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Teatro medieval

Nos dias de hoje, algumas pessoas ainda mantêm o hábito de ir ao teatro assistir às peças. No entanto, hoje, estas seguem roteiros, diferente da época medieval. Representadas essencialmente por membros do clero, as peças tinham como figurantes os fiéis, e misturavam a língua do país ao latim. No entanto, várias características faziam parte desta representação artística.

As encenações poderiam ser litúrgicas – atuações sem registro literário encenadas em igrejas e praças na forma de autos, jogos e representações – ou profanas – estas representadas em palácios ou em pátios e não estavam relacionadas ao culto religioso.

As litúrgicas eram divididas em mistérios, milagres e moralidades. Já as profanas poderiam ser farsas – satíricas –, soties – muito semelhantes às farsas –, momos – representações mascaradas e pomposas de pessoas e animais –, entremeses – encenações breves entre um prato e outro nos banquetes –, sermões burlescos – monólogos recitados por atores ou jograis mascarados –, e os autos pastoris.

Teatro medieval

(Foto: Reprodução | Blog Palabraria)

Características

Durante a Idade Média, o teatro era popular, porém não era baseada em um texto escrito e possui origem religiosa e, portanto, seus enredos são retirados da história da bíblia. As representações eram feitas devido as festas do ano litúrgico e após as missas e tinham como palco a praça central da cidade, além de contar com toda a população. Os temas principais eram encenações das cenas do Natal, da Paixão ou da Ressurreição de Cristo, estando sempre a cargo dos padres e monges.

A partir do século XII, essas apresentações começaram a ser encenadas ao ar livre, podendo durar inclusive vários dias. Eram representadas, a partir de então, também encenações que envolviam os milagres da vida dos santos, além dos mistérios da representação da fé e as moralidades, estas com objetivos didáticos. Portanto, a partir de então, passaram a ter como temáticas os conceitos morais, religiosos e políticos.

Algum tempo mais tarde, as apresentações teatrais tornaram-se totalmente emancipadas da liturgia da igreja, passando a representar vícios e virtudes como orgulho, piedade, fúria, avareza, esperança e os traços da personalidade humana. Apesar disso, existiam outras fontes que estavam relacionadas à representação dos costumes sociais deste período.

Espaço cênico e autores medievais

Autores como Jean Bodel – autor de Jogo de Adam e Jogo de Saint Nicolas –, Théophile Rutebeuf – autor de Os miracles e Notre-Dame – compunham peças que remetiam a vida religiosa. No entanto, Paixão de Arnoul Gréban misturava os temas religiosos e os temas profanos. Como precursor da ópera cômica, temos o Jogo de Robin et de Marion, uma comédia profana entremeada de canções cujo compositor era Adam de la Halle.

O espaço cênico usado, inicialmente, era o interior das igrejas. As peças, no entanto, com o passar do tempo, começaram a ser mais elaboradas e exigir mais espaço, passando a serem representadas nas praças em frente às igrejas. Grupos populares começaram, em seguida, a organizar-se improvisando palcos em carroça e deslocando-se pela cidade.

Dentro dos cenários, a porta simbolizava a cidade, uma pequena elevação representava uma montanha, uma boca de dragão, posta à esquerda no palco, simbolizava o inferno, e uma elevação à direita era a representação do paraíso.