O último GDS [2014/2015] mostrou que o Brasil é o segundo país no qual os usuários mais consomem álcool de forma abusiva – 27,5% dos participantes alegaram ter ficado extremamente embriagados pelo menos uma vez ao mês. O Brasil está atrás apenas da Irlanda, com 29%. “E no aspecto quantidade de busca por emergência em função do consumo exagerado de álcool, o Brasil também só perdeu para a Irlanda”, aponta Clarice. Um em cada 30 participantes procurou serviços de emergência após beber. “O levantamento também revelou que o preço da cocaína no Brasil é a mais barata do mundo e a mais forte, isto é um dado assustador”, avalia a pesquisadora.
Para o GDS 2015/2016 não houve número suficiente de coletas – é preciso o mínimo de 5 mil questionários respondidos. A pesquisadora enfatiza que, como é um levantamento feito pela internet, não é representativo da população. “É como se fosse uma lupa nos grupos de risco. As prevalências de uso são todas muito mais altas, e geralmente quem responde o levantamento pela internet são os jovens que já são por natureza um grupo de risco”.
Por isso, ela chama a população brasileira para participar da pesquisa. “Precisamos de 5 mil participantes para podermos comparar com outros países e ter uma participação importante nesse levantamento”, esclarece. “Qualquer pessoa com mais de 16 anos pode participar, não precisa ser usuário de drogas, pois o levantamento também aborda café, energético, todos podem responder, inclusive alguém que é abstêmio”, acrescentou a responsável pela pesquisa no Brasil.
Todos os indivíduos com 16 anos ou mais podem responder ao inquérito, independente de serem usuários de qualquer droga. O questionário em português ficará disponível no link [1] até o dia 31 de janeiro de 2017.
Clarice ressalta que os resultados auxiliam o planejamento de ações governamentais voltadas à saúde. Os dados da Global Drug Survey de 2015, por exemplo, propiciaram a formação de políticas públicas no Reino Unido e em outros países europeus. O estudo também detectou pela primeira vez o uso da maconha sintética no Brasil, identificando os riscos associados a essa substância, que coloca um a cada oito usuários em serviços de emergência por complicações relacionadas ao uso. A coleta anterior contou com a participação de 107.624 participantes de diferentes nacionalidades.
*Da Agência Brasil
Com adaptações