Anatomia,Biologia

Sistema muscular

Os tecidos que formam o sistema muscular são de origem mesodérmica e relacionam-se com a locomoção e outros movimentos do corpo, como a contração dos órgãos do tubo digestório, do coração e das artérias.

As células dos tecidos musculares são alongadas e recebem o nome de fibras musculares ou miócitos. São ricas em dois tipos de filamentos proteicos: os de actina e os de miosina, responsáveis pela grande capacidade de contração e distensão dessas células.

Quando um músculo é estimulado a se contrair, os filamentos de actina deslizam entre os filamentos de miosina. A célula diminui em tamanho, caracterizando a contração.

Tipos de tecido do sistema muscular

Há basicamente três tipos de tecido muscular: estriado esquelético, estriado cardíaco e não estriado ou liso.

Representação do sistema muscular

Os músculos são responsáveis por atividades de movimento, sustentação e estabilidade corporal (Foto: depositphotos)

Estriado esquelético

É formado por miócitos multinucleados e que apresentam, além das estrias longitudinais, estrias transversais devido à disposição dos filamentos proteicos. É a presença das estrias transversais que dá a esse tipo de tecido muscular o nome de estriado.

O tecido muscular estriado esquelético ocorre nos músculos esqueléticos, que são os que apresentam contração voluntária (que depende da vontade do indivíduo).

Estriado cardíaco

Apresenta miócitos estriados com um ou dois núcleos centrais. Esse tecido ocorre apenas no coração [7] e apresenta contração independente da vontade do indivíduo (contração involuntária).

Mas há regulação que promove mudanças na frequência cardíaca, como acontece quando levamos um susto. No músculo cardíaco essa contração é vigorosa e rítmica.

Não estriado ou liso

Apresenta miócitos mononucleados e somente com estrias longitudinais, motivo pelo qual são chamados miócitos lisos. Nessas células a contração é involuntária e lenta.

Ocorre nas artérias, sendo responsável por sua contração; ocorre também no esôfago, estômago e intestinos, sendo responsável pelo peristaltismo (ou peristalse). Os movimentos peristálticos são contrações em ondas que deslocam, dentro desses órgãos do sistema digestório [8], o material alimentar.

O controle da contração e do relaxamento dos músculos não estriados é feito pelo sistema nervoso central [9], através da liberação de neurotransmissores, os quais podem ter grande aplicação médica.

Por exemplo, a asma é um distúrbio respiratório caracterizado pela contração dos músculos não estriados dos brônquios e que leva à dificuldade de respirar. No tratamento desse problema podem-se administrar aerossóis contendo compostos desses neurotransmissores que são capazes de relaxar a musculatura dos brônquios, melhorando a capacidade respiratória durante a crise asmática.

A intensidade da contração muscular

O miócito não é capaz de controlar a intensidade de sua contração: ou ele não se contrai ou se contrai com toda a intensidade. Já o músculo como um todo tem a intensidade da contração regulada pelo número das unidades motoras ativadas pelo impulso nervoso.

Em músculos que executam movimentos intensos, como os das pernas, uma única fibra nervosa motora inerva mais de cem fibras musculares ao mesmo tempo, enquanto em músculos que executam movimentos mais delicados, como os músculos oculares, cada fibra muscular é inervada por uma só fibra nervosa.

Fontes de energia para a contração muscular

Os músculos esqueléticos estão adaptados à realização de movimentos descontínuos, pois não estamos usando sempre os mesmos músculos e nem sempre com a mesma intensidade.

Assim, as células musculares esqueléticas são solicitadas a entrar em ação de forma descontínua. Isso se deve à adaptações especiais que lhes possibilitam sair do repouso para o exercício de forma muito rápida. Nenhum outro tecido apresenta variações tão grandes e abruptas no gasto de adenosina trifosfato (ATP).

São basicamente quatro as fontes existentes nessas células que fornecem energia para o trabalho muscular: reserva de ATP, reserva de fosfocreatina, fermentação láctica e respiração aeróbia.

Essas fontes são acionadas nessa sequência e solicitadas na maioria das atividades físicas, de modo que o fornecimento de energia seja contínuo, ou seja, uma fonte é acionada antes que a anterior se esgote. A contribuição efetiva de cada uma delas varia em função da intensidade e da duração do exercício.

Fadiga muscular

Exercícios físicos sem a devida preparação ou em condições excessivas podem levar à fadiga muscular ou à cãibras.

A fadiga corresponde à incapacidade do músculo se contrair, e as cãibras correspondem à contração dolorosa da musculatura e pode ter outras causas que não a atividade física, como as cãibras que as pessoas podem ter enquanto estão dormindo ou em repouso.

A fadiga está fortemente associada à redução dos níveis de glicogênio armazenado nos músculos. Ela não se deve ao acúmulo de lactato, como geralmente se ouve dizer. O lactato também não é o responsável pelas cãibras, outra crença muito comum.

O lactato gerado na fermentação lática durante o exercício intenso passa para a corrente sanguínea e vai para o fígado, onde é degradado antes que ocorra a fadiga ou cãibra. Embora as causas das cãibras ainda sejam discutíveis, é possível que ocorram em função do aumento de íons H+ que se formam juntamente com o lactato.

Músculos do corpo humano

O corpo humano é formado por aproximadamente 600 músculos. Os músculos desempenham suas atividades de movimento, sustentação, estabilidade corporal, aquecimento do corpo e auxílio nos fluxos sanguíneos, em parceria com os ossos [10], articulações e tendões.

Os principais músculos são:

Grupos musculares

Os músculos se organizam em grupos, desempenhando suas funções equivalentes. Os principais grupos musculares do nosso corpo são:

Referências 

TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. “Corpo Humano: Fundamentos de Anatomia e Fisiologia“. Artmed Editora, 2016

ASCENSÃO, António et al. “Fisiologia da fadiga muscular. Delimitação conceptual, modelos de estudo e mecanismos de fadiga de origem central e periférica“. 2003.