O massacre aconteceu no início de 2017, em 14 de janeiro. Uma rebelião iniciou-se no final da tarde e teve início quando alguns presos do pavilhão 5 invadiram o 4. O resultado foram 26 mortes. O conflito ficou marcado pelos atos extremos de violência com ataques a pedras, ferro e paus.
Antes do episódio fatídico, o clima já era tenso dentro da penitenciária por conta da presença das duas facções rivais que, inclusive, já foram aliadas um dia: PCC e o Sindicato do Crime. E a situação se agravou ainda mais quando o Governo do estado decidiu transferir alguns membros do Sindicato do Crime para outros presídios.
A decisão foi polêmica, pois os serviços de inteligência artificiais, sabendo do clima nada amistoso do local, já haviam aconselhado a gestão estadual a transferir presos do PCC e não do Sindicato do Crime.
A iniciativa equivocada, deixou o caminho livre para o massacre, sobretudo, porque a ação de realocar os criminosos do Sindicato do Crime acabou deixando o número de detentos equivalentes.
Antes disso, o maior número de integrantes do Sindicado do Crime impedia um conflito entre as facções, pois o PCC estava em número bem reduzido em relação ao Sindicato. Porém, ao transferir 220 detentos desse último, deixou os grupos com tamanho semelhante e mais aptos a se enfrentarem.
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Os episódios ocorridos dentro do presídio de Alcaçuz também afetaram o clima nas ruas. Logo que os 220 presídios do Sindicato do Crime foram transferidos para outras penitenciárias, uma série de ataques começou a ocorrer na cidade de Natal.
Durante alguns dias, 21 carros foram incendiados na capital, Natal. E outro presídio estadual localizado na cidade de Cairó também respondeu aos conflitos assassinando um presidiário. Os familiares do detentos de Alcaçuz também brigaram entre si e aumentou ainda mais a tensão fora do cárcere.
Embora, a população carcerária esteja de fora da preocupação da maior parte das pessoas que formam o país, o massacre na penitenciária de Alcaçuz chamou bastante a atenção.
Principalmente pelos atos de violência. Para você ter uma ideia do estrago, o Instituto Técnico-Científico de Polícia, o Itep, teve que alugar um contêiner frigorífico para armazenar os corpos de Alcaçuz. Ao todo, foram 26 mortos, dezenas de feriados e pavilhões destruídos.
Depois da retomada pelas autoridades do controle da situação, foram realizadas revistas nos pavilhões onde foram encontrados drogas, um revólver, celulares e mais de 500 facas artesanais. Foram retiradas 50 caçambas de entulhos da unidade, resultado da destruição causada pelo motim.
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Depois que a situação do Presídio de Alcaçuz atingiu níveis alarmantes com dezenas de mortes, o Governo Federal resolver intervir na situação enviando para o estado do Rio Grande do Norte 63 agentes federais.
O objetivo dos homens da Força Nacional foi realizar serviços de guarda, vigilância e custódia dos presos. Eles pertencem ao grupo FTIP, a Força-tarefa de Intervenção Penitenciária, e são agentes penitenciários federais, ligados ao Departamento Nacional Penitenciário (Depen).
Parte desse grupo veio de Brasília e outra dos estados do Rio de Janeiro e do vizinho Ceará.
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Depois de todo o tumulto promovido pelos detentos, algumas ações foram promovidas para restaurar o que foi destruído durante o motim.
A Operação Phoenix no Presídio de Alcaçuz se deu no âmbito de transferir os presos para outros pavilhões a fim de fazer uma reforma nos locais de origem.
Mais de 100 agentes federais foram envolvidos no processo que inicialmente reformou os pavilhões 2 e 3. Já os pavilhões 4 e 5 que foram totalmente afetados pelo massacre que vitimou 26 detentos não foram reformulados.
As mudanças mais significativas nos espaços reformados priorizaram a segurança. O piso ganhou mais concreto, passarelas de metal também foram inseridas, cortinas de segurança foram colocadas nas celas e uma guarita também foi construída.
Depois da reforma do Presídio de Alcaçuz, os pavilhões 2 e 3 ganharam seu próprio espaço para que os detentos encontrem com seus advogados, sala para atendimento médico e uma sala para visita íntima. Além disso, todas as tomadas elétricas foram retiradas do local, uma vez que os eletrônicos foram proibidos.