Visconde de Mauá – História de Irineu Evangelista de Sousa

No dia 28 de dezembro de 1813, na localidade da Vila de Nossa Senhora do Arroio Grande, na época distrito de Jaraguão, então Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, atual Rio Grande do Sul, nascia o segundo filho do casal João Evangelista de Ávila e Sousa e Mariana de Jesus Batista de Carvalho, que viera a se chamar Irineu Evangelista de Sousa, o futuro Visconde de Mauá.

Quando completou os cinco anos de idade, no ano de 1818, seu pai veio a falecer logo após ser surpreendido por ladrões de gado que acabaram por assassiná-lo, deixando o jovem rapaz órfão. Este episódio viria a trazer  grande influência na sua vida, pois anos mais tarde, mais especificamente em 1821, sua mãe veio a se casar novamente com João Jesus, que de alguma forma deixou bem claro que não desejava manter nenhuma espécie de relacionamento com os filhos do primeiro casamento da viúva. Sua filha Guilhermina foi obrigada a casar-se, na época a pequena garota tinha apenas doze anos de idade, enquanto que Irineu, com oito anos, foi entregue a seu Tio Manuel José de Carvalho, que ficou responsável por manter sua guarda, levando-o para morar no interior de São Paulo, onde viera a ser alfabetizado. Quando completou nove anos de idade passou a morar com outro tio que era comandante de embarcação da marinha mercante, José Batista de Carvalho, que fazia em seu navio o transporte de couros e charque do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro, na época capital do Império Brasileiro.

Visconde de Mauá - História de Irineu Evangelista de Sousa

Imagem: Reprodução

Crescimento profissional do Visconde de Mauá

Ainda aos nove anos de idade Irineu começou a trabalhar na Praça do Comércio, um estabelecimento comercial localizado no Rio de Janeiro onde ele ocupava o cargo de caixeiro do armazém, trabalhando em um turno que iniciava as sete da manhã e só encerrava às dez da noite, assim ele poderia se manter já que morava e se alimentava por lá. Dois anos depois ele trocou de trabalho, indo para o comércio de Antônio Pereira de Almeida, um português que vendo em Irineu um rapaz de confiança acabou por promovê-lo no ano de 1828 a guarda-livros, porém quando aconteceu a crise no Primeiro Reinado, que durou do ano de 1822 à 1831, o comerciante veio a falência, mas teve todas as suas dívidas liquidadas por Irineu, que graças a esse feito foi recomendado pelo ex patrão para trabalhar na empresa de importação do escocês Richard Carruthers, no ano de 1830. Foi lá que ele aprendeu as técnicas que precisaria para obter sucesso na vida profissional, como inglês, contabilidade e mais algumas práticas na arte do comércio.

Seu crescimento na Carruthers foi apenas questão de tempo, quando tinha vinte e três anos ele já era gerente da empresa, e algum tempo depois viria a se tornar sócio. Dando conta de que o jovem rapaz possuía um grande potencial para os negócios, Carruthers iniciou Irineu na maçonaria, e em 1839 quando o mesmo retornou ao Reino Unido Irineu passou a assumir os negócios da empresa no Brasil.

Família

No ano de 1839 ele mandou buscar sua mãe, que já estava viúva novamente, e sua única irmã para que viessem morar com ele no Rio de Janeiro, junto elas trouxeram sua sobrinha, Maria Joaquina de Sousa Machado, carinhosamente chamada de May, a qual ele viria a se apaixonar e casar futuramente, no ano de 1841. Dessa união eles tiveram dezoito filhos, porém apenas onze chegaram a nascer com vida, desses apenas sete chegaram a atingir a maioridade, e apenas cinco deles sobreviveram após o falecimento do pai. A explicação que se dava para a morte da maioria desses filhos era o fato da proximidade de parentesco entre eles, que poderia ter acarretado em diversos problemas genéticos.

Industrialização

Em 1840 Irineu viajou à Inglaterra à negócios, e lá conheceu a fundo as fábricas, fundições de ferro e o mundo dos empreendedores capitalistas, o que lhe despertou um certo interesse em trazer aquela tecnologia para o Brasil, já começando a trilhar o caminho da industrialização pro país.

No Brasil ele adquiriu uma fundição localizada na Ponta da Areia, em Niterói, Rio de Janeiro, no ano de 1846, onde veio a transformar em um estaleiro de construções navais logo em seguida, dando início a indústria naval brasileira. Em 1847 o Estabelecimento de Fundição e Companhia Estaleiro da Ponta da Areia já aumentava em quatro vezes mais o seu patrimônio, e tornou-se o maior empreendimento industrial do Brasil, contando com um número superior a mil operários. Mais de setenta e dois navios foram produzidos em onze anos.

Aos quarenta anos de idade ele se dividia entre as atividades de industrial e banqueiro, e sua fortuna já estava em um montante inacreditável, crescendo cada vez mais.

Entre suas principais contribuições para a sociedade como empresário podemos destacar:

Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro

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  • Fundação da Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro;
  • Companhias de navegação de bonde;
  • Construção de estradas de ferro.

Em 30 de abril de 1854, quando inaugurou o trecho da estrada de Ferro de Petrópolis ele recebeu do imperador Pedro II o título de Barão de Mauá, em reconhecimento pelo seu excelente trabalho.O então Barão de Mauá também se arriscou no campo político, vindo a se tornar deputado pelo Rio Grande do Sul em diversas legislaturas, porém, no ano de 1873, renunciou para poder ter mais tempo para cuidar de seus negócios, que vinha sofrendo uma certa ameaça desde a crise de 1864. Em 1874 recebeu o título de Visconde de Mauá, o que foi muito bem merecido, tendo em vista sua grande contribuição para o crescimento industrial nacional. Em 1875, Irineu sofreu um duro golpe, amargou a falência do Banco Mauá, em vista disso ele foi obrigado a vender a maior parte de suas empresas a capitalistas do exterior.

Em 21 de outubro de 1889 veio a falecer em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando estava com 75 anos de idade.

*Revisado por Allex Albuquerque, graduado em história.