Em primeiro lugar, não há uma clara divisão entre a zona rural e a zona urbana, porque o campo está cada vez mais modernizado.
No entanto, as atividades e a paisagem destes dois espaços são diferentes, por isso, costuma-se considerar que quando acaba o modo de vida urbano, começa o modo de vida rural.
A zona rural é bastante diversificada. Algumas propriedades nela são bastante grandes, com uso de modernos recursos para plantação e criação de animais.
Outras propriedades são pequenas, geralmente mantidas por famílias. Nestas há maior diversificação de atividades e uso de recursos mais simples na produção.
Os aspectos que definem uma zona rural são:
Espaço não urbanizado: a zona rural é facilmente detectada, pois não preserva os aspectos das cidades, como aglomerados de casas e prédios, muitas pessoas transitando, indústrias, comércios, estabelecimentos diversos.
Atividades próprias: agricultura, pecuária, extrativismo e turismo rural são algumas das coisas que são feitas no campo.
Paisagem: na zona rural predominam as plantações, árvores em maior quantidade, estradas de terra, rios e propriedades maiores do que nas cidades.
Tempo marcado pela luz solar: o período de trabalho no campo é feito em sua maior parte enquanto tem sol. Quando anoitece, as pessoas se recolhem em suas casas, pois na lavoura ou junto aos animais não há muito o que ser feito.
Tanto a zona rural quanto a zona urbana são produtos das atividades humanas sobre o meio ao longo do tempo. Os dois espaços sofreram várias mudanças conforme a sociedade se desenvolvia cientificamente e tecnologicamente.
Apesar das transformações na sociedade, a zona rural e a zona urbana apresentam diferenças significativas.
Alguns exemplos são as atividades desenvolvidas em cada uma das áreas. Veja:
Rural: agricultura, criação de animais, pecuária, extrativismo, caça, pesca; colaboração entre vizinhos para os ciclos do cultivo ou abate de animais; festividades que envolvem os moradores da mesma região agrícola etc.
As atividades são feitas conforme o tempo no dia (chuva, seca, alta temperatura, geada). A incidência de luz solar é o período de maior aproveitamento no campo e boa parte do que se consome é feito na própria propriedade.
Urbano: trabalho em indústrias, comércio, escritórios. Deslocamento através de sistemas de transporte coletivo ou carros. Muitos trabalhadores e estudantes passam o dia longe casa, almoçam fora.
As atividades são pautadas nas horas do relógio e é normal cumprir horários. Não se produz o próprio alimento e há um maior isolamento social, sobretudo nas grandes cidades.
A zona rural é o ambiente no qual são produzidos os alimentos que são vendidos nos supermercados, como frutas, legumes, verduras, carne, ovos, leite e seus derivados.
Assim como a zona urbana depende da zona rural, o campo também depende da cidade. Isso porque os moradores do campo não conseguem produzir tudo o que consomem, de modo que precisam comprar na cidade produtos de limpeza, higiene, móveis, roupas, material de livraria, entre outros.
O espaço rural apresenta alguns problemas, assim como também ocorre com as cidades. Alguns dos principais problemas do campo são:
Distância com os centros urbanos: muitas pessoas moram longe das cidades, e quando precisam ir para um supermercado, farmácia ou hospital, acabam tendo que andar longos trajetos até chegar ao destino.
Dificuldade de venda da produção: há uma dificuldade dos pequenos e médios produtores em competir com os grandes fazendeiros na venda de seus produtos, especialmente grãos.
Estes pequenos e médios produtores são, muitas vezes, vinculados a cooperativas para facilitar sua inclusão no mercado.
Intempéries ambientais: quando há chuvas em excesso, períodos de seca, geada ou granizo, é comum que os produtores rurais sofram impactos em sua produção. Estas situações naturais afetam a plantação e prejudicam os produtores.
Danos ambientais: o uso excessivo de agrotóxicos ou produtos químicos pode contaminar os rios e o solo, bem como causar danos à saúde dos trabalhadores.
A erosão do solo pode impactar a produtividade. Perda de nutrientes do solo, excesso de acidez, derrubada de árvores e queimadas.
Êxodo rural: esse é o movimento no qual as pessoas são impulsionadas a saírem do campo para migarem em direção à cidade. Isso ocorre por vários motivos, desde a dificuldade de competir com produtores maiores, à perca de qualidade dos recursos naturais no campo, até a redução da quantidade de pessoas na família, que impacta na mão-de-obra disponível no campo.
Como consequência, a expansão das grandes propriedades pode prejudicar os pequenos proprietários, os quais vendem suas terras e migram para o espaço das cidades.
Atualmente cerca de 15,28% dos brasileiros vive em áreas rurais. As demais pessoas vivem nas cidades do país.
A região onde há a maior porcentagem de pessoas vivendo no campo é o Nordeste [11], seguido da região Norte [12], Sul [13], Centro-Oeste [14] e por último o Sudeste [15].
O processo mais intenso de saída das pessoas do campo em direção à cidade foi nas décadas de 1970 e 1980. Estas pessoas foram para as cidades em busca de empregos nas indústrias que emergiam no país. Atualmente a saída das pessoas do campo continua, porém em ritmo mais lento.
Atualmente, a zona rural brasileira é marcada por propriedades e modos de produção diversos. Há os latifúndios, que são grandes propriedades de terras onde normalmente predomina a monocultura, que é a cultura de apenas um tipo de cultivo, como a soja.
E há também pequenas e médias propriedades, as quais costumam ser mais diversificadas (policultura) e empregar maior número de pessoas na produção.
A zona rural brasileira tem uma importância fundamental para a economia do país, especialmente em relação a exportação de produtos do campo.
Então dentre os principais produtos exportados pelo Brasil estão a soja, o açúcar, a carne de frango, o café, o suco de laranja, carne de gado, e muitos outros.
São algumas atividades realizadas na zona rural:
Agricultura: consiste no cultivo de espécies vegetais que são utilizadas pelos seres humanos, seja como alimentos, bebidas, matéria-prima para vários objetos, medicamentos etc. É pautada no preparo da terra, plantio, adubação, irrigação, colheita, venda ou transformação do produto em outro.
Pecuária: é a atividade de criação de gado, podendo ser dividida em duas finalidades principais, que é a pecuária de corte (carne) e pecuária leiteira (leite e seus derivados).
Piscicultura: consiste na criação de peixes para alimentação humana, os quais podem ser comercializados de forma direta, através de feiras ou mercados.
Apicultura: criação de abelhas para extração e comercialização do mel ou produção de derivados do mel.
Turismo rural: atividade que leva renda ao campo, e que consiste em programação no próprio espaço rural, com dinâmicas, visitação aos animais, trilhas, cachoeiras, banho de rio, tirolesa, café colonial, museus rurais etc. É muito apreciado por pessoas da zona urbana por ser um modelo de turismo que envolve o contato com a natureza.
Elaboração de produtos caseiros: é a produção na zona rural de alimentos que serão vendidos em feiras, mercados ou consumidos pela própria família. São confeccionados conservas, doces, geleias, linguiças, torresmo, charque, cucas e pães, dentre outros.
Esta é uma forma de levar mais renda ao campo, ao mesmo tempo em que o agricultor não desperdiça produção, usando tudo na fabricação destes produtos.
As atividades na zona rural são organizadas segundo sistemas produtivos. Os principais sistemas produtivos são:
Os membros da família são os responsáveis pelas decisões sobre as atividades na propriedade. A família pode ou não ser a dona das terras.
Muitas vezes a agricultura familiar é feita para subsistência da própria família, em outras, ela vende para cooperativas sua produção. Geralmente há uma maior diversificação da produção, como grãos, criação de animais, frutas e legumes.
Acontece em pequenas propriedades, e por vezes não conta com muitos recursos tecnológicos ou estruturais. É da agricultura familiar que provém os alimentos que abastecem os mercados e feiras.
Também conhecida como agricultura patronal. É quando o dono das terras contrata pessoas para que trabalhem no cultivo ou criação de animais.
Ela está ligada ao setor da agroindústria. Utilizam-se recursos avançados, com mecanização e insumos. Todas as etapas da produção são acompanhadas por pessoal técnico, visando ampliar a produtividade.
Existem vários tipos de atividades que ocorrem nas zonas rurais do mundo todo, e que dependem das condições produtivas daqueles locais.
As condições físicas do território influenciam a forma como a zona rural irá se desenvolver. Em cidades muito pequenas, quase não se percebe a transição do urbano para o rural.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Classificação e caracterização dos espaços rurais e urbanos do Brasil: uma primeira aproximação. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv100643.pdf. Acesso em 23 out. 2019.
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia. São Paulo: Scipione, 2011.