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Progesterona: o que é e qual sua função

O sistema genital feminino é formado por um par de ovários (gônadas femininas), que produzem ovócitos e hormônios sexuais femininos: estrógeno e progesterona; um par de tubas uterinas (antigamente chamadas de trompas de Falópio); um útero e uma vagina. 

As tubas uterinas desembocam no útero, órgão muscular e oco. É no útero que a mulher grávida aloja o embrião. O útero tem formato de uma pera invertida, com 7,5 cm de comprimento e 5 cm de largura. Durante a gravidez, o útero aumenta muito de tamanho, chegando a ter 35 cm de comprimento.

Do útero sai a vagina, que se abre nos órgãos genitais externos. A vagina recebe o pênis durante o ato sexual e é através dela que o bebê sai no momento do parto. A abertura da vagina e da uretra é protegida por dobras de pele e pelos lábios maiores e menores.

Um pouco acima do orifício da uretra está o clitóris, pequeno órgão formado pela união da parte de cima dos pequenos lábios. Por possuir muitas terminações nervosas, o clitóris é extremamente sensível a estímulos, podendo propiciar grande excitação sexual.

Qual a importância da progesterona?

A progesterona, de fórmula molecular C21H30O2, tem como função manter o endométrio (camada que reveste internamente o útero) desenvolvido. O baixo nível de progesterona elimina o estímulo que mantinha o endométrio desenvolvido, o qual fica na iminência de uma descamação (menstruação).

A interação dos hormônios gonadotrópicos com os produzidos pelo ovário determina uma série de alterações no sistema genital feminino, dando origem ao ciclo menstrual

A progesterona também é de suma importância na preparação das glândulas mamárias para a amamentação e na inibição das contrações uterinas, impedindo a expulsão do embrião ou feto durante a etapa de desenvolvimento. 

O ciclo menstrual

Os ovários de um bebê menina começam a funcionar já na fase embrionária, estimulados pelo hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG), produzido pela placenta e similar ao LH.

A partir da puberdade, de forma resumida, podemos dizer que, uma vez por mês, em média, o ovário lança um ovócito II na tuba uterina (ovulação) e o útero prepara-se para receber um embrião.

Se houver fecundação, o embrião se implantará e crescerá no útero. Caso não haja, o ovócito II degenera, e a parte interna do útero desmancha-se e é eliminada.

Após a ovulação, a alta concentração de LH (hormônio luteinizante) estimula a formação do corpo lúteo ou corpo amarelo no folículo que eliminou o ovócito II. Sob a influência do LH, o corpo lúteo inicia a produção de outro hormônio: a progesterona.

A progesterona estimula o desenvolvimento dos vasos sanguíneos e das glândulas do endométrio, que se torna espesso, vascularizado e cheio de secreções nutritivas (fase secretora).

A progesterona é importante também para manter o endométrio desenvolvido dentro do útero. O aumento da concentração de progesterona inibe a produção de LH pela hipófise (feedback negativo) e, assim, a concentração de LH decresce.

Por volta do dia 22º do ciclo, o corpo amarelo começa a regredir e com isso, os níveis de progesterona e de estrógeno sofrem redução. No 28º dia os níveis de progesterona, estrógeno, LH e FSH (hormônio folículo estimulante) estão baixos, sendo que o baixo nível de progesterona representa a eliminação do estímulo que mantém o endométrio desenvolvido.

Nessas condições, o endométrio fica condicionado a uma nova descamação, ocasionando a menstruação, reiniciando o ciclo. Durante a menopausa, ocorre uma queda brusca nos níveis de progesterona e, consequentemente, algumas alterações são perceptíveis, como retenção líquida e ganho de peso. 

Anticoncepcionais hormonais

Cartela com pílula anticoncepcional

A pílula anticoncepcional é um dos métodos de prevenção de gravidez mais popular (Foto: depositphotos)

Os hormônios femininos (estrógeno e progesterona), em doses adequadas, podem agir impedindo a ovulação. Por isso são os mais eficientes métodos anticoncepcionais reversíveis que existem até hoje, e sua indicação deve ser a critério médico.

O tipo mais conhecido é o que se apresenta sob a forma de comprimido: a pílula anticoncepcional. Outro tipo de contraceptivo hormonal é o injetável.

Existem várias formulações, tanto para uso mensal (uma injeção por mês) como para o uso trimestral (uma injeção a cada três meses). Seu efeito é muito semelhante ao da pílula.

Existe ainda um contraceptivo hormonal de longa duração implantado sob a pele. Tem de ser aplicado e retirado por um médico, por meio de um pequeno procedimento cirúrgico normalmente realizado no próprio consultório.

É sugerido principalmente para mulheres que já tenham tido os filhos desejados, pois se trata de um método para uso prolongado. 

Gravidez

Mulher grávida com ultrassom

A progesterona impede a expulsão do embrião na mulher grávida (Foto: depositphotos)

Depois que o pênis ejacula, os espermatozoides depositados na vagina nadam pelo útero até a parte superior das tubas, onde ocorre a fecundação. A tuba é revestida por células com cílios, cujos movimentos, juntamente com contrações musculares, levam o zigoto em direção ao útero.

O ovócito II pode ser fecundado em um período de 24 a 36 horas após ter sido eliminado do ovário. Alguns espermatozoides podem permanecer vivos no sistema genital feminino por 72 horas (ou mais). Assim, uma mulher pode engravidar se tiver uma relação 72 horas antes da ovulação e até 36 horas depois.

Em caso de gravidez, a placenta produz o hormônio hCG, que mantém o corpo lúteo ativo e impede que haja menstruação e ovulação. A detecção desse hormônio na urina ou no sangue serve de método para identificar a gravidez.

Os testes de gravidez comprados em farmácia detectam o hCG na urina, em geral, 14 dias depois da concepção, mas não são infalíveis. Por isso, qualquer que seja o resultado, deve-se procurar um médico, que indicará um teste mais preciso.

A partir do terceiro mês, com a produção de progesterona e estrógenos pela placenta, o corpo lúteo degenera, e o processo torna-se independente do ovário.

O fato da menstruação não ocorrer no fim do ciclo pode indicar gravidez, mas também pode ser apenas um atraso causado por algum problema. Por isso, é preciso que o médico realize exames de sangue para verificar se a mulher está de fato grávida.

Referências

» BITTAR, Roseli Saraiva Moreira. Labirintopatias hormonais: hormônios esteroides, estrógeno e progesterona. Int Arch of Otorhinolaryngol, v. 1, p. 32-36, 1997.

» CANALI, Enrico Streliaev; KRUEL, Luiz Fernando Martins. Respostas hormonais ao exercício. Revista Paulista de Educação Física, v. 15, n. 2, p. 141-153, 2017.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.