Embora, a máquina não esteja realmente com bicho dentro dela, mas é como se fosse uma espécie de dano que precisa ser consertado. Desta forma, a expressão bugado, nada mais é que bichado, ruim, com problemas. O sistema está com bug ou bugado, significa que ele está com erro, bichado, com defeito.
O mais interessante disso tudo é que a língua é um organismo vivo, que se renova, absorve e deixa para trás algumas palavras. Logo, a palavra bug com significado em português logo foi adotada pela norma coloquial e muitas pessoas já a utilizam fora do universo da informática.
Por exemplo, se alguém está confuso, cometendo alguns erros, dizem: “ela está bugada”. A mesma expressão serve para outros equipamentos eletrônicos como celulares ou eletrodomésticos, “deu bug na máquina de lavar”, por exemplo.
Ou seja, a palavra bug embora na tradução literal signifique bicho, atualmente ela é empregada para referir-se ao erro no computador ou adaptada para situações do dia a dia nas quais as pessoas querem dizer que as coisas não estão corretas, estão “bugadas”.
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Essa expressão, bug, veio à tona no final da década de 90. Ela estava em capas de revistas especializadas e de negócios, ocupou os jornais e foi pauta de matérias de televisão, isso porque ela estava relacionada a outro problema muito maior do que um pequeno erro em um computador individual.
O bug do milênio nada mais era do que um erro coletivo em todos os sistemas de computadores do mundo. Isso deveria acontecer na virada de 1999 para o ano 2000.
Para você entender o que foi o bug do milênio, precisa compreender como funcionam os sistemas de computadores à época da criação das primeiras máquinas.
Na década de 60, quando os computadores começaram a ganhar fama e passaram a ser produzidos em uma escala maior, adotou-se alguns padrões de hardware e software.
Uma grande parte dos sistemas utilizavam a linguagem Cobol que mudava apenas os dois últimos dígitos a cada ano. Os dois primeiros para economizar memória, eram repetidos como 19. Ou seja, na virada de 1991 para 1992, o computador só precisava mudar os dois últimos números: 91 para 92. O 19 da frente era só repetido, estático.
Isso foi projetado assim pela enorme necessidade de se economizar espaço e memória das máquinas que eram mínimos.
Dessa forma, começou o burburinho sobre os possíveis erros que bancos de dados, bancos, instituições, empresas ou qualquer outra mídia sofreria na virada do ano 1999 para 2000.
Simplesmente, o sistema iria pular do 99 para 00, como já era previsto, entretanto o 19 iria permanecer estático, ou seja, os computadores iriam fazer a leitura da data como 1900.
Na prática, isso iria dar um bug nos sistemas mais antigos. Se você partir para a complexidade do fato, iria ter muita confusão com arquivos e processos já em andamento, pois de uma hora para outra, a data automaticamente iria retroceder: boletos iriam ter 100 anos de atraso, juros em cima de juros e inúmeros danos aos patrimônios seriam criados.
Os especialistas temiam que uma série de erros pudesse comprometer os sistemas do mundo inteiro. É claro que grande parte dos sistemas já havia sido atualizada, portanto, esse temor do bug do milênio foi feito principalmente por pessoas que não entendiam do assunto.
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Porém, caso os sistemas não tivessem mesmo passado por atualizações, os danos seriam grandes, como por exemplo: transportes como metrô sem funcionar direito, contas bancárias zeradas, pois o ano voltaria a ser 1900, quando boa parte dos investimentos sequer teriam sido feitos. Aviões sem rotas, fornecimento de energia e água cortados e cadeados e cofres eletrônicos sem bloqueio etc.
Apesar da correria para tentar consertar o bug do milênio e evitar prejuízos aos bancos, credores e instituições, o evento foi menos inofensivo do que se previa.
Isso aconteceu, pois, as grandes empresas buscaram especialistas para solucionar o problema antes que ele acontecesse. Profissionais do mundo inteiro se uniram e divulgavam processos e ações que precisavam ser feitos para evitar um erro nos sistemas.
A adoção de novos sistemas também evitou o bug do milênio. Atualmente, essa ameaça é vista como um exagero da época, pois grande parte dos computadores e sistemas já sabiam interpretar a virada do milênio. Apenas algumas poucas empresas mantinham sistemas tão antigos, cuja origem remontava as décadas de 60, 70 ou 80.
O mundo inteiro gastou mais de 300 bilhões para evitar o bug do milênio. Mas na realidade somente alguns sistemas “bugaram”.
Os sistemas de transporte público da Austrália e França apresentaram erros nas datas. No Japão também algumas marcas de equipamento de radiação e na Inglaterra, alguns equipamentos médicos também apresentaram erro na virada de 1999 para 2000. Tudo muito distante da catástrofe que se previu.
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