Esse enfraquecimento do governo militar acabou dando chance para a abertura política – como era chamada a redemocratização na época – ocorrer efetivamente, sendo mais que uma boa vontade do governo. Durante esse período, tiveram destaque os Sindicatos de Trabalhadores do ABC Paulista, que organizaram diversas e enormes manifestações exigindo melhorias de condições de trabalho. O apoio partiu de todos os lados, aumentando a força da briga. Houve apoio, inclusive, de alguns membros da igreja católica, como Dom Evaristo Arns – arcebispo de São Paulo – e Dom Helder Câmara – arcebispo de Olinda. Além disso, a imprensa alternativa tinha um grande engajamento e força junto à oposição ao governo.
No ano de 1974 foi efetivada a lei da Anistia, que abonava a culpa de condenados por crimes políticos e, ironicamente, também abonou a culpa dos torturadores. Ainda nesse ano, foi estabelecida a lei que acabava com o bipartidarismo, liberando a população a criar novos partidos, lei que ficou conhecida como Lei Orgânica dos Partidos. Algumas das legendas políticas importantes no Brasil até os dias atuais surgiram nesse momento, como o PT, PMDB, e PFL (atual DEM).
A redemocratização, no entanto, teve o seu momento ápice durante o movimento que ficou conhecido como “Diretas Já!”. As Diretas mobilizaram milhões de brasileiros ao final do mandato de João Figueiredo como presidente, visando pressionar o Legislativo a finalmente aprovar a Emenda Dante de Oliveira, que era responsável por possibilitar as eleições diretas para Presidência da República.
Foi algo que marcou a década de 80 no Brasil e teve como influência diversas personalidades das artes e várias outras áreas. A emenda, no entanto, não foi aprovada, mas o candidato que era apoiado pelo povo, o Tancredo Neves, foi eleito de forma indireta. O mais frustrante, todavia, foi que o candidato faleceu antes de assumir o cargo, sendo empossado José Sarney, vice de Tancredo, que apoiava a ditadura militar e foi transformado em democrata. O político era originário da Arena, partido que apoiava o regime militar, além de seu sucessor, o PDS.