História,Idade Média

Reforma anglicana

A reforma anglicana está inserida no contexto da chamada reforma religiosa (século XVI). A ruptura de caráter político em relação à Igreja Católica esteve entre os grandes acontecimentos do início da Idade Moderna e foi uma das marcas deixadas pelo monarca absoluto, representante da dinastia Tudor, Henrique VIII. Vejamos a seguir os principais acontecimentos que motivaram o surgimento dessa religião.

Antecedentes da reforma anglicana

Henrique VIII herdou o trono da Inglaterra após a morte de seu pai, Henrique VII, sendo coroado em 1509. Almejava governar com poderes absolutos, sem a interferência da Igreja Católica no território inglês.

Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão (princesa da Espanha), que já havia sido casada com o irmão mais velho de Henrique VIII, Artur, Príncipe de Gales. O irmão de Henrique VIII teria morrido sem consumar o casamento, motivo alegado pelo monarca inglês para conseguir aprovação da Igreja e casar-se com a princesa espanhola.

A reforma anglicana foi motivada pelo negação do divórcio do rei Henrique VIII e Catarina de Aragão

Com o rompimento com a igreja católica, o rei ampliou seus poderes políticos e religiosos na Inglaterra (Foto: Pixabay)

Henrique VIII desejava ter um filho para sucedê-lo no trono e acusava Catarina de negar-lhe esse desejo. Utilizando-se desse argumento, começou um relacionamento amoroso com uma inglesa, dama de sua esposa, Ana Bolena.

No ano de 1527, o rei absoluto inglês pediu ao papa Clemente VII que concedesse o divórcio com Catarina de Aragão, visando casar-se com Ana Bolena. Entre os motivos alegados, foi o de que seu irmão, Artur, havia consumado o casamento com sua atual esposa.

Conceder o divórcio a Henrique VIII significaria, para o Papa, virar as costas para a Espanha, que era predominantemente cristã. Diante disso, o divórcio foi negado.

Veja tambémO que é intolerância religiosa e qual religião é mais atingida no Brasil [1]

O ato de supremacia

A recusa do divórcio com Catarina de Aragão era o pretexto que Henrique VIII esperava para poder alcançar seu principal objetivo, que seria o de romper com a Igreja Católica e ampliar seus poderes políticos e religiosos na Inglaterra.

Blainey (2012) afirma que:

a disputa resultou na excomunhão de Henrique VIII. Assim, com a aprovação do Parlamento inglês, convocado depois de longo recesso, ele se nomeou ‘chefe supremo da Igreja’ na Inglaterra e, aos poucos, confiscou as propriedades e os direitos do papa.

O ato do parlamento em conceder amplos poderes a Henrique VIII após o rompimento com a Igreja Católica ficou conhecido como Ato de Supremacia (1534).

Após o divórcio com Catarina de Aragão e o casamento com Ana Bolena, Henrique VIII casou-se com mais quatro mulheres, sendo elas: Jane Seymour; Ana de Cleves; Catarina Howard e Catarina Parr.

As consequências da reforma anglicana

A reforma anglicana proporcionou a Henrique VIII o confisco de terras eclesiásticas e a ampliação de seu poder real. “Com a morte de Henrique, caberia à sua filha, a rainha Elizabeth I (1558-1603), a tarefa de consolidar o anglicanismo como religião oficial da Inglaterra” (AZEVEDO; SERIACOPI, 2008).

Veja também: Filosofia da religião [2]

Por ser uma ruptura mais política que religiosa muitas igrejas Anglicanas passaram a ter um rito e doutrina muito semelhante ao da Igreja Católica, sendo considerada por muitos como a reforma menos protestante de todas.

Contudo, os desdobramentos dessa reforma religiosa, juntamente com as reformas luterana e calvinista, levaram a Igreja Católica a realizar um movimento que ficou conhecido como Contrarreforma.

Referências

» BLAINEY, G. Uma breve história do cristianismo. 1 ed. São Paulo: Editora Fundamento Educacional Ltda, 2012.

» SERIACOPI, R.; AZEVEDO, G. C. História: volume único. 1 ed. São Paulo: Ática, 2005.