Ele chegou a ser preso e torturado em 1969. Um ano depois, ele foi exilado para a Argélia, logo depois do sequestro do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, no Rio de Janeiro. Em seguida, ele foi para Cuba.
Não se sabe ao certo quando ele voltou para o Brasil clandestinamente. O certo é que em 11 de dezembro de 1971, ele foi encontrado morto dentro de um carro com um tiro, após supostamente trocar tiros com os órgãos de segurança.
Estudava economia na PUC, a Pontifícia Universidade Católica. Ele era do movimento estudantil. Antes de desaparecer, Cilon revelou para sua família que estava sendo perseguido pela repressão política.
Durante seu período de militância, ele participou de movimento de guerrilha na região próxima ao rio Araguaia, que fica distribuída pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará.
Sua participação no episódio conhecido como ‘Osvaldão’ onde foi assassinado o primeiro militar pelos guerrilheiros ainda é uma suspeita. E, provavelmente, foi isso que ceifou a sua vida. Cilon Cunha Brum estava preso em um acampamento no meio do mato, em Xambioá, em Tocantins. Relatos da Comissão da Verdade dizem que ele desapareceu em fevereiro de 1974.
José Wilson Lessa Sabbag morreu aos 26 anos. Ele era estudante de Direito da PUC, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Por conta da sua militância estudantil, ele foi preso durante o 30º Congresso da UNE, quando passou 2 meses na cadeia. Ao sair de lá, ele não voltou para a universidade, nem para o seu antigo emprego, por medo da perseguição.
Ele atuava como guerrilheiro e militante da Ação Libertadora Nacional, quando em 3 de setembro de 1969, ele foi fuzilado pelo Dops, o Departamento de Ordem Política e Social, e Cenimar, o Centro de Informações da Marinha.
Veja também: Golpe de 1964 [2]
O ato de violência aconteceu, pois José Wilson Lessa Sabbag tentou fugir da abordagem policial, por isso, foi morto.
Luiz Almeida Araújo desapareceu aos 28 anos. Nascido no estado do Alagoas, no Nordeste, ele se mudou para a capital paulista aos 14 anos. Já muito jovem atuava no movimento estudantil e aos 21 anos veio sua primeira prisão.
Em 1966, tornou-se estudante de sociologia na PUC, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ele chegou a viajar para o Chile e Cuba, consideradas as escolas para a militância. Ele também exercia atividades culturais e escrevia peças até se juntar de vez à luta armada com a ALN.
Em 24 de junho de 1971, Luiz Almeida Araújo estava no carro pela Avenida Angélica em São Paulo e foi sequestrado. Depois disso, o militante nunca mais foi visto e é considerado oficialmente como morto pela repressão militar.
Aos 26 anos, Maria Augusta Thomaz desapareceu. A jovem estudava no Instituto Sedes Sapientiae em São Paulo e foi indiciada e presa por participar no 30º congresso da UNE em Ibiúna, que ocorreu clandestinamente em 1968.
Seu namorado à época José Wilson Lessa Sabbag foi assassinato pela ditadura militar e, depois disso, Augusta passou a viver escondida. Chegou a ir para Cuba participar de treinamento de guerrilhas. Ao voltar clandestinamente para o Brasil, ela integrou a Molipo, o Movimento de Libertação Popular, no estado de Goiás.
Relatos dão conta de que a mulher foi morta em uma fazenda entre as cidades de Rio Verde e Jataí em 1973. Mas até hoje seu corpo nunca foi encontrado.
É difícil mensurar o número de pessoas que foram torturadas nos anos de chumbo brasileiro. No entanto, a Comissão da Verdade estima que 200 mil pessoas foram perseguidas durante a ditadura militar. Incluídos nesse número estão os presos políticos, os profissionais demitidos e também torturados.
Durante os anos de 1964 a 1985, o Brasil viveu um período macabro da história nacional. Os anos da ditadura militar deixaram milhares de pessoas marcadas, tanto fisicamente quanto psicologicamente. E por mais doloroso que seja é preciso lembrar dessa época para que os erros do passado não mais aconteçam.
Veja também: O que é e como funciona a intervenção militar [3]
Os estudantes mortos durante a ditadura não podem ser esquecidos. Eles são a memória viva da luta pela democracia que vivemos hoje.