classe média).
O cenário era de desconfiança e combate pelo autoritarismo centralizado. Algumas oligarquias como a baiana e a pernambucana chefiadas pelo Rio Grande do Sul eram contrárias a hegemonia política de São Paulo e Minas Gerais. As divergências tomaram
fôlego com a candidatura de Nilo Peçanha em 1922, contra Artur Bernardes originando uma “reação republicana”.
Momento histórico-político de desavenças responsável pela inserção dos militares no cenário violento nacional representado pela categoria dos “tenentes”, motivo determinante para a efetivação do governo obrigatório sob o estado de sitio (regime jurídico temporário, estabelecido por autoridade estatal em razão de uma situação de perigo à ordem pública, em que a população de uma região vivencia a suspensão das garantias constitucionais.).
Camuflada a crise do quadro político anterior, fez-se necessário a retomada dos negócios com as oligarquias regionais.
Acentuada a campanha sucessória e as contradições inerentes à República Oligárquica, explodiu uma avalanche de contradições sócio-econômicas-políticas em 1930.
Provocada pela nova mentalidade do mundo urbano e industrializado somado à organização do do movimento sindical, surge o Partido Comunista Brasileiro com intuito de estruturar o movimento operário e sindical no país.
Em 1919 sindicalistas do Estado do Rio de Janeiro unificaram-se fundando um partido comunista, fortalecendo-se apenas em 1922 com a chegada do Partido Comunista Brasileiro. Em 1927, surgiu o Bloco Operário Camponês (BOC) para concorrer às eleições. Em 1930, às frentes políticas formaram a Aliança Nacional Libertadora (ANL).
As manifestações políticas explicitavam-se por meio da classe média da população da urbes, incomodadas pelo quadro político nacional e seu rumo, exigiam:
Formou-se em São Paulo, o Partido Democrático (PD) apesar de oposicionistas tradicionalistas, representavam a burguesia do café agravando o ambiente de crise política do país. Num outro segmento, despontavam expressões organizadas em grupos
de tendências particulares contra o governo vigente;
Movimento cultural conhecido como “A Semana de 1922” financiada por ricos fazendeiros paulistas e futuros integrantes do Partido Democrático. Os intelectuais brasileiros propuseram uma releitura dos padrões estéticos e nacionais em geral, evitando uma cópia da cultura europeia, adotando uma originalidade brasileira.
Movimento influenciado pela situação mundial do Entreguerras, totalmente contra a República Oligárquica. Nasceu no exército após a eleição em 1922, em oposição às correntes cafeeiras e dos militares.
Insatisfeitos com os desmandos da Primeira República responsável pela deturpação dos verdadeiros ideais republicanos. Os militares justificavam:
Destarte, os ideais do tenentismo imprimiram na história política do Exército brasileiro, o denominado “processo purificador” a partir da proclamação da República entre 1964-1968. Os tenentes protagonizaram:
Em razão de uma série de polêmicas envolvendo:
“O primeiro levante tenentista em 5 de julho desse ano, no Forte do Copacabana, no Rio de Janeiro”.
Em 5 de julho de 1924, os tenentes enfrentaram o governo com armamento, liderados pelo general Isidoro Dias Lopes, resultando numa ocupação de vinte e três dias na capital paulista e iniciando o mesmo ataque em outras capitais do Brasil:
O exército explodiu os quartéis envolvidos expelindo os tenentes para Foz do Iguaçu (Paraná) local em que passou a ser o ponto de encontro de oficiais gaúchos, formando a Coluna Prestes.
Com o apoio dos oficiais paulistas, a coluna Prestes retirou-se do Rio Grande do Sul, travando mais de cem guerrilhas durante dois anos e meio, percorrendo 25000 quilômetros de terras brasileiras comandada pelo capitão Luís Carlos Prestes, sua tropa contava:
Prenúncios advindos dos oficiais revoltosos em bombardear o Rio de Janeiro. Do grupo “18 do Forte” apenas dois sobreviveram ao conflito: Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Este fato histórico desencadeou uma série de desmandos sócio, políticos e econômicos por parte dos oficiais em resposta ao governo.
Comandados pelo general Isidoro Dias Lopes e os capitães Joaquim e Juarez Távora, houve a tentativa de ocupação do Estado de São Paulo, ponto de encontro para a organização de outros ataques, cujos alvos seriam:
Expurgados de São Paulo em fins do mês de julho, os tenentes paulistas assumiram com orgulho a “Coluna Paulista” em pacto com a “Coluna Gaúcha” rumando ao Paraná. Deste conchavo político nasceu a coluna Prestes (Luís Carlos Prestes) atingindo os irmãos pela ordem na Bolívia, país em que refugiaram-se.
Inspirado por outros rumos na história, suas lideranças não compartilhavam mais os mesmos ideais. Prestes aderiu ao Comunismo (PC) e os tenentistas participaram da Revolução de 1930 assumindo importantes cargos nos governos regional e federal.
Marchinha carnavalesca “Seu Julinho”, de Freire Júnior, feita em 1930.
Ó seu toninho
Da terra do leite grosso
Bota cerca no caminho
Que o paulista é um colosso
Puxa a garrucha
Finca o pé firme na estrada
Se começa o puxa-puxa
Faz do seu leite coalhada
Seu julinho vem, seu julinho vem,
Se o mineiro lá de cima descuidar
Seu julinho vem, seu julinho vem,
Vem, mas custa, muita gente há de chorar
Ó seu julinho, tua terra é do café
Fique lá sossegadinho.
Creia em deus e tenha fé
Pois o mineiro. Não conhece a malandragem
Cá no rio de janeiro Ele não leva vantagem
(Francisco, Alves. Odeon, 1930)
»Moraes, José Geraldo Vinci de, – História: geral e Brasil: volume único – 1.ed. – São
Paulo: Atual, 2003.