O atrito também é minimizado devido a presença de um líquido lubrificante, o líquido sinovial (do grego syn = união; ovu = ovo, talvez pela comparação desse líquido com a clara de ovo).
A cartilagem presente nos discos intervertebrais, por exemplo, amortece os impactos a que as vértebras são submetidas durante os movimentos do corpo. Além disso, esses discos contribuem para a flexibilidade da coluna.
A hérnia de disco é formada quando há uma lesão no disco intervertebral, que se achata e se desloca de sua posição normal, podendo pressionar um nervo e provocar dor. A parte central e gelatinosa do disco pode se projetar para fora.
No feto, o tecido cartilaginoso é muito abundante, pois o esqueleto é inicialmente formado por esse tecido, depois grande parte dele é substituído pelo tecido ósseo [8].
Além de fibras colágenas e elásticas, o tecido conjuntivo cartilaginoso possui glicídios e glicoproteínas, que lhe dão consistência firme e flexível, tornando-o capaz de sustentar diversas partes do corpo, permitindo certa flexibilidade de movimento.
A substância intercelular desse tecido é formada por fibras (colágenas e elásticas) mergulhadas em uma parte amorfa e por células chamadas condrócitos (do grego chondros = cartilagem), originadas de células jovens, os condroblastos (do grego blastós = embrionário), e alojadas em cavidades (lacunas).
Sendo assim, podemos dizer que há dois tipos de células nas cartilagens:
Dependendo do tipo e da quantidade de fibras presentes na cartilagem, ela pode ser classificada em três tipos.
Apresenta matriz homogênea, com quantidade moderada de fibras colágenas. Essa cartilagem é a mais comum e ocorre no nariz, na laringe e nos anéis da traqueia e dos brônquios. No feto, a cartilagem hialina é muito abundante, pois o esqueleto é inicialmente formado por esse tecido, que depois é substituído pelo tecido ósseo.
A cartilagem cricóide é um anel formado pela cartilagem hialina que forma a parte inferior da nossa laringe, ligando-se à traqueia.
Além das fibras colágenas, apresenta grande número de fibras elásticas, o que torna essa cartilagem mais resistente à tensão do que a cartilagem hialina, que não apresenta esse tipo de fibra. A cartilagem elástica é encontrada no pavilhão auditivo, na tuba auditiva (antigamente denominada trompa de Eustáquio), na epiglote e em algumas partes da laringe.
É um tecido rico em fibras colágenas. Ocorre associada a algumas articulações do corpo humano e em pontos onde tendões e ligamentos se fixam aos ossos.
Quando ocorre a degradação da cartilagem existente entre as articulações dos ossos dos joelhos, tornozelos, quadril, ossos da mão e pés, vértebras da coluna, ombro, punhos, mandíbula etc, é possível o desenvolvimento de uma patologia denominada osteoartrose ou processo degenerativo articular.
A cartilagem existente entre tais articulações existe para evitar o atrito ou a tração provocada pelos movimentos do corpo nessas áreas específicas, sendo de suma importância, pois atua como uma “mola siliconada” absorvendo impactos gerados.
Contudo, quando a cartilagem encontra-se desgastada ou degradada, a osteoartrose pode se manifestar, caracterizando-se por dores fortes e intensas, rigidez matinal, diminuição ou perda da função articular.
O tratamento é feito inicialmente com analgésicos e, em casos mais graves, faz-se necessário intervenção cirúrgica e/ou o uso de próteses, para que o paciente tenha condições de retomar minimamente suas atividades diárias, melhorando sua qualidade de vida.
No Brasil, o aumento dos casos de doenças degenerativas da cartilagem articular é de 20% ao ano, o que significa 200.000 brasileiros desenvolvendo alguma patologia, podendo afetar também a massa óssea. Há uma incidência de 35% dos casos ocorrendo nos joelhos, que aparece a partir dos 30 anos.
Alguns estudos apontam que a produção hormonal de esteroides sexuais (estrogênio, progesterona e testosterona [9]) influenciam a qualidade da cartilagem, bem como da massa óssea.
A interferência contínua causa o aumento nas células ósseas que degeneram a articulação, causa perda da cartilagem e alterações ósseas. O resultado é dor, deformidade e movimento limitado nas articulações.
Os esteroides sexuais estão relacionados com a manutenção do tecido cartilaginoso. Sendo assim, em mulheres que estão na menopausa a administração desses hormônios deve ser avaliada.
» JUNQUEIRA, L. C. et al. Tecido cartilaginoso. Histologia básica, v. 10, p. 130-135, 1999.
» BIASOLI, Maria Cristina; IZOLA, Laura Nascimento Tavares. Aspectos gerais da reabilitação física em pacientes com osteoartrose. Rev Bras Med, v. 60, n. 3, p. 133-6, 2003.