Biologia,Genética

Progesterona: o que é e qual sua função

O sistema genital feminino é formado por um par de ovários (gônadas femininas), que produzem ovócitos e hormônios sexuais femininos: estrógeno e progesterona; um par de tubas uterinas (antigamente chamadas de trompas de Falópio); um útero e uma vagina. 

As tubas uterinas desembocam no útero, órgão muscular e oco. É no útero que a mulher grávida aloja o embrião. O útero tem formato de uma pera invertida, com 7,5 cm de comprimento e 5 cm de largura. Durante a gravidez, o útero aumenta muito de tamanho, chegando a ter 35 cm de comprimento.

Do útero sai a vagina, que se abre nos órgãos genitais externos. A vagina recebe o pênis durante o ato sexual e é através dela que o bebê sai no momento do parto. A abertura da vagina e da uretra é protegida por dobras de pele e pelos lábios maiores e menores.

Um pouco acima do orifício da uretra está o clitóris, pequeno órgão formado pela união da parte de cima dos pequenos lábios. Por possuir muitas terminações nervosas, o clitóris é extremamente sensível a estímulos, podendo propiciar grande excitação sexual.

Qual a importância da progesterona?

A progesterona, de fórmula molecular C21H30O2, tem como função manter o endométrio (camada que reveste internamente o útero) desenvolvido. O baixo nível de progesterona elimina o estímulo que mantinha o endométrio desenvolvido, o qual fica na iminência de uma descamação (menstruação).

A interação dos hormônios [5] gonadotrópicos com os produzidos pelo ovário determina uma série de alterações no sistema genital feminino, dando origem ao ciclo menstrual [6]

A progesterona também é de suma importância na preparação das glândulas mamárias para a amamentação e na inibição das contrações uterinas, impedindo a expulsão do embrião ou feto durante a etapa de desenvolvimento. 

O ciclo menstrual

Os ovários de um bebê menina começam a funcionar já na fase embrionária, estimulados pelo hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG), produzido pela placenta e similar ao LH.

A partir da puberdade, de forma resumida, podemos dizer que, uma vez por mês, em média, o ovário lança um ovócito II na tuba uterina (ovulação) e o útero prepara-se para receber um embrião.

Se houver fecundação, o embrião se implantará e crescerá no útero. Caso não haja, o ovócito II degenera, e a parte interna do útero desmancha-se e é eliminada.

Após a ovulação, a alta concentração de LH (hormônio luteinizante) estimula a formação do corpo lúteo ou corpo amarelo no folículo que eliminou o ovócito II. Sob a influência do LH, o corpo lúteo inicia a produção de outro hormônio: a progesterona.

A progesterona estimula o desenvolvimento dos vasos sanguíneos e das glândulas do endométrio, que se torna espesso, vascularizado e cheio de secreções nutritivas (fase secretora).

A progesterona é importante também para manter o endométrio desenvolvido dentro do útero. O aumento da concentração de progesterona inibe a produção de LH pela hipófise (feedback negativo) e, assim, a concentração de LH decresce.

Por volta do dia 22º do ciclo, o corpo amarelo começa a regredir e com isso, os níveis de progesterona e de estrógeno sofrem redução. No 28º dia os níveis de progesterona, estrógeno, LH e FSH (hormônio folículo estimulante) estão baixos, sendo que o baixo nível de progesterona representa a eliminação do estímulo que mantém o endométrio desenvolvido.

Nessas condições, o endométrio fica condicionado a uma nova descamação, ocasionando a menstruação [7], reiniciando o ciclo. Durante a menopausa, ocorre uma queda brusca nos níveis de progesterona e, consequentemente, algumas alterações são perceptíveis, como retenção líquida e ganho de peso. 

Anticoncepcionais hormonais

Cartela com pílula anticoncepcional

A pílula anticoncepcional é um dos métodos de prevenção de gravidez mais popular (Foto: depositphotos)

Os hormônios femininos (estrógeno e progesterona), em doses adequadas, podem agir impedindo a ovulação. Por isso são os mais eficientes métodos anticoncepcionais reversíveis que existem até hoje, e sua indicação deve ser a critério médico.

O tipo mais conhecido é o que se apresenta sob a forma de comprimido: a pílula anticoncepcional. Outro tipo de contraceptivo [8] hormonal é o injetável.

Existem várias formulações, tanto para uso mensal (uma injeção por mês) como para o uso trimestral (uma injeção a cada três meses). Seu efeito é muito semelhante ao da pílula.

Existe ainda um contraceptivo hormonal de longa duração implantado sob a pele. Tem de ser aplicado e retirado por um médico, por meio de um pequeno procedimento cirúrgico normalmente realizado no próprio consultório.

É sugerido principalmente para mulheres que já tenham tido os filhos desejados, pois se trata de um método para uso prolongado. 

Gravidez

Mulher grávida com ultrassom

A progesterona impede a expulsão do embrião na mulher grávida (Foto: depositphotos)

Depois que o pênis ejacula, os espermatozoides depositados na vagina nadam pelo útero até a parte superior das tubas, onde ocorre a fecundação. A tuba é revestida por células com cílios, cujos movimentos, juntamente com contrações musculares, levam o zigoto em direção ao útero.

O ovócito II pode ser fecundado em um período de 24 a 36 horas após ter sido eliminado do ovário. Alguns espermatozoides podem permanecer vivos no sistema genital feminino [9] por 72 horas (ou mais). Assim, uma mulher pode engravidar se tiver uma relação 72 horas antes da ovulação e até 36 horas depois.

Em caso de gravidez, a placenta produz o hormônio hCG, que mantém o corpo lúteo ativo e impede que haja menstruação e ovulação. A detecção desse hormônio na urina ou no sangue serve de método para identificar a gravidez.

Os testes de gravidez comprados em farmácia detectam o hCG na urina, em geral, 14 dias depois da concepção, mas não são infalíveis. Por isso, qualquer que seja o resultado, deve-se procurar um médico, que indicará um teste mais preciso.

A partir do terceiro mês, com a produção de progesterona e estrógenos pela placenta, o corpo lúteo degenera, e o processo torna-se independente do ovário.

O fato da menstruação não ocorrer no fim do ciclo pode indicar gravidez, mas também pode ser apenas um atraso causado por algum problema. Por isso, é preciso que o médico realize exames de sangue para verificar se a mulher está de fato grávida.

Referências

» BITTAR, Roseli Saraiva Moreira. Labirintopatias hormonais: hormônios esteroides, estrógeno e progesterona. Int Arch of Otorhinolaryngol, v. 1, p. 32-36, 1997.

» CANALI, Enrico Streliaev; KRUEL, Luiz Fernando Martins. Respostas hormonais ao exercício. Revista Paulista de Educação Física, v. 15, n. 2, p. 141-153, 2017.