Talvez a maior de todas as inovações surgidas durante a história evolutiva dos vertebrados [7] tenha sido o desenvolvimento das maxilas, que possibilitou aos peixes primitivos arrancar com eficiência grandes pedaços de algas e de animais de maior porte. Isso favoreceu maiores oportunidades de fontes alimentares.
O hábito predador ativo desse peixe veio associado a uma série de modificações no corpo desse animal, tornando-o um bom nadador, capaz de se deslocar com rapidez e agilidade em meio líquido, capturando assim, suas presas com eficiência. Além disso, uma série de nadadeiras se desenvolveram, aumentando a capacidade de propulsão do corpo.
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O esqueleto interno (endoesqueleto) do tubarão, bem como seu crânio e demais vértebras, são formados por cartilagens. O esqueleto cartilaginoso confere maior mobilidade ao animal. Os tubarões representam o maior grupo de condrictes juntamente com as raias (ou arraias), formando cerca de 760 espécies.
As escamas do tubarão diferem das escamas dos peixes ósseos. Nesses, as escamas são de origem dérmica, enquanto nos tubarões são de origem dermo epidérmica, com estrutura semelhante ao dente.
Cada uma delas é formada por um espinho voltado para a região posterior do corpo e uma placa basal situada na derme. A forma e a disposição das escamas no corpo reduzem a turbulência da água ao redor do animal, aumentando a eficiência do nado.
O tubarão apresenta um prolongamento da região anterior da cabeça e a boca é transversal, sendo posicionada ventralmente. Apesar dessa posição ventral da boca, esses animais conseguem morder e arrancar grandes pedaços do corpo das presas, pois seu arco mandibular está frouxamente ligado ao crânio, possibilitando movimentar as maxilas para a frente.
Além disso, seus dentes são pontiagudos e ocorrem em fileiras que vão sendo deslocadas de modo gradual para a parte frontal da boca à medida que os dentes da frente vão sendo perdidos.
Em geral, os tubarões são carnívoros ativos, como o tubarão branco, que atinge 6 metros de comprimento e é predador de mamíferos marinhos. No entanto, existem espécies que se alimentam de plâncton, como o tubarão baleia, a maior espécie de peixe conhecida, chegando a atingir 20 metros de comprimento.
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A quimiorrecepção e a mecanorrecepção são mecanismos sensoriais que os tubarões utilizam principalmente para a percepção da presença de presas a grandes distâncias. Uma vez próximas a elas, esses animais passam a utilizar-se da visão.
Os tubarões conseguem detectar suas presas por meio de eletrorreceptores, que recebem o nome de ampolas de Lorenzini e se localizam na cabeça. São poros e tubos cheios de muco, que comunicam células sensoriais com a água.
Essas células são capazes de detectar a fraca corrente elétrica gerada pela atividade muscular da presa. As ampolas são sensíveis à temperatura, salinidade e pressão da água, com uma especial capacidade para detectar campos eléctricos gerados por outros animais.
Os tubarões têm olfato muito desenvolvido, percebendo o odor por quimiorrecepção das células localizadas em suas narinas. Outro sentido importante para a orientação desses animais é a capacidade que possuem em perceber as vibrações da água [10].
Isso só é possível graças a presença de estruturas localizadas ao longo da linha lateral dos tubarões. A linha lateral percorre os dois lados do corpo do peixe e é formada por vários poros e tubos superficiais. Os poros e os tubos se comunicam com a água e com células especiais. Estas células captam as vibrações na água e levam para as células nervosas.
Os tubarões são nadadores eficientes, embora existam alguns raros tipos de tubarões que que vivem no fundo do mar assentados sobre a areia ou em tocas. Em geral, os tubarões nadadores ativos apresentam altos teores de óleo no fígado, o que reduz a densidade desses animais em relação ao meio líquido, atuando na regulação de sua flutuabilidade.
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Quanto à reprodução, os tubarões são animais de sexos separados, apresentando dimorfismo sexual. O macho difere externamente da fêmea em função principalmente da presença do órgão copulador, o clásper. O clásper corresponde a uma modificação das nadadeiras pélvicas. A fecundação é sempre interna e o desenvolvimento é direto. Existem espécies ovíparas, ovovivíparas e vivíparas.
»DE AZEVEDO BEMVENUTI, Marlise; FISCHER, Luciano Gomes. Peixes: Morfologia e adaptações. Cadernos de Ecologia Aquática, v. 5, n. 2, p. 31-54, 2010.
»SZPILMAN, Marcelo. Tubarões no Brasil: guia prático de identificação. Mauad Editora Ltda, 2004.
»JORGE, Erika Carvalho. Anatomia dos peixes. 2013.