A cóclea é composta de um longo tubo enrolado e preenchido por um líquido, lembrando a forma de um caracol. Do órgão espiral parte o nervo vestibular (auditivo), que leva os estímulos sonoros ao cérebro, que os decodifica e os transforma em sensação sonora, caracterizando a audição.
A orelha externa é formada pelo pavilhão da orelha e pelo canal auditivo externo, mostrando-se fechado pelo tímpano.
A orelha média possui um formato de caixa e seu interior é composto por três ossículos (martelo, estribo [9] e bigorna) responsáveis pela propagação da vibração do som, comunica-se com a orelha interna e com a faringe por intermédio da trompa de Eustáquio (tuba auditiva).
Na orelha interna está situado o labirinto, existem também o utrículo, o sáculo e os três canais semicirculares, distribuídos nas três dimensões do espaço.
Essas estruturas apresentam líquido em seu interior e células sensoriais ciliadas. Os movimentos da cabeça provocam deslocamento do líquido existente nessas estruturas, estimulando as células sensoriais.
O estímulo das células sensoriais é enviado ao cérebro pelo nervo vestibular e, lá, é decodificado com informações importantes a respeito da posição do corpo.
Quando giramos o corpo bruscamente, temos a sensação de que continuamos a girar. Isso ocorre graças ao princípio da inércia, pois o líquido que preenche estruturas da orelha interna continua se movimentando por algum tempo, mesmo depois de termos cessado o movimento do corpo.
Assim, o cérebro continua recebendo da orelha a informação de que ainda estamos girando. Com isso, cria-se um conflito entre o que é visto e o que é sentido. Somente quando a movimentação do líquido se regulariza é que retomamos o equilíbrio.
[10]O som chega ao pavilhão auditivo, passa para o interior do canal auditivo externo e provoca vibração no tímpano.
Os ossículos presentes no ouvido médio recebem essas vibrações e as transmitem à membrana da janela oval. Daí as vibrações atingem a endolinfa (líquido que preenche os canais semicirculares).
Em seguida as vibrações da endolinfa excitam as células ciliadas sensitivas do órgão de Corti, de onde o nervo coclear se encarrega de transmitir os estímulos até o centro da audição, localizado nos lobos temporais do córtex cerebral, produzindo a sensação de som.
Nos peixes, além da linha lateral que acusa vibrações da água e alguns sons emitidos por outros animais, ainda apresentam ouvido interno, o qual está mais relacionado ao equilíbrio do que à audição.
Nos vertebrados terrestres o ouvido possui a capacidade de amplificar os sons. Nos anfíbios, a membrana timpânica ou tímpano amplia o som e transmite as vibrações para o ouvido médio. Nos répteis e nas aves ocorre o mesmo processo que nos anfíbios [11].
A diferença está mais na parte externa, pois os répteis [12] e as aves já apresentam um pavilhão auditivo externo rudimentar e o tímpano fica em uma depressão da cabeça: o ouvido médio.
O ser humano pode ter sua audição prejudicada devido o excesso de som. Ruídos com níveis superiores a 50 decibéis podem provocar lesões auditivas em algumas pessoas.
Muitos sons do nosso cotidiano ultrapassam a média de 50 decibéis e a exposição contínua a tais ambientes pode trazer impactos. Áreas predominantemente industriais, centro de cidade (comércio) e algumas zonas urbanas apresentam uma média de 55 a 70 decibéis.
Em locais com barulhos acima de 70 decibéis, o organismo fica sujeito a estresse degenerativo, aumentando os riscos de infarto, zumbido, dores de cabeça, alterações do sono, taquicardia, nervosismo, ansiedade e até mesmo a diminuição da resistência imunológica.
A surdez pode ser ocasionada por excesso de barulho, uso de medicamentos (principalmente antibióticos) ou por fatores genéticos.
A perda auditiva parcial ou total pode acontecer devido algum problema em uma das três partes da orelha, no entanto, a completa perda auditiva normalmente ocorre em consequência de lesão na cóclea, localizada na orelha interna.
Pacientes que são surdos devem procurar auxílio médico e fazerem uso de aparelhos auditivos ou, nos casos de surdez total, o implante coclear (ouvido biônico).
» RUI, Laura Rita; STEFFANI, Maria Helena. Física: Som e audição humana. Simpósio Nacional de Ensino de Física (17.: 2007 jan. 29/fev. 02: São Luís, MA).[Anais]. São Luis: SBF, 2007.
» DO CARMO, Lívia Ismália Carneiro. Efeitos do ruído ambiental no organismo humano e suas manifestações auditivas. Monografia de conclusão do Curso de Especialização em Audiologia Clínica. Goiânia, 1999.
» INGOLD, Tim. Pare, olhe, escute! Visão, audição e movimento humano. Ponto Urbe. Revista do núcleo de antropologia urbana da USP, n. 3, 2008.
» FERNANDES, João Candido. Acústica e ruídos. Bauru: Unesp, v. 102, 2002.