Anatomia,Biologia

Sistema Cardiovascular

A função de circulação do nosso corpo é realizada pelo sistema cardiovascular, que é dividido em dois distritos: o sanguíneo e o linfático. Sendo assim, o sistema cardiovascular engloba tanto o sistema circulatório sanguíneo quanto o linfático.

Os principais componentes são: o coração, os vasos sanguíneos e o sangue. O sistema cardiovascular é de grande importância, pois enquanto o sangue circula pelo corpo, ele transporta nutrientes e oxigênio para o organismo.

Sistema vascular linfático

Também conhecido como distrito linfático, é formado por vasos muito finos, chamados de capilares linfáticos, que se localizam entre as células dos tecidos. Esse sistema tem a função de drenar o excesso de líquido intercelular.

Modelo do sistema cardiovascular

Esse sistema é formado por dois distritos: o sanguíneo e o linfático (Foto: depositphotos)

Sistema vascular sanguíneo

No distrito sanguíneo (ou sistema vascular sanguíneo) encontra-se o coração, que é o órgão central da circulação. O coração [6] é um órgão muscular que impulsiona o sangue para vasos denominados artérias.

Estas se ramificam em vasos cada vez mais finos, as arteríolas, e depois em capilares, os quais conduzem o sangue entre as células dos tecidos. Os capilares reúnem-se em vênulas, que se reúnem em vasos cada vez mais calibrosos, as veias, as quais chegam ao coração.

As artérias apresentam musculatura não estriada muito desenvolvida, capaz de suportar a pressão exercida pelo sangue que sai do coração. Já nas veias, a musculatura não estriada é menos desenvolvida, sendo fundamental a participação da musculatura esquelética na condução do sangue. Nas veias há válvulas que impedem o refluxo do sangue.

O coração

Assim como nos demais mamíferos [7], o coração humano tem quatro câmaras distintas, dois átrios e dois ventrículos, e nele não há mistura de sangue arterial com o venoso.

Entre o átrio direito e o ventrículo direito encontra-se a valva atrioventricular direita (ou válvula tricúspide). E entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo há a valva atrioventricular esquerda (ou válvula mitral).

Essas valvas impedem que o sangue impulsionado com força e pressão pelos ventrículos para as artérias retorne para os átrios. Na abertura da artéria pulmonar no ventrículo direito há a valva pulmonar, e na abertura da aorta no ventrículo esquerdo encontra-se a valva aórtica. Elas impedem o retorno do sangue aos ventrículos.

O sangue chega venoso ao átrio direito do coração pelas veias cavas, passa para o ventrículo direito e é conduzido para a artéria pulmonar. Esta conduz o sangue venoso para os pulmões, onde será oxigenado.

O sangue, agora arterial, retorna para o átrio esquerdo pelas veias pulmonares. Do átrio esquerdo passa para o ventrículo esquerdo e deste para a artéria aorta, que leva sangue arterial para ser distribuído por todo corpo.

O coração de uma pessoa adulta tem 300 gramas em média e o volume aproximado da mão fechada do indivíduo. Esse órgão é capaz de impulsionar para o corpo cerca de 70 ml de sangue a cada contração. Os movimentos de contração do músculo do coração são denominados sístole e os movimentos de relaxamento, diástoles.

Sístole e diástole

Quando os átrios estão em sístole, bombeiam sangue para os ventrículos, que estão em diástole. Quando os ventrículos entram em sístole, os átrios entram em diástole, recebendo sangue venoso proveniente do corpo (átrio direito) e sangue arterial proveniente dos pulmões (átrio esquerdo).

Os batimentos cardíacos na espécie humana são originados por fenômenos miogênicos, que são provenientes do próprio músculo cardíaco. Neste, há dois nós especiais: o sinoatrial e o atrioventricular.

Inicialmente, o nó sinoatrial atua como um marca-passo e determina a contração dos átrios. Desse nó partem impulsos em direção ao nó atrioventricular, que transmite esses impulsos a fibras condutoras especiais que determinam a sístole do ventrículo.

O coração continua batendo por algum tempo mesmo quando suas inervações são cortadas, provando que o estímulo da contração é de origem miogênica. Apesar desse automatismo da contração, os batimentos cardíacos têm mecanismos reguladores relacionados com o sistema nervoso [8] autônomo.

Os nervos que atuam sobre o coração permitem ajustes nas frequências cardíacas de acordo com as necessidades do organismo. Existem os que provocam aumento da frequência cardíaca e os que provocam diminuição dessa frequência.

No momento em que a musculatura do ventrículo se contrai (sístole ventricular), a pressão exercida no sistema de vasos arteriais é chamada pressão sistólica arterial. Em uma pessoa saudável e jovem, ela é da ordem de 120 mmHg (milímetros de mercúrio), aproximadamente.

Quando a musculatura do ventrículo sofre relaxamento, a pressão diminui, falando-se em pressão diastólica arterial. Em uma pessoa saudável e jovem, ela é da ordem de 80 mmHg, aproximadamente. Esses valores podem sofrer variações, ainda dentro de padrões considerados normais, em função de fatores como idade e sexo.

O número de contrações realizadas pelo coração por minuto corresponde à frequência cardíaca, que em uma pessoa normal, em repouso, é da ordem de 70 contrações por minuto, aproximadamente. Essa frequência oscila, dentro de valores considerados normais, em função de variáveis como sexo e idade.

Doenças cardiovasculares

Indivíduos com pressão arterial constantemente alta são considerados hipertensos; os que possuem constantemente baixa são hipotensos. Alguns fatores podem aumentar pressão arterial, como a obstrução das artérias pelo colesterol.

A hipertensão é responsável por 13% das mortes por doenças cardiovasculares. Outras doenças muito frequentes que envolvem o coração são: arritmia cardíaca, AVC, infarto, insuficiência cardíaca, parada cardíaca, entre outros.

Um marco na medicina

Os experimentos do médico inglês William Harvey (1578-1657) marcaram a medicina. Ele foi o primeiro a descrever corretamente e em detalhes o sistema circulatório [9]. Em 1628 publicou seus dados que são considerados, até hoje, importante referência.

O sucesso de seu trabalho se deveu, em grande parte, à experimentação com diferentes espécies animais. Harvey os dissecava quando ainda estavam vivos, processo chamado vivissecção, atualmente restrito a situações muito particulares em pesquisas.

Com isso, comprovou sua hipótese de que o sangue circula no corpo como um circuito e de que o coração é o órgão responsável por bombeá-lo. Ele também notou que as veias levam sangue do corpo para o coração e que as artérias levam o sangue do coração para o corpo.

Com seus experimentos, refutou o conhecimento da época, que dizia que o fígado seria o órgão central do sistema circulatório. Mais tarde, esse mecanismo foi testado em um clássico experimento com humanos.

Referências

APPLEGATE, Edith. Anatomia e fisiologia. Elsevier Brasil, 2012.

LOURES, Débora Lopes et al. Estresse mental e sistema cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 78, n. 5, p. 525-530, 2002.