Tipos de relevo do Brasil

A Geografia possui uma área específica que se preocupa em compreender as irregularidades da superfície terrestre, e essa área se chama Geomorfologia, que significa o estudo das formas terrestres. Esse campo da Geografia estuda os fenômenos que estão relacionados aos diversos tipos de relevo existentes, ou seja, o modelado terrestre.

O que é relevo, como ele é constituído?

Existem na superfície terrestre várias formas de terrenos, e essas diferenciações constituem o que se convencionou chamar de relevo. O relevo é, basicamente, o modelado terrestre, ou seja, as formas que constituem a superfície do planeta Terra.

Essas diferenças são ocasionadas pelo tipo de estrutura geológica predominante nos locais. O relevo tem um papel importante na definição das atividades humanas, pois influencia os processos de ocupação de alguns terrenos em detrimento de outros.

Tipos de relevo do Brasil

Foto: depositphotos

O relevo terrestre é constituído a partir de fenômenos que dinamizam a crosta terrestre, podendo ser eles endógenos (internos) ou exógenos (externos). As forças endógenas modeladoras do relevo são aquelas que ocorrem a partir das pressões exercidas pelo magma. São conhecidas por forças endógenas o tectonismo (movimento das placas tectônicas), o vulcanismo (atividade e erupções vulcânicas) e os sismos (terremotos, abalos).

O tectonismo possui duas formas básicas que constituem diferentes relevos, são os movimentos orogênicos, os quais dão origem aos dobramentos, ou seja, regiões montanhosas. E também os movimentos epirogênicos, que ocasionam abaixamentos ou soerguimentos da crosta terrestre. Enquanto os movimentos orogênicos movimentam as placas tectônicas em sentido horizontal, os movimentos epirogênicos movimentam as placas em sentido vertical.

As forças exógenas modeladores do relevo são aquelas que atuam externamente alterando as formas do relevo. As principais forças exógenas que modificam o relevo terrestre são as variações de temperatura, o vento e a chuva. Estes fenômenos produzem uma atividade conhecida como erosão ou intemperismo. O intemperismo consiste no desgaste ou desagregação das partículas das rochas, cujo material sedimentado é transportado de um local a outro do terreno. O intemperismo pode ser de origem física (oscilação de temperatura no interior das rochas), química (transformação dos minerais em contato com a água) ou biológica (pressão exercida pelas raízes das plantas).

Esses agentes internos e externos vão, no decorrer do tempo, moldando e modificando as formas da superfície terrestre, alterando as formas do relevo existentes. As formas do relevo também dependem da posição que as regiões ocupam no globo, em conformidade com as latitudes e a incidência da irradiação da luz solar, por exemplo. O clima, portanto, possui uma relação muito próxima com as formas pelas quais o relevo terrestre é modelado.

 Estudos sobre o relevo brasileiro

O Brasil encontra-se, na maior parte de seu território, em uma zona tropical, onde há predominantemente uma elevada temperatura, bem como chuvas abundantes e uma atividade endógena (interna) baixa (vulcanismo, terremotos e dobramentos). Por esse motivo, os agentes modificadores do relevo que prevalecem são os exógenos (externos), como as chuvas e a temperatura, bem como a significativa quantidade de recursos hídricos, como os rios e lagos.

Existem três pesquisadores principais que estudaram e definiram caracterizações ao relevo brasileiro, sendo eles Aroldo de Azevedo (1940), o qual levou em consideração principalmente a altitude dos terrenos. Aziz Ab’Saber (1958), o qual levou em consideração não apenas a altitude, mas também os processos geomorfológicos. E ainda, Jurandyr Ross (1995), o qual baseou seus estudos a partir do “Projeto Radambrasil”, que mapeou o território brasileiro durante os anos de 1950 e 1980.

O relevo brasileiro, de modo geral, é um relevo antigo e desgastado, derivado dos contextos pré-cambrianos e paleozoicos, com predominância de planaltos acima dos 200 metros de altitude. Os escudos cristalinos compõem cerca de 36% do território brasileiro, enquanto que as bacias sedimentares ocupam cerca de 64% dos terrenos. Como o Brasil não se encontra em limite de placas tectônicas, não há a presença de dobramentos modernos (montanhas) no território brasileiro.

O ponto mais alto do Brasil é o Pico da Neblina, possuindo 2993 metros de altitude, na fronteira do Amazonas com a Venezuela, porém no lado brasileiro. Do território brasileiro, cerca de 41% tem no máximo 200 metros de altitude, enquanto 78% tem até 500 metros de altitude e do total 92,7% podem chegar aos 900 metros. Portanto, há uma porcentagem muito pequena do território brasileiro que se estende acima dos 900 metros de altitude.

Tipos de relevo do Brasil - Pico da Neblina

Foto: Divulgação/ICMBio

Quais são as unidades do relevo brasileiro?

O projeto Radambrasil, importante referência mais recente quanto às formas do relevo brasileiro, divide os terrenos do Brasil em três grandes grupos, sendo eles: os planaltos, as depressões e as planícies. O pesquisador que cunhou a definição do relevo brasileiro segundo o projeto, em 1989, foi Jurandyr Ross, trazendo além dos conceitos de planície e planalto, tradicionais até ali, o conceito também de depressão.

Segundo esta caracterização, os planaltos são entendidos como relevos residuais, geralmente acima dos 300 metros de altitude, e derivados de processos de erosão. São considerados planaltos os morros brasileiros, as serras e as chapadas existentes no território. Os planaltos brasileiros são circundados por depressões, e podem ser de dois tipos: os de bacias sedimentares, compostos por várias coberturas sedimentares de ciclos erosivos passados e os planaltos de núcleos cristalinos, que se encontram em áreas de dobramentos antigos, desgastados pelos processos erosivos.

De modo geral, os planaltos são terrenos relativamente planos, e que se situam em áreas de maiores altitudes no território brasileiro. São exemplos de planaltos brasileiros: Planalto das Guianas (localizado no Norte do Brasil, tem sua maior parte em terras fora do território brasileiro); Planalto Brasileiro (se estende desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul e de Roraima ao litoral Atlântico); Planalto Central (engloba partes do Norte, Nordeste, Sudeste e principalmente do Centro-Oeste brasileiro); Planalto Atlântico ou Planalto Oriental (estende-se da região Nordeste ao Nordeste do Rio Grande do Sul); Planalto Meridional ou Arenito Basáltico (abrange as terras drenadas pela bacia do rio Paraná).

Tipos de relevo do Brasil - Planalto Brasileiro

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

Já as planícies são unidades do relevo formadas por bacias de sedimentação mais recente, originárias de deposições sedimentares do Quaternário. Por ser bastante jovem, é um tipo de relevo ainda em processo de consolidação. Os terrenos das planícies podem ter sido formados a partir de deposições de origem fluvial, marinha ou mesmo lacustre. Geralmente são áreas com características planas ou suavemente onduladas, e localizam-se em áreas de baixas altitudes.

São exemplos de planícies brasileiras: Planície Amazônica (na região que compreende a bacia amazônica); Planície do Pantanal (Mato Grosso do Sul e o sudeste do Mato Grosso, se estende para outros países); Planície Costeira (abrange o litoral brasileiro); Planície Gaúcha ou dos Pampas (ocupa a metade Sul do Rio Grande do Sul). Esse modelado terrestre é formado pela deposição de sedimentos, portanto, há uma intensificação dos processos de deposição em relação aos processos de sedimentação.

Tipos de relevo do Brasil - Planície Gaucha

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

Já as depressões constituem terrenos rebaixados em relação às terras ao seu entorno. Existem dois tipos principais de depressões, as absolutas, que são aquelas que se situam em altitudes abaixo do nível do mar, além de estarem em altitudes menores do que os terrenos que os circundam. E também as depressões relativas que, apesar de serem mais baixas do que os terrenos ao entorno, não se encontram em altitudes abaixo do nível do mar. As principais depressões brasileiras são Depressões Norte e Sul Amazônica.

 

Referências

» AB’SABER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil; potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

» ROSS, Jurandyr L. Sanches (Org.). Geografia do Brasil. 6ª Ed. São Paulo: EDUSP, 2014.

»SCHNEEBERGER, Carlos Alberto; FARAGO, Luiz Antonio. Minimanual compacto de geografia do Brasil. São Paulo: Rideel, 2003.

»VESENTINI, José William. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2011.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).