Existe ainda uma intensa representação dos elementos mágicos como algo sem explicação, de maneira totalmente intuitiva. O tempo é cíclico e não linear, além de distorcido. Os sonhos também são importantes nessa corrente, uma vez que os protagonistas das tramas desenvolvem, com freqüência, o terreno do onírico.
Com relação à forma de narrar, os relatos do realismo mágico latino-americano podem ser em primeira, segunda ou terceira, sendo também comum a existência de narradores múltiplos, que vão se alternando no decorrer da estória.
Quanto aos temas, há uma variedade de épocas históricas, uma essência cultural da miscigenação e utilização dos Ç. Além disso, as tramas do realismo mágico costumam desenvolver-se em ambientes mais pobres e marginais, proporcionando o conhecimento de diferentes realidades, a partir da postura social do escritor.
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O realismo mágico surgiu em um período muito conturbado da América Latina: os processos ditatoriais entre as décadas de 1960 e 1970. É algo como uma forma de reagir usando o fantástico para reforçar palavras contrárias aos regimes de ditadura.
Outra grande influência ao movimento foi a diferença entre a cultura da tecnologia e a cultura da superstição que estava em alta na América Latina neste período.
O movimento, inclusive, se expandiu, influenciando alguns escritores europeus. Havia uma preocupação estilística, além de um grande interesse em mostrar o irreal e utópico como sendo algo não só possível, mas cotidiano e bastante comum.
O realismo mágico, por incrível que pareça, carrega algumas características em comum com o realismo épico: a verossimilhança interna ao fantástico e ao irreal indo contra as atitudes niilistas que eram assumidas por vanguardas do começo do século XX, como o surrealismo, por exemplo.
A consagrada obra “Cem Anos de Solidão”, do colombiano Gabriel García Márquez, por exemplo, é uma obra do realismo mágico em que alguns personagens ficam surpresos quando se deparam com elementos fantásticos, mas ainda assim suas atitudes demonstram que aquilo era algo totalmente possível de acontecer de forma natural.
A peste de insônia e de esquecimento que atinge a população, assim como a morte e o retorno à vida de um cigano e uma mulher que vai ao céu, entre muitas outras partes do livro demonstram esse realismo fantástico.
Os principais autores do movimento são Gabriel García Márquez, da Colômbia; Manuel Scorza, do Peru; Julio Cortázar, da Argentina; Horacio Quiroga, do Uruguai; Isabel Allende, do Chile; Arturo Uslar Pietri, da Venezuela – este considerado o pai do realismo mágico -; Murilo Rubião e José J. Veiga, do Brasil; Alejo Carpentier, de Cuba; Miguel Angel Astúrias, da Guatemala; e Juan Rulfo, do México.
Saiba mais sobre alguns dos escritores a seguir:
Considerado um dos escritores mais importantes do século XX, o colombiano Gabriel García Márquez foi o maior representante do denominado Realismo Mágico na literatura latino-americana [6].
Dentre as obras consagradas do Prêmio Nobel de Literatura (1982) estão “Cem Anos de Solidão” (1967), “Crônica de uma morte anunciada” (1981), “O Amor nos Tempos do Cólera” (1985), “Ninguém escreve ao coronel” (1961), “Memórias de minhas putas tristes” (2004), dentre outras.
Considerado um dos escritores mais inovadores e originais de seu tempo, Cortázar também utiliza-se de características do realismo mágico em vários de seus contos, como em “Axolotl”, por exemplo. Dentre as suas principais obras estão “Rayuela” (1963), “Carta uma senhorita em Paris” (1963), “História de Cronópios e de Famas” (1962), “Bestiário” (1951), “Todos os fogos o fogo” (1966), dentre outros.
Veja também: Literatura: Conheça os tipos de personagens [7]
Nascido em Havana, Cuba, Alejo Carpentier é considerado um dos criadores do realismo mágico. Ao abordar a realidade americana, demonstrou como o maravilhoso podia ser encontrado a cada passo no continente. Suas obras incluem “O reino deste mundo” (1949), “O recurso do método” (1974), “A consagração da primavera” (1978) e “A harpa e a sombra” (1979).
Apesar de ter publicado apenas duas obras em vida, a influência do mexicano Juan Rulfo na narrativa latino-americana foi enorme, sendo sentida na obra de vários escritores que protagonizaram o denominado “boom latinoamericano”. É considerado um dos principais precursores do realismo mágico, com o título “Pedro Páramo”, publicado em 1955.
A escritora chilena Isabel Allende também é considerada uma representante do realismo mágico latino-americana. Suas principais obras incluem “A Casa dos Espíritos” (1982), “De Amor e de Sombra” (1984), “Eva Luna” (198), dentre outras.
*Débora Silva é graduada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas).
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