Um dos indicativos dessa discriminação, segundo Ana Paula Martins, atuante do movimento Angola Janga, é que as próprias escolas nacionais não colocam em prática a Lei 10.639 de 2003, que obrigam as escolas públicas e particulares a ensinarem a história e a cultura afro-brasileira.
“Crianças e adolescentes negros conscientes de sua identidade são um perigo para a nossa sociedade racista, por isso, nenhuma instituição coloca isso em prática. E a maior militância da mulher negra é sobreviver”, afirma Ana Paula.
Opinião compartilhada também pela subsecretária de Estado de Igualdade Racial, Cleide Hilda de Lima Souza. “Diariamente a polícia mata um avião de jovens negros. É um racismo disfarçado de questão estrutural. O Governo Federal não fará nada por nós. Os primeiros ministérios que acabaram foram o nosso e o das mulheres. No poder, inverteríamos a lógica dos investimentos, e é isso que eles temem”.
O levantamento para identificar o número de mulheres negras vítimas de violência torna-se mais complexo pois não há a identificação da raça nos formulários de atendimento à mulher.
“Não sabemos quantas mulheres negras atendemos, e isso é um absurdo. Essa situação acontece não só em Minas, mas em todos os estados. Não enxergamos as negras, não sabemos o que elas passam quando chegam lá. Ela já sofre tantas violências e, quando chega até nós, tratamos apenas da violência doméstica. Desprezamos a violência social”, é o que afirma a defensora pública, Samantha Vilarinho Mello Alves.