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Células procariontes

Nesse artigo você vai saber como acontece a reprodução e nutrição das células procariontes. Veja também quando elas surgiram, exemplos desse tipo de célula e se elas transmitem doenças para os seres humanos. Confira tudo isso a seguir!

Acredita-se que os primeiros seres vivos eram unicelulares, ou seja, apresentavam o corpo formado por uma única célula. Essa célula seria estrutural e funcionalmente muito simples, formada por membrana plasmática delimitando o citoplasma, no qual estaria presente uma molécula de DNA em uma região denominada nucleoide. Células assim organizadas são denominadas procariontes e os organismos que as representam são denominados procariontes ou procariotos.

Procarionte vem de proto = primeiro, primitivo; karyon = núcleo, ou seja, células simples que não possuem um núcleo diferenciado. Como regra, as células procarióticas apresentam parede celular, que é uma estrutura externa à membrana plasmática. Atualmente, os organismos procariontes mais conhecidos são as bactérias e as cianobactérias. As células procarióticas são conhecidas por serem organismos celulares bastante simples.

Estrutura célula procarionte

Imagem da estrutura de um organismo procarionte

O surgimento dos primeiros procariontes

Ainda não se tem certeza sobre quando surgiram os primeiros seres vivos. Os cientistas têm encontrado indícios de vida em rochas que datam 4,1 bilhões de anos e esses indícios baseiam-se em formas do carbono que representam a atividade metabólica de seres vivos.

O registro fóssil mais antigo de um ser vivo que se conhece até hoje data de cerca de 3,5 bilhões de anos. Seres como esses foram encontrados em estruturas chamadas estromatólitos (do grego strôma = cama; líthos = rocha). No sul da África e no oeste da Austrália há estromatólitos fósseis e também recentes.

No Brasil, há estromatólitos fósseis no estado do Rio de Janeiro, na Lagoa Salgada (município de Campos) e na Lagoa Pernambuco (município de Araruama) e também estromatólitos em sítios arqueológicos de certos locais do interior da Bahia e de Minas Gerais, onde antes havia mar.

Os estromatólitos fósseis de 3,5 bilhões de anos parecem ser de procariontes fotossintetizantes produtores de gás oxigênio. Se isso for verdade, é muito provável que a vida tenha surgido muito antes, possivelmente há 4 bilhões de anos, ou seja, somente 500 milhões de anos após a formação da Terra! Isso porque se supõe que seres fotossintetizantes não tenham sido as primeiras formas de vida em nosso planeta, já que não havia gás oxigênio na atmosfera primitiva.

Veja também: Diferenciação celular

Os primeiros fotossintetizantes

A quantidade de oxigênio formada inicialmente pelos primeiros fotossintetizantes não era suficiente para que ele se acumulasse na atmosfera. O gás oxigênio é bastante reativo e, à medida que ia sendo formado, reagia com muitos elementos, como por exemplo, o ferro.

Com a proliferação dos seres fotossintetizantes, maior quantidade de oxigênio começou a ser produzida. Assim, apesar de continuar reagindo com outros elementos como faz até os dias de hoje, foi possível o acúmulo de gás oxigênio livre no ambiente.

Dados da presença de gás oxigênio na atmosfera têm sido obtidos da análise de rochas com minerais que reagem com esse gás. Um exemplo é o ferro, que oxidado forma hematita, originando depósitos avermelhados em rochas que constituem os chamados leitos vermelhos. Esses depósitos não são encontrados em rochas mais antigas que 2,3 bilhões de anos, o que indica que somente após esse período o gás oxigênio passou a ocorrer em maior abundância no meio.

Montanha de rochas sedimentares

Rochas sedimentares que constituem os chamados leitos vermelhos, ricas em ferro oxidado (Foto: depositphotos)

Logo no início do processo em que o oxigênio começou a se acumular no ambiente, esse acúmulo foi responsável por grande mortalidade dos procariontes, únicos seres que viviam na Terra naquela época.

Esse gás, embora fundamental hoje para a manutenção da maior parte da vida que conhecemos, é tóxico para os organismos que não são capazes de metabolizá-lo. Portanto, com o início do acúmulo de oxigênio no ambiente, esses organismos acabaram morrendo ou ficando restritos a ambientes anóxicos (sem gás oxigênio). Os demais organismos que sobreviveram no ambiente cada vez mais rico em oxigênio foram os procariontes que possuíam vias metabólicas capazes de aproveitar esse gás.

Tais vias correspondem ao que hoje sabemos ser a respiração aeróbia, que se tornou o principal processo de quebra de moléculas orgânicas na produção de energia para o metabolismo celular. Com isso, houve grande proliferação de procariontes aeróbicos. O aumento de teor de oxigênio na atmosfera, aliado ao surgimento da respiração, contribuiu para o surgimento e a evolução de outros grupos de seres vivos: inicialmente os unicelulares eucariontes e depois, os multicelulares eucariontes, como as plantas e os animais.

Veja também: Organelas celulares

Nutrição e reprodução dos procariontes

Alguns procariontes realizam a fotossíntese e outros a quimiossíntese. Na fotossíntese a fonte de energia é a luz do sol, e na quimiossíntese são alguns compostos químicos. Os fotossintetizantes captam a energia solar por meio da clorofila conhecida como bacterioclorofila. Nesse processo não há  liberação de oxigênio, pois o fornecedor  de hidrogênio não é a água e sim, substâncias simples como o gás sulfídrico (h2S).

Algumas bactérias são quimiossintetizantes e são chamadas de nitrobactérias. Essas bactérias utilizam a energia química proveniente da oxidação de compostos inorgânicos presentes no solo, para produzir compostos orgânicos. Elas são essenciais para o meio ambiente e para os seres vivos, incluindo o ser humano. Este grupo de bactérias realizam um importante papel na reciclagem do nitrogênio em nosso planeta. Contudo, a maioria dos procariontes são heterotróficos por absorção, alimentando-se da decomposição da matéria orgânica ou parasitando seres vivos.

A reprodução dos procariontes é do tipo assexuada que ocorre por fissão binária (bipartição, cissiparidade), um processo de divisão celular. Esse processo é bem rápido. O DNA dessas células é organizado em apenas um cromossoma circular dentro do citoplasma. O processo de reprodução começa com a replicação do cromossoma.

O novo cromossoma se liga à membrana plasmática e ambos cromossomas migram para as extremidades opostas da célula. A membrana plasmática no meio da célula cresce para o interior, fechando a célula e criando assim, dois compartimentos com material genético próprio. A célula sofre “fissão” (rompimento) no centro, formando duas novas células-filhas.

O poder da reprodução das bactérias é tão rápido que, em questão de horas e em condições favoráveis, uma única bactéria pode dar origem a milhões de bactérias idênticas a que lhe deu origem. A fissão binária ocorre nos procariontes sem envolver a mitose!

Veja também: Respiração celular

Fissão Binária

Esquema de reprodução assexuada por fissão binária de um procarionte

Os procariontes transmitem doenças?

Alguns procariontes podem ser transmissores de doenças para os seres humanos. As principais doenças transmitidas são: tuberculose, hanseníase, sífilis, difteria, coqueluche, meningite, cólera, leptospirose, botulismo, tétano e entre outras.

Referências

» FERNANDES, Luciano Felício et al. Cianobactérias e cianotoxinas. Gestão integrada de mananciais de abastecimento eutrofizados, p. 369-388, 2005.

» MARIN, Victor Augustus et al. Fixação biológica de nitrogênio: bactérias fixadoras de nitrogênio de importância para a agricultura tropical. 1999.

» IHA, Cíntia; SENA, Fernando. A Origem do Cloroplasto e a Evolução dos Eucariontes Fotossintetizantes. BOTÂNICA NO INVERNO, p. 110.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.