, que eram sepultados em pequenas construções de pedra.
Os fenômenos naturais eram explicados com mitos de divindades e, por isso, realizavam rituais para ajudar na colheita, a chamada Cultura do Culto Agrário. Grandes monumentos funerários foram construídos em algumas regiões, conhecidos como monumentos megalíticos.
A figura da mulher que já era considerada divina por ser o portal de nascimento dos homens, também era ligada a fertilidade da terra. Inúmeras representações da época associavam as mulheres à agricultura.
A arte [14] está muito ligada a representação do cotidiano dos grupos humanos. Acredita-se que os desenhos rupestres tinham a função de registro, como a que fazemos hoje ao anotar a contabilidade.
No Neolítico, no entanto, esses desenhos não são estáticos, não representam apenas figuras, mas também a ação dos homens e dos animais, em lutas, danças, rituais e caça. Foi a primeira vez que o abstrato foi materializado.
A arte está ligada também a representação do divino. Em vários locais foram encontradas estatuetas e blocos de argila com representações de figuras femininas em centralidade que eram cultuadas em rituais.
Durante os cultos festivos de colheita, a música passou a ser um instrumento de adoração.
» LEAKEY, Richard. A origem da espécie humana. Rio de Janeiro, Rocco, 1995 » LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos problemas. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1976. » SOFFER, Olga; PAGE, Jake; ADOVASIO, J.M. Sexo invisível: o verdadeiro papel da mulher na pré-história. Rio de Janeiro, Record, 2009.