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Seleção natural

Evolução e adaptação são palavras que possuem relação direta com o conceito de seleção natural. Além desses termos, é importante mencionar os pesquisadores que deram início aos estudos desse processo, como os ingleses Charles Darwin e Alfred Russel Wallace.

Em dezembro de 1831, o naturalista Charles Darwin (1809-1882) realizou uma viagem ao redor do mundo a bordo do navio H. M S. Beagle. Durante essa viagem, Darwin coletou muitos animais, plantas e fósseis de diferentes locais por onde o navio passou.

Com base em muitas observações da natureza, ele começou a contestar a imutabilidade das espécies. Nos 20 anos que se seguiram após seu retorno, Darwin trabalhou em muitos outros projetos de pesquisa e amadureceu suas ideias sobre evolução.

Na mesma época, o naturalista Alfred Russel Wallace (1823-1913) realizou no período de 1848 a 1850 uma viagem pelo Amazonas, acumulando valiosa coleção de organismos dessa região. Infelizmente, a coleção foi perdida em um incêndio quando retornava à Inglaterra.

Desenho de Charles Darwin

Assim como Wallace, Charles Darwin também se dedicou aos estudos sobre seleção natural (Foto: depositphotos)

Wallace sobreviveu a esse acidente e conseguiu salvar muitas de suas anotações, que se tornaram a base para a publicação de um livro. Depois, viajou ao arquipélago malaio entre 1854 e 1862, retornando ao seu país, onde se dedicou à inúmeras pesquisas científicas e à publicação de muitos livros.

Quando Wallace estava no arquipélago malaio, escreveu uma carta para Darwin apresentando as ideias que vinha desenvolvendo a respeito da evolução das espécies [1] por seleção natural. Ao ler a carta de Wallace, Darwin constatou semelhança com ideias que ele também vinha desenvolvendo.

Desse modo, em 1858, Darwin e Wallace escreveram, separadamente, textos sobre evolução por seleção natural que foram apresentados à comunidade científica. Confira a seguir mais detalhes sobre o que é a seleção natural, seus exemplos, tipos e outros assuntos que a envolve.

Seleção natural

Podemos definir seleção natural como um processo que seleciona os indivíduos mais bem adaptados à determinada condição do meio, eliminando os desvantajosos. Os mais bem adaptados são aqueles que conseguiram sobreviver e deixar descendentes.

Animais selvagens reunidos

Na seleção natural, os animais mais bem adaptados conseguem sobreviver e ter seus descendentes (Foto: depositphotos)

A seleção natural atua sobre os fenótipos, que resultam da interação entre genótipos e o meio. O ambiente não representa um sistema estável, nem ao longo do tempo, nem ao longo do espaço, o que propicia diferentes pressões seletivas na população.

Isso evita a eliminação de determinados fenótipos que em um ambiente constante e estável não seriam mantidos. Dessa forma, a variabilidade genética [7] sofre menor redução.

Dependendo do ambiente, por exemplo, pode ser que sejam mantidas na população até mesmo características fenotípicas que normalmente seriam eliminadas por serem pouco adaptativas. Um exemplo na espécie humana é a doença chamada anemia falciforme ou siclemia.

Exemplos de seleção natural

A resistência de bactérias aos antibióticos e de insetos aos inseticidas tem aumentado muito nos últimos anos, havendo sempre a necessidade de se desenvolver novos antibióticos e novos inseticidas.

Tomemos como exemplo a resistência aos antibióticos. Para isso, imaginemos inicialmente a existência de bactérias adaptadas à determinada condição ambiental. Se introduzirmos nesse ambiente certa quantidade de antibiótico, haverá grande mortalidade de bactérias.

Mas, algumas que já apresentavam mutações que lhes conferem resistência à essa substância, sobreviverão. Estas por sua vez, ao se reproduzirem, originarão indivíduos com características distribuídas em torno de outro tipo médio.

Se esses indivíduos forem submetidos à doses mais altas desse antibiótico, novamente haverá alta mortalidade e sobreviverão apenas os que já tiverem condições genéticas para resistir à doses mais altas do remédio.

Repetindo-se o procedimento, será possível obter populações formadas por um grande número de indivíduos resistentes ao antibiótico em questão. Assim, pode ocorrer um deslocamento da média das características no sentido da maior resistência à determinada substância.

Teoria Sintética da Evolução

Com o redescobrimento, em 1900, dos trabalhos de Mendel [8] com ervilhas e as discussões sobre mutações gênicas, surgidas na época, os adeptos da genética mendeliana passaram a propor que apenas as mutações seriam responsáveis por evolução.

A seleção natural, segundo essa interpretação, não teria participação nesse processo. Somente mais tarde, vários pesquisadores voltaram a dar importância à seleção natural e a relacionar as contribuições da genética, da paleontologia e da sistemática em uma nova teoria, que ficou conhecida como teoria sintética da evolução.

Segundo a síntese evolutiva, os principais fatores que atuam em uma população são mutação [9], recombinação genética (permutação), migração, seleção natural e deriva genética [10].

O que é mutação?

As mutações são uma das fontes primárias de variabilidade. As mutações não ocorrem para adaptar o indivíduo ao ambiente, elas ocorrem ao acaso e, por seleção natural, tendem a ser mantidas quando adaptativas (seleção positiva) ou eliminadas em caso contrário (seleção negativa).

Há também mutações gênicas [11] que são neutras. Podem ocorrer em células somáticas ou em células germinativas. Neste último caso, as mutações são de fundamental importância para a evolução, pois são transmitidas aos descendentes.

Tipos de seleção natural

Seleção natural e artificial

Como vimos, seleção natural é um processo que ocorre naturalmente de acordo com o ambiente que o indivíduo se encontra. As pressões do meio selecionarão as características mais vantajosas para que o mesmo sobreviva, se adapte e gere descendentes.

A seleção artificial acontece quando há interferência humana no processo. O homem seleciona as características que lhe for de interesse, realizando cruzamento entre os indivíduos que apresentarem as características desejadas.

Ideias centrais de Darwin

Em 1859, Charles Darwin [12] publicou o livro que começou a mudar a história da Biologia. “A origem das espécies por meio da seleção natural,” ou “A preservação das raças favorecidas na luta pela vida”. Em seu livro, Darwin propunha algumas premissas, e, dentre elas duas ideias centrais:

Um dos muitos elementos que contribuíram para as ideias de Darwin foi a fauna do arquipélago de Galápagos, localizado no Oceano Pacífico, a cerca de 1000 quilômetros  do continente sul-americano e formado por um conjunto de ilhas vulcânicas.

Desenho de Charles Darwin

Através de estudos em um arquipélago, Darwin conseguiu elaborar suas teorias evolutivas (Foto: depositphotos)

Darwin ficou impressionado com os jabutis gigantes e com as espécies de tentilhões (ave) que ocorrem nas diferentes ilhas. A semelhança entre essas espécies de tentilhões e a que vive no continente sul-americano levou Darwin a supor que indivíduos da população de tentilhões do continente teriam migrado, há muito tempo, para essas ilhas.

Por seleção natural, teriam surgido populações adaptadas a diferentes modos de vida, dando origem às diferentes espécies.

Com base na análise de dados semelhantes a esses e de muitos outros, inclusive de fósseis, Darwin ficou convencido de que as espécies podem mudar ao longo do tempo. Ou seja, evoluir, e começou a buscar explicações para esse processo.

Referências

DO CARMO, Viviane Arruda; MARTINS, Lilian Al-Chueyr Pereira. “Charles Darwin, Alfred Russel Wallace e a seleção natural: um estudo comparativo“. Filosofia e História da Biologia, v. 1, n. 1, p. 335-350, 2006.

JORDE, Lynn B. “Genética médica“. Elsevier Brasil, 2004.