Mesmo assim, ainda há dificuldades. Segundo a diretora, a comunidade tem mais de 140 famílias. Um dos destaques é a fabricação de artefatos de barro, tradição transmitida pelos ancestrais africanos. “As crianças, até o 5º ano gostam de pegar no barro, mas do 7º ao 9º ano, eles têm vergonha”.
A diretora assumiu em 2013 e desde então, trabalha no resgate da autoestima. A comunidade também está envolvida. Dona Irinéia Nunes é uma das artesãs que trabalha para despertar o interesse dos jovens. Ela é considerada uma das melhores artesãs do estado e consta no Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005.
A escola recebeu também, no ano passado, formação para a educação quilombola e para o ensino da história e cultura afro-brasileira pela Universidade Federal de Alagoas. Luciete aponta ainda que quando os estudantes saem da comunidade no ensino médio para estudar na cidade, sofrem muito preconceito, o que evidencia a carência desse ensino também nas demais escolas do município.
“Não tem material ou livro educativo, não está na grade oficialmente”, rebate o prefeito de União dos Palmares, município de Alagoas onde está localizada a Serra da Barriga, Carlos Alberto Baía (PSD). Ele ressalta que a questão é tratada nas escolas e que o município tem um grupo voltado para a discussão desse ensino, mas que a falta de material dificulta a aplicação da lei.
O secretário de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação, Paulo Nacif diz que a pasta intensificou nos últimos anos a produção de materiais que contêm a história e a cultura afro-brasileira. Além disso, ele diz que o MEC incentiva cursos de formação continuada dos professores e que apoia universidades para qeu ministrem esses cursos. “Temos que atuar mais perto de estados e municípios para que [a lei] tenha a capilaridade que queremos”, destaca.
“Ainda temos desafios e a implementação é desigual em estados e municípios. Mas penso que os passos foram dados e simbolizam uma mudança”, disse a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Nilma Lino Gomes.
*Da Agência Brasil