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No site do instituto Datafolha também há menção a outros aspectos das pesquisas que envolvem a Polícia Militar. Uma delas reflete a falta de confiança da população em geral em relação aos militares. Pois 51% dos brasileiros entrevistados têm medo da PM. Delas, 22% têm muito medo e 26%, um pouco.
A Polícia Civil é um pouco menos temida, mas não muito. Sendo que 20% dos entrevistados têm muito medo, contra 25% com pouco medo.
“De maneira geral, o temor de ser uma vítima de violência policial é maior entre os moradores das regiões Norte e Nordeste do que entre os moradores das demais regiões, entre os moradores dos municípios com mais de 500 mil habitantes do que entre os moradores de municípios menores e entre os mais pobres do que entre os mais ricos”, afirma o Data Folha.
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De acordo com um artigo da doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Andréa Ana do Nascimento, “a corrupção policial prejudica a eficiência da Justiça na medida em que utiliza mecanismos informais e ilegais para distribuição privilegiada da informação. Além disso, sempre que vem à tona algum caso de corrupção envolvendo policiais, questionam-se o papel da polícia, sua legitimidade ao agir e, consequentemente, a legitimidade do Estado, que não consegue controlar seu braço armado”.
Para dar um exemplo claro de como isso acontece, é só observar as conclusões de uma operação realizada em 2017, considerada a maior da história do Rio de Janeiro contra corrupção policial, quando foram denunciados 96 policiais. Esse grupo chegava a arrecadar 350 mil reais por semana com os atos ilegítimos. Entre as atividades ilícitas cometidas pela PM estão:
Uma das acusações sofridas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro é de escoltar criminosos durante os seus deslocamentos. Os policiais atuavam como seguranças particulares dos bandidos e impediam que outras organizações criminosas abordassem seus rivais durante os traslados.
Os policiais do Rio de Janeiro atuavam também no aluguel de armas da corporação para os traficantes das facções criminosas. Fuzis e outras armas potentes rendiam para a corporação criminosa milhares de reais sujos.
Os Policiais Militares do Rio de Janeiro também foram acusados de realizar sequestros de traficantes. Eles usavam dessa tática para pedir resgate às facções criminosas. Os bandidos eram extorquidos por até 10 mil reais.
Outro ato de corrupção cometido pelos policiais militares do Rio de Janeiro que foi denunciado na maior operação contra corrupção da categoria é a acusação de que os PMs recolhiam propina dos bandidos de quinta a domingo. Os valores poderiam chegar a 2,5 mil reais por pessoa. Esse valor era para que os negócios ilícitos não fossem “atrapalhados” pela PM.
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A corrupção policial é um problema sério que precisa ser combatido. Para isso, a Corregedoria Geral Unificada divulgou que nos últimos 10 anos, quase 400 policiais entre civis e militares foram exonerados.
Porém, esse número é muito pequeno se comparado aos casos de extorsão e corrupção praticados pelos policiais do Rio de Janeiro. Prova disso, são as milícias que são formadas por ex-policiais, mas também por muitos militares ainda na ativa.
Uma pesquisa revelou que 40% das comunidades do Rio de Janeiro são controladas pelas milícias que cobram propinas dos moradores por uma suposta proteção ou uma taxa de condomínio. Quem não paga é expulso das suas próprias casas ou sofrem perseguição policial.
O resultado disso é que a população tem tanto medo das milícias quanto dos traficantes. Ambas são organizações criminosas que estabelecem o seu poder sobre as pessoas mais indefesas do Rio de Janeiro.